02 | Aquele com Sirius Black

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— Isso é muito injusto — Rony disse pelo que parecia ser a décima quinta vez só naquele dia.

— Não sei por que você fica falando isso. Você sabe muito bem que se quiser viajar com quem quer que seja o papai e a mamãe vão deixar.

Rony optou por resmungar ao invés de responder. É claro que era verdade que se ele quisesse ir poderia, mas a questão é que ele não iria. Logo, se sentia no direito de reclamar porque a sua irmã mais nova estava indo para as Ilhas Capri. Mas, como era óbvio pra todos, principalmente para Gina, ele só reclamava porque não queria que ela saísse de casa para um lugar longe com sua melhor amiga, que apesar de legal, era meio destrambelhada. Estava com ciúmes, simples assim.

— Deixa ele, Gina. Assim que você voltar viva ele vai esquecer que ficou bravo. Só tenha juízo, ok? — Hermione falou.

— E por acaso já houve algum dia em que eu não tive?

Hermione se limitou a arquear a sobrancelha esquerda e encarar a amiga. Para ela era muito claro que diversas vezes Gina tinha deixado o juízo de lado. A começar pela época em que ela e Michael estavam juntos: Mione a viu fugindo da Grifinória várias noites, depois do horário permitido, para se encontrar com o quase–namorado em algum corredor vazio e fazer sabe–se lá o quê. E ela também tinha certeza que quando Gina e Isabelle se juntavam uma das últimas coisas que elas se lembravam de colocar na cabeça era juízo.

Seu pensamento foi cortado por uma loira linda que veio correndo na direção deles.

— Gi! — ela gritou ao abraçar a amiga.

Isabelle parecia, se é que era possível, ainda mais bonita que da última vez que elas tinham se visto. Em seus olhos também havia um brilho a mais, como se alguma coisa tivesse acontecido naquele ano escolar que fez com que ela tivesse se tornado mais... madura.

— E vocês! — Isabelle cumprimentou o resto das pessoas — Como foi o ano? E o Roniquinho te deu muito trabalho, Mione? Não sei como você suporta essa coisa laranja — ela disse brincando.

Rony fez uma careta e reclamou, e Hermione riu.

— Eu admito que toma muito da minha paciência e que é preciso muito amor...

— Ei! — Rony protestou — É de mim que você está falando!

Todos riram e deram petelecos em Rony. Foram andando até o carro, onde seus pais os esperavam, conversando e rindo. Como os pais de Harry não eram mais vivos — mas isso é história para outra hora — o seu padrinho, Sirius Black, era quem estava lá.

Gina soltou um suspiro baixo de preocupação ao ver Sirius. Ele e Isabelle tinham tido uma "coisa" nas férias passadas, e não pareciam muito dispostos a evitar que acontecesse de novo. Claro que Gina não culpava cem por cento a amiga, ele era mesmo um pedaço inteiro e bem chamativo de mau caminho. 

Aliás, ele era quase um bilhete premiado de acesso instantâneo ao inferno. 

Alto, cabelo preto um pouco comprido e bagunçado, olhos azuis e aquele tipo de barriga que faz você recorrer à piada clichê "lugar de mulher é no tanque". Para piorar, Sirius tinha aquela voz rouca e um jeito de olhar para as mulheres que quase fazia com que elas abaixassem as calças.

Gina, que conhecia Harry desde os dez anos de idade, já tinha se acostumado ao Sirius como um tio. Um tio descolado, legal e gato, mas um tio. Já Isabelle, que tinha entrado na vida de Gina há apenas três anos e tinha conhecido o Sirius há menos tempo ainda, não o via de maneira alguma da mesma forma.

Lembrava–se perfeitamente de quando e como aquela coisa entre Sirius e Isabelle tinha começado. Ele nunca esteve muito disposto a resistir às mulheres, galinha do jeito que era, e Isabelle também não parecia nem um pouco disposta a parar de caçar sarna para coçar naquele território em particular. Ele sabia que ela era, pelo menos, uns vinte anos mais nova que ele, mas Isabelle não tinha cara de criança, muito menos jeito.

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