132| pov

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- April -

As minhas pálpebras mostravam resistência enquanto eu as tentava abrir desesperadamente.

Eu começava a captar algumas vozes à minha volta, mas não as distinguia. Elas pareciam distantes de mim.

"Ela vai acordar?" Alguém perguntou, um tom familiar.

"Há sempre reviravoltas." Um suspiro. "Não lhe posso dar certezas, infelizmente."

Tento mexer-me, no entanto os meus músculos não sedem. É como se estivessem demasiado duros para o fazer.

"Eu tenho de ir, há outros pacientes a precisar de mim." Pacientes? Eu estou num hospital? "Com licença." A voz é fina e suave, provavelmente uma mulher.

Ouço o som da porta a bater e tudo o que se segue é um silencio incomodante. Mas eu sei que há alguém aqui, posso sentir a sua respiração.

"April..." É um sussuro, ainda que baixo eu consigo ouvir-lo. "Eu sei que as coisas nos últimos tempos não têm corrido bem e eu sou um idiota se achar que posso mudar o que já está feito." Matt. Eu reconheço-o. É o Matt. Deus, ele está mesmo aqui. Por mim.  "Mas eu soube... Da primeira vez que te vi no ecrã do estúpido telemóvel do Dallas, eu soube que tu ias ter um impacto explosivo na minha vida. Só não imagina que fosse deste tamanho." Sinto a minha mão ser pegada pela dele, cuidadosamente. "Eu tive medo, April, eu admito. Eu tive medo de não ser o suficiente para ti, tu eras boa demais. E eu não queria atrasar a tua vida. Uma rapariga como tu não tem de perder tempo com alguém como eu." Ele funga, está a chorar... "Eu sou um merdas, sabes? Sou porque não fui capaz de assumir responsabilidades, em vez disso fiz-te sofrer. Eu realmente gostei da Claire, mas isso são águas passadas. Perder a Claire é tão insignificante para mim comparado a perder-te."

Continuo a tentar abrir os olhos, inutilmente. Embora eu queira acordar o meu corpo não corresponde. Odeio a sensação de estar presa em mim mesma, é sufocante.

"Eu não sei os motivos que te levaram a fazer aquilo." Ele continua a falar depois de um tempo. A minha testa enruga-se levemente. "Mas eu quero percebe-los." Há pequenas coisas dentro de mim que me começam a corresponder. "Eu sei que te cortas-te por minha causa... Isto dos comprimidos... Também foi por minha causa?" Ele pensa que e-eu me tentei suicidar? "Tu tens noção do quão perigosos aqueles calmantes eram? Eles podiam matar-te, April, de vez. E mesmo que quisesses fazer aquilo contigo, não o faças comigo, porque eu não ia suportar viver sem ti."

Por fim, consigo unir forças para lhe devolver o aperto na mão. Ainda que a minha força seja fraca, eu consegui estimular alguns músculos o que significa que é uma questão de tempo até ter completo controlo sobre mim mesma.

"April?" Ele notou, sei disso. "April?" O seu corpo aproxima-se mais, sinto-o tocar na minha testa e correr o dedo até à minha bochecha, acariciando-a. "Hey... Estás a ouvir-me?"

Aperto os olhos. Eu tenho de os conseguir abrir. Só Deus sabe o quanto quero fazer isso.

Não tenho noção nenhuma do tempo que se passou desde o episódio na casa de banho. Lembro-me de ter desmaiado e de tudo ter ficado escuro. Mais nada, até agora.

"Calma," Murmura. "Eu estou aqui."

As minhas pestanas sobem devagar e eu sou acolhida pela luz forte do ambiente obrigando-me a descer-las novamente. Volto a tentar abrir os olhos e a imagem da cara do Matt aparece desfocada na minha frente.

"Hey." Ele sorri. Sinto-o afastar uma mexa de cabelo para trás da minha orelha. "Bem-vida de volta."

Eu franzo a testa passando o olhar pelo quarto de hospital. A minha visão torna-se mais nítida e eu observo todas aquelas maquinas em volta de mim, há fios a saírem pelas minhas veias.

"O q-quê que eu faço aqui?" A minha voz sai rouca, provavelmente por não a utilizar à algum tempo.

A língua dele desliza pelos seus lábios antes de me responder. "Esperava que me pudesses dizer isso."

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AHHHH ELA ACORDOU !!

xx Buhh

Social life | Matt EspinosaOnde histórias criam vida. Descubra agora