Capítulo 11

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Há quem diga que o tempo sempre vai se passar da mesma forma. Hora por hora, minuto por minuto, segundo por segundo. Mas essa história é uma grande mentira e eu percebi isso quando professor Adroaldo comentou que a prova da primeira unidade de Introdução ao Estudo do Direito seria dali a duas semanas.

Instintivamente, eu abri a agenda do celular para confirmar que havia algum engano. Não era possível que os exames da primeira unidade fossem acontecer dali a tão pouco tempo. O semestre mal havia começado e a gente já estava em maio?!

— Como assim já faz dois meses desde que as aulas da faculdade começaram?! — Eu sussurrei para Maria e Caio.

— Do que você está falando? — Maria sussurrou de volta para mim.

— A prova da primeira unidade já é agora! — Eu falei como se fosse óbvio.

— Sim. — Caio franziu a testa. — E a entrega dos fichamentos nessa próxima quarta-feira... Depois de amanhã.

— O quê?! — Eu exclamei, chamando a atenção do resto da sala.

— Alguma coisa que você quer compartilhar com o resto da sala, Srta. Bruna? — Professor Adroaldo me perguntou, olhando para mim por cima dos seus óculos com um ar reprovador.

— Não, professor. Desculpe. — Eu respondi, enquanto corrigia a postura.

Professor Adroaldo mal havia recomeçado a falar quando meu celular vibrou. Era Maria e, pela cara que ela fez para mim quando peguei meu celular, eu já sabia que era alguma brincadeira.

"Alguém está tão apaixonada que não viu o tempo passar! :x"

Eu ri baixinho e, depois de guardar o celular na bolsa, tentei me concentrar no que professor Adroaldo dizia, mas, em pouco tempo, meus olhos já haviam focado em outro ponto da sala. Maria estava certa. Os últimos meses haviam passado como num piscar de olhos e o motivo daquilo estava sentado a algumas carteiras de onde eu estava.

Miguel e eu não estávamos namorando oficialmente nem nada, pouquíssima gente da faculdade sabia da nossa história. Ele havia contado apenas para Rodrigo e, eu, para Maria e Caio, e todos haviam prometido guardar nosso segredo. Miguel não se importava tanto com isso, mas eu preferia assim. Não queria que ninguém ficasse fofocando sobre minha vida por eu estar namorando meu monitor.

Parecendo ler meus pensamentos, Miguel tirou os olhos do professor e voltou-se para mim. Ao perceber que eu o observava, ele imediatamente me olhou de forma reprovadora porque eu não estava prestando atenção à aula, mas o meio sorriso em seu rosto o contradizia.

Sabia que ele adorava me pegar desprevenida enquanto eu o espiava lá de cima do anfiteatro. Em pouco tempo, eu e Miguel havíamos entrado numa espécie de sincronia. Só pelas nossas expressões corporais nós já conseguíamos saber quando algo agradava ou incomodava o outro.

Rapidamente, os melhores momentos dos meus dias se tornaram aqueles em que nós estávamos juntos, seja durante a semana, escondidos pelos corredores menos movimentados da FDR, ou nos finais de semana, quando Miguel sempre fazia questão de me levar para conhecer lugares diferentes em Recife.

Era engraçado pensar naquilo, mas a coisa que eu mais amava em Miguel era como ele me dava... paz. Sim, paz. Talvez esse não devesse ser o sentimento mais usual para descrever um romance normal. Mas eu também não era uma garota normal. Não mais pelo menos. Tudo o que queria era poder ficar deitada no peito de Miguel, escutando os batimentos do seu coração enquanto ele tirava um cochilo preguiçoso na grama de um dos tantos parques que a gente já havia visitado.

Quando eu caí na netOnde histórias criam vida. Descubra agora