Capítulo 17

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Eu nunca havia subido os degraus das escadarias que davam para o primeiro andar da faculdade tão rápido como naquele dia.

— Desculpe! — Eu falei, constrangida, quando esbarrei numa garota e derrubei seus livros. — Desculpe!

Quando eu finalmente cheguei ao início das escadas que davam para o camarote do Salão Nobre, meu coração parecia que sairia pela boca a qualquer momento. Eu precisei apoiar as mãos nos meus joelhos para descansar por alguns segundos. Enquanto esperava meu fôlego voltar, eu fiz uma nota mental para me matricular numa academia e começar a fazer exercícios o quanto antes.

— Ei, você não pode entrar aí. — Um funcionário da limpeza, que havia começado a varrer o corredor, falou ao me avistar. — O telhado está fechado.

— Eu sei. — Eu falei, fazendo cara de desentendida. — Eu só ia subir até o camarote para olhar o Salão Nobre. Só isso.

— Vocês alunos acham que a gente nasceu ontem, né? — O funcionário estreitou os olhos para mim.

— Senhor, eu juro que eu tenho algo muito importante para resolver lá em cima. É uma questão de vida ou morte.

— Você vai se jogar de lá? — O homem arregalou os olhos.

— Não! — Eu exclamei.

Ele cruzou os braços, esperando uma justificativa melhor da minha parte.

— É que o cara mais especial desse mundo está lá em cima agora, completamente magoado comigo. Eu preciso encontrá-lo e falar que fiz a maior besteira do mundo quando eu o afastei de mim e...

— Tudo bem, tudo bem. — O homem descruzou os braços. — Eu vou limpar o corredor do outro lado do Salão Nobre e espero que, quando eu der as costas, você não faça nenhuma besteira como subir essas escadas, ok?

— Claro que não. — Eu sorri e concordei com a cabeça.

— Esses adolescentes... — O homem falou baixinho, balançando a cabeça negativamente enquanto recolhia os materiais de limpeza.

— Obrigada! — Eu falei alto quando ele finalmente deu as costas para mim.

Impacientemente, eu subi mais aquele lance de escadas de dois em dois degraus até chegar nos camarotes do Salão Nobre e dar de cara com a tal porta para o terraço interditado. Quando eu estava prestes a empurrá-la, a memória de Caio falando dos boatos de que o lugar estava infestado de morcegos me veio à mente. De todos os lugares bonitos daquela faculdade, Miguel tinha que ter escolhido o mais bizarro para se refugiar?

— Você vai ficar me devendo essa. — Eu falei baixinho.

Ao empurrar a porta, um corredor estreito e escuro, que dava para mais um lance de escadas, revelou-se. Lá no topo, havia uma portinha que mais parecia uma janela grande.

— Aaah! — Eu dei um grito fino quando escutei o barulho de asas batendo. — Droga, droga, droga.

Reunindo toda a coragem que eu possuía, eu subi as escadas correndo, tentando proteger o pescoço durante minha trajetória. Aqueles morcegos nem deveriam se alimentar de sangue nem nada, mas não custava se prevenir, né? A última coisa de que eu precisava agora era me transformar numa vampira ou algo do tipo. Ha ha. Ok, essa foi péssima.

Ao chegar ao topo, eu tive que me abaixar para conseguir passar pela portinha que dava para o telhado. Quando eu finalmente pus os pés dentro do tal terraço, eu vi que Miguel estava de costas para mim, apoiado numa mureta.

Agora, vendo a paisagem para a qual o telhado dava, eu entendi o porquê de Miguel gostar de vir aqui. Dava para ver praticamente todo o centro da cidade dali.

Quando eu caí na netOnde histórias criam vida. Descubra agora