94| pov

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- April -

Finalmente, eu tinha chegado à casa dos da Magcon e não podia estar mais cansada. As minhas pernas doem e sinto os pés dormentes do tanto que caminhei até aqui. Deus amado, não vejo a hora de tirar a carta.

Carrego na campainha escutando o ruido feito do lado de dentro e espero que alguma dessas almas idiotas me venha abrir a porta. Mas como eles para além de idiotas sofrem de uma preguiça nunca antes vista eu continuo a tocar sem parar.

"Eu juro que se não for um bando de stripperes lá fora, eu mato quem seja." Ouço a voz do Nash resmungar e logo ele abre a porta dando comigo.

Desta vez ele está vestido e deveras mais apresentável. "Tu não me vais matar, Nasho, não irias conseguir dormir à noite se o fizesses. E mesmo que tentasses, eu ia assombrar-te pro resto da vida."

Ele arregala os olhos, assustado fazendo-me rir com a sua reação. Céus, ele acreditou? "Caralho, April, não brinques com essas coisas das assombrações."

"Oh, a criança vai fazer xixi nas calças é?" Eu rio apertando-lhe as bochechas ao passar para entrar. O Nash bufa aborrecido e finalmente bate com a porta, fechando-a.

Os meus olhos estranham ao ver a sala vazia num silêncio completo. Admito que estou desabituada a ver esta casa em condições normais, é como se não fosse a mesma. "Não tem ninguém aqui?"

"Tem." O Nash responde atirando-se para cima do sofá. "Lá em cima."

Está a passar um filme qualquer de terror e pelo que me parece é o 'Exorcista', não admira que ele estivesse todo cagado quando lhe falei em assombrações.

"A noite da pizza foi ontem, estás enganada nos dias." Ele fala sem me encarar.

"Não vim aqui por causa disso" Sento-me no sofá ao seu lado estudando a televisão com uma daqueles cenas de gritos e sangue que me lembram o quanto eu detesto terror. Desvio o olhar. "O quê? Já não posso matar saudades do meu querido ursinho Grier?"

Ele, então, encara-me com uma cara suspeita de testa enrugada. "Quem é que tu mataste, April?"

Reviro os olhos, suspirando. Mentir não é o meu forte infelizmente e quem beneficia mais com isso é a minha mãe.

O Nash ajeita-se no sofá, cruzando as pernas e colocando-se de frente para mim. "Anda, começa a falar."

"A Chels obrigou-me a vir aqui para falarmos dela, ela quer saber a tua opinião à cerca da pessoa que ela é porque gosta de ti. E nem venhas com essa do 'não sou âncora pra ficar preso a alguém' porque já não cola." Eu estalo. "Nash, tu tens dezanove anos e nenhum juízo dentro dessa pedra dura que é a tua cabeça."

"A minha cabeça não é a única coisa que é dura em mim." Ele goza com um sorriso malicioso.

"Percebes o que digo?" Aponto e ele ergue as sobrancelhas fazendo-se desentendo quando ambos sabemos que ele está cem por cento de acordo. "Tu precisas de alguém a sério, essa tua idiotice já chateia."

"Estás a dizer que sou chato?" Ele pergunta e eu tenho vontade de lhe arrancar a cabeça e a desfazer em pedacinhos.

"Podes, ao menos, prestar atenção?"

"Eu ouvi, April, ao contrário do que parece eu ainda retenho coisas. Não todas, mas algumas." Finalmente, -eu penso para mim levantando a cabeça para encarar os seus olhos azuis de novo. "Com que então a Chelsea ficou apanhada pelo o garanhão aqui?"

Eu rio. "Não te aches. Ela gosta de ti à séculos mas tu és muito cego, sabes?"

"Cego?" Ele finge-se ofendido. "Minha querida, eu tenho três olhos. Dois tu vês e o outro suspeitas onde fica. Eu sei quando uma miúda está com fetiches em mim."

Social life | Matt EspinosaOnde histórias criam vida. Descubra agora