@hatezona: Querem saber a verdadeira história da April Violet? A rapariga cuja 90% da internet admira, 9% tem ciúmes e os outros 1%, na qual eu me insiro, detestam? Eu vou-vos contar a verdadeira história dela, porque eu sei de tudo.
Acompanhei tudo de perto, eu estava a ver-la quando ela não fazia ideia de que estava a ser observada. Quando ela achava estar em paz e sossego, eu estava lá. Eu tinha sete anos e odiava-a, e porquê? Porque ela era simplesmente perfeita e nem dava por isso. Ela tinha tudo o que eu queria, uma família, bom aspeto, os olhos verdes que os rapazes veneravam, a confiança em si, as boas notas, tudo.
Todas as noites a April deitava-se com um sorriso na cara, no entanto eu tinha insônias e vivia a ouvir os meus pais discutirem. Eu tinha ciúmes sim, podia ser possessivo também mas era a única coisa para a qual eu vivia, a cada dia eu deseja ver-la destruir-se.
No entanto, entrou este rapaz para a nossa turma. Ele tinha uns olhos azuis cativantes e era lindo, eu gostava dele. Mais do que esperava. Eu podia jurar ter esquecido o desejo que tinha por me vingar da April e da sua vida perfeita, eu acreditei que de alguma forma podia ter a minha vida perfeita como ela tinha. E no dia em que eu pensava que finalmente ele iria falar comigo passei a pior vergonha de toda a minha vida. Eu estava lá sorridente a acenar-lhe e a morrer de nervos, ele viu-me (eu acho) e estava cada vez mais próximo, e no segundo em que eu pensei ser o momento certo ele passou reto por mim, sem dizer absolutamente nada. Ele ignorou-me. Pior que isso, ele foi ter com a April na minha frente, ele beijou-a e sorriu-lhe, e isso tudo fez-me lembrar da raiva que eu tinha por ela.
Como podia ser justo ela ter tudo e eu nada? Ela nem sequer devia saber quem eu era, mas eu sabia bem quem ela era. Eu vivia na casa ao lado da dela, eu andava na mesma turma que ela, eu era a que me sentava na última fileira e não era notada.
Até que um dia a vida perfeita da April acabou-se. Para sempre. O irmão dela suicidou-se, o pai deixou-a e tudo o que lhe restou foi a mãe. Possivelmente, deve-se ter sentido obrigada a não abandonar-la para ela não ficar sozinha. Mas como se não fosse tudo, a própria April mudou. Ela deixou o cor de rosa de parte e dedicou-se ao preto, ela não andava com ninguém e tornou-se solitária. Eu sabia que ela sofria porque via os cortes nos seus pulsos ocultados pelas pulseiras que ela usava para tentar esconder, eu vi com os meus próprios olhos ela ficar mais magra de dia para dia, a April faladora foi-se e se esta nova April dissesse uma palavra num dia era muito. As suas notas fabulosas tornaram-se testes em branco e eu realmente estava contente por ver aquilo tudo, ela estava tão ou pior que eu.
Eu sentia por uma vez felicidade por saber que não era a única sofredora neste mundo, por saber que para além de mim havia mais alguém a quem a vida não fora justa. E eu estava feliz.
Ninguém soube o motivo por que o irmão dela se suicidou, talvez por não a aguentar mais, não sei. Também nunca cheguei a saber o motivo pelo qual o pai dela deixou a casa e nunca mais lá apareceu, mas a verdade é que a vida perfeita acabou-se de uma vez.
Tudo estava bem até a April dar uma de forte e um ano depois tentar-se recuperar. Ela começou a frequentar psicólogos e a comer mais, fez alguns amigos na escola e conversava com eles todos os intervalos. E eu odiei isso porque vi que era eu a fraca e não ela, eu odiei-a por ela estar a fazer o que eu nunca consegui.
E ela serviu de exemplo para mim durante uns dias. Eu finalmente ganhei coragem para falar com a minha mãe e conversei com ela. Os olhos dela estavam dilatados e eu podia ver as suas costelas sobressaidas na pele. Eu sabia que as drogas a andaram a destruir e pedi-lhe para parar. Eu realmente queria que ela o fize-se mas ela só riu de mim. E bateu-me, bateu-me por me achar inútil e a mínima coragem que eu tinha foi-se.
Enquanto que April Violet recuperava o seu estatuto na nossa escola, eu vi-a a conseguir-lo. Eu era a única que a observava com raiva encostada a uns cacifos e fazia figas para que todos se lembrassem do que lhe tinha acontecido. Mas não. Parecia que todos nem ligavam para isso, mas eu sim e esse era um dos meus trunfos.
Então peguei nisso e imprimi-lo. Sim, eu fiz um monte de papéis a dizer o quão inútil e estúpida ela era, eu disse que a única razão pela qual o irmão dela se atirou da ponte era ela, ela era a culpada por tudo o que lhe tinha acontecido, mesmo que eu soubesse que não eu queria ver-la sofrer, em frente a todos. Eu até tinha programado gravar um vídeo com ela chorar e publicar na net.
Então, eu espalhei todos esses panfletos pelas paredes da escola e esperei até o dia seguinte. Pela primeira vez, fui para a escola com um sorriso já a adivinhar o que me aguardava, o pátio estava vazio quando cheguei e fui encontrar todos lá dentro em monte. Eu ri só de pensar em todos os insultos que ela devia estar a ouvir nesse momento, mas quando pôde ver o que realmente estava a acontecer fiquei chocada. Todos estavam do lado dela a apoiar-la enquanto ela chorava que nem uma louca e dava sorrisinhos em agradecimento. Não havia ninguém a gozar com ela, pelo contrário.
Como é que ela conseguia? Como é que ela conseguia arrancar o bem de cada pessoa? Eu também queria ser assim, eu queria ser notada.
No último ano daquela escola, a April falou comigo. Estávamos no refeitório e estava a normal confusão instalada. Eu já tinha a minha bandeja na mão e caminhava para uma das mesas do canto como de costume, até que alguém passou por mim a correr e derrubou toda a minha comida no chão. Eu fiquei irritada, tão irritada que podia sentir fumo sair pelas minhas orelhas. E foi então que a April chegou, ela olhou-me com pena e sorriu. Eu fiquei estática a observa-la a apanhar a minha comida e dar-ma depois, eu senti os seus olhos verdes nos meus por segundos certamente à espera que eu lhe agradece-se ou simplesmente dissesse algo. Mas eu não disse, não conseguia. Em vez disso, tirei-lhe o prato da mão à bruta e fui-me embora.
Mais uma vez odiava-a. Não era possível depois de tudo o que ela tinha passado ser tão querida assim, podia? Ela estava a mesma April que antes e eu não podia fazer nada quanto a isso. Apenas ficar no meu canto e rezar para que algo drástico lhe voltasse a acontecer. Já aconteceu uma vez porque não uma segunda?
E então eu vi o momento perfeito. Agora que ela estava a ganhar fama à conta daquele Matt Espinosa porque não contar tudo às pessoas que a seguem? Porque não mostrar que a April Violet não é tão perfeita como parece ser?
Eu espero que isto te destrua April, espero mesmo. Tu podes ainda não te lembrar de quem eu sou, nem precisas, recorda-te de mim como a pessoa que te lixou a vida na tua melhor fase. Beijos.
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@fodatoda: Não sei se rio ou se choro
@emmaqt: É preciso ter muita lata vir para aqui e escrever a história de uma pessoa que não te diz respeito, não está no teu direito fazer isto.
@hayesquerido2: A April não merece que lhe façam uma coisa destas.
@yasminolp: Que ela era cabra eu sabia, mas a este ponto meu deus.
@tyaiul: Mano qual o interesse em fazer isto?
@westyu: Se eu fosse este haterzinho de merda também deixava o meu user anônimo para não ter ninguém a bater-me à porta com uma arma apontada à testa.
@mattespinosa: ...
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demasiada informação ou muita informação?xx Buhh
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Social life | Matt Espinosa
Fanfictiononde april e matt se conhecem pelas redes sociais. ❇ ▫ @whoismattcho fanfiction, 2017 | cover by @bela_sweetsz ▫ ❇