52| pov

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- April -

Fecho a porta do apartamento devagar, tentando fazer o mínimo de barulho. Descalço as sapatilhas dos meus pés completamente gélidos e pouso-as na entrada. O meu cérebro ainda está a funcionar demasiado rápido depois do dia maravilhoso que passei com os da Magcon e as raparigas.

Caminho pelo corredores silenciosamente e abro uma das portas que encontro. A minha mãe já está a dormir, tem os cabelos espalhadoss pelo travesseiro, os braços agarrados à almofada que antes fora do meu pai e todo o corpo esticado pelo colchão.

É óbvio que ela sente a falta dele, eu também sinto.

Decido não a acordar, visto que os últimos dias têm sido uma confusão e eu sei que ela está cansada. Entro para o meu quarto em segundos e sinto-me estranha ao ver tudo aquilo de novo. A última vez que aqui estive agarrei-me aos cobertores da cama e chorei por dias como se fosse a única coisa que soubesse fazer.

E agora, cá estou eu de novo a sorrir com uma nova energia muito melhor que a passada.

Estar com o Matt tem me feito bem. Aliás, conhecer-lo foi das melhores coisas. Eu acho que finalmente me posso ver livre de todos os fardos do passado e deixar-los onde eles devem estar; no passado.

É claro que não me vou esquecer de nada, mas ao menos passo seguir com a minha vida coisa que não fiz nos 5 anos que se passaram. Nem o Brandon nem o meu pai vão voltar, eu apenas tenho de aceitar-lo mesmo que custe infernos eu tenho de o fazer.

Rapidamente troco as minhas roupas casuais por uns calções curtos e uma camisola de alças. Penteio os meus cabelos num rabo de cavalo e sento-me na cama sem sono. Há demasiada coisa na minha cabeça para eu conseguir dormir agora.

Quer dizer, eu não paro se pensar em tudo o que aconteceu hoje. O dia pode ter começado da pior maneira, comigo aqui a chorar e a dar-me por culpada da confusão toda que a minha vida se tornou, mas melhorou e tudo graças ao Matt. Ele tem sido incansável comigo, ele não desiste de mim seja qual for a merda em que eu me meter ou já estiver metida. A verdade é que eu gosto de como ele me faz sentir, como se a temperatura subisse e eu estive de repente dentro de um vulcão, sei lá.

Ele pode ser o maior idiota do mundo, pode ir preso, roubar um banco ou o que quer que for, eu não vou parar de olhar para ele com um sorriso. Porque isso é tudo o que ele quer de mim e demostrou-o hoje, quando me obrigou a desabafar com ele e mesmo que eu não tenha dito muito ele ouviu-me. Ele ouviu-me sem me interromper e abraçou-me no final.

Sem dar conta, os meus dedos já procuram o seu nome pela lista de contactos.

"Hey." Ele atende.

"Desculpa." Murmuro, estendendo o telemóvel à minha frente para ele me conseguir ver. "Acordei-te?"

"Não, eu..." Ele enruga a testa olhando ao seu redor. "Estava apenas a fazer os trabalhos de casa?"

Eu rio. "Idiota, não sabes mentir."

"Sei sim."

"Não, tu não sabes." Falo séria. "Desde quando Matt Espinosa estuda?"

"Desde que está prestes a reprovar a química." Ele mostra um livro na câmara e eu fico um pouco chocada.

"E é isso gente, o mundo ta a rodar pro lado errado hoje." Digo e ele ri.

Matt puxa os seus fios de cabelo por entre os dedos longos, e fala. "É acaso ou houve motivo pra me estares a ligar às 4 da manhã?"

"Hm," Eu penso. "Senti tua falta."

"April, estivemos juntos à meia hora." Ele lembra com um revirar de olhos.

"E então? Sou carente." Sorrio fofa e ele dá uma gargalha. Merda, eu estou a derreter por dentro, tenho o meu infinito crush sem camisola totalmente despenteado na tela do meu teclado, podia ser melhor? Podia, ele mexe-se e é o verdadeiro.

"Tudo bem, se for pra ver uma gaja boa com roupas curtas e sem suteã, eu não vou nem reclamar." Ele diz descontraído.

"O quê? Como é que sabes essa coisa do suteã?" Eu confiro o tecido da minha camisola apenas para garantir que não se nota absolutamente nada.

"Diz-me, estás a usar alguma coisa por baixo?" Pergunta e eu nego. "Foi o que eu previ."

"Desculpa aí, vidente." Ironizo.

Eu distraiu-me fixando os meus olhos numa barra de chocolate em cima da minha secretária. Nem me lembro de a ter trazido para aqui, só sei que foi um desperdício não a ter comido logo. Enfim, como-a agora mesmo.

"O Nash faz anos amanhã." Ele lembra e eu volto a encarar o ecrã onde o vejo escrever qualquer coisa no caderno.

"Boa." Soou indiferente. "Já se sabe de que sexo ele é?"

O Matt ri, mais preguiçoso agora. "Não, só se sabe que é louco por sexo não importa a espécie."

"Então, ele é bi?" Trinco um pedaço da minha barra, mastigando-a.

"Eu não diria bi." Ele coça a nuca. "Ele só é um estranho de merda que vai com tudo o que dá à costa."

"Verdade." Digo-lhe. "A que horas é a festa?"

"Te pego às 9h." Ele continua a escrever.

"Me pege a noite toda se Deus quiser."

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quero chamadas dessas :/

xx Buhh

Social life | Matt EspinosaOnde histórias criam vida. Descubra agora