Capítulo 7

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Quando o relógio marcou 13:30 do domingo, eu já estava completamente pronta. Vocês devem estar imaginando que eu estava toda arrumada, maquiada e de salto alto, né? Bem, se você substituir a maquiagem por protetor solar, a roupa bonita por uma camisa e short de malhar, o penteado fofo por um rabo de cavalo e o salto alto pelo meu velho par de tênis, eu até diria que eu estava toda arrumada sim.

De início, eu havia achado a sugestão de Miguel de fazermos um passeio de bike pela cidade um tanto estranha, mas, com o passar dos dias e com os comentários positivos que eu escutava sobre esse passeio, a ideia foi me agradando cada vez mais.

Quando finalmente o dia chegou, eu não me sentia desconfortável como em todos os outros encontros que já tivera na vida. "Isso não é um encontro!", eu me corrigi automaticamente. São apenas duas pessoas fazendo uma programação singela num domingo qualquer com o único intuito de ajudar uma delas a conhecer um pouco mais dessa cidade e... Papai Noel existe.

— Por que eu não posso ir? — Nandinho perguntou pela milésima vez.

— Porque sua prima vai sair com os amigos da idade dela. — Fátima explicou.

— Eu levo você na próxima, Nandinho. — Eu baguncei seus cabelos, mas meu priminho não perdeu a expressão de contrariedade do rosto.

— Já devem ser seus amigos, Bruna. — Minha tia falou quando escutamos a campainha tocar.

— Sim! — Eu me empertiguei toda.

— Vamos, Nandinho, você tem que tomar um banho agora.

Eu esperei minha tia sumir pelo corredor para sair do canto.

— Olá! — Eu o cumprimentei assim que abri a porta.

— Olá!

Miguel, da mesma forma que eu, vestia roupas esportivas e estava preparado para se proteger do sol: uma camisa de manga comprida azul escura daquelas com fator de proteção solar e um boné branco. E, ainda assim, ele conseguia continuar atraente.

— Preparada? — Ele me entregou um capacete rosa todo decorado com adesivos infantis, bem como cotoveleiras e joelheiras.

E eu pensando que não tinha como eu ficar mais desarrumada para sair com um garoto.

— São da minha irmã. — Ele explicou. — Ela esqueceu aqui da última vez que veio me visitar. Como eu não coloquei muita fé quando você disse que andava de bicicleta, pensei que era melhor garantir.

— Há Há. Muito engraçado.

— Bruna, você tem 17 anos e ainda não sabe nadar.

— Uuuh. — Eu fiz uma vozinha de zombaria e ergui as palmas da mão. — Falou o diferentão. Nadador profissional. Peixe do aquário. Gabriel Medina!

Miguel deu uma gargalhada gostosa.

— Coloca logo isso, sua implicante. — Ele disse, ainda com um riso brincando na boca.

A poucos metros do nosso prédio, havia uma estação de locação de bicicletas. Miguel liberou duas com um aplicativo no celular e, num piscar de olhos, nós estávamos andando de bicicleta na ciclo-faixa ao lado de um bocado de outros ciclistas. Como era final de semana, o trânsito de Recife estava mais calmo, o que dava uma sensação maior de liberdade.

Algumas das ruas pelas quais nós passamos eu já conhecia por causa do caminho para chegar à FDR, outras era a primeira vez que eu estava vendo. Mas o que mais me encantou no percurso foi quando passamos pelas pontes que cruzavam o Rio Capibaribe. Recife era uma cidade completamente cortada por rios e isso lhe dava um toque todo especial. Não era à toa que os recifenses gostavam de se referir à cidade deles como Veneza Brasileira.

Quando eu caí na netOnde histórias criam vida. Descubra agora