Ela morreu?
Desço do carro e procuro de forma desesperada a chave de casa. Encontro a mesma no fundo da bolsa e enfio na maçaneta destrancando a porta da frente. Meus olhos estão sutilmente arregalados de pânico. Jogo a bolsa na poltrona e as chaves na mesinha. Olho por todos os lados e não vejo ninguém, a não ser pelo barulho na cozinha e o cheiro de café.
— Lia? — Chamo-a. O desespero é notável em minha voz. — Cadê você?
Sigo até a cozinha e me deparo com a imagem dela de costas com fones de ouvido batendo uma omelete. Exalo o ar que guardei, meu coração voltou a bater aliviado com sua imagem inteira e intacta preparando o café da manhã.
— Lia? — Chamo mais alto e ela parece escutar se virando e tirando-os do ouvido.
— Ué. — Ela riu. — Já chegou? Achei que você fosse aparecer só a noite.
— É... Eu cheguei.
— Aliás, já que você está aqui. Que ligação foi aquela?
— Onde ele está? — Devolvi outra pergunta.
— Eu o deixei no meu quarto. A princípio vou dormir no seu hoje. Tenho certeza que irá fazer plantão. Sempre que tem um novo caso de homicídio você tem crise de insônia.— Ela está dando muita informação para minha cabeça. Como assim ele vai ficar aqui?
— Então ele realmente está aqui em casa?
— Sim. — Ela riu despreocupada.
— Ele... Ele é mesmo irmão do Tom?
— Isso é um interrogatório detetive? — Ela disse em um tom brincalhão e jogou os ovos batidos na frigideira.
— Por favor, me responda Lia. — Supliquei.
— Sim. Mas que mal há nisso? Eles são irmãos, não a mesma pessoa Mady. Eu sei que você se preocupa comigo, mas...
— Eu ainda tinha uma pontada de esperança. — A cortei com a voz monótona. Puxei meus fios, na altura dos ombros, para trás com os dedos. Uma mania que adquiri quando estou frustrada.
— Nossa... Não seja tão paranoica.
— Lia. É... É grave.
— Falando assim até parece que ele matou alguém. — Ela brincou, mas para mim teve um fundo de verdade.
— Ele não. Mas...
— O que há?
— Por favor. Só... Só se afaste dele. — Pedi.
— Por quê? Meu Deus você está me assustando.
— É confidencial. Eu não posso te dizer.
— Madeleine! — Ela me repreendeu.— Tudo que me envolve de certa forma não é confidencial e restrito só a você e ao seu distrito policial. Você não confia em mim? Você já me contou o nome de várias pessoas que hoje estão na cadeia quando eles ainda estavam sendo investigados. —Respirei fundo e olhei para o teto. Eu não posso ceder, eu não devo contar a ela. — Mady... Não faz assim. Tem algo... Isso tem algo com esse assassinato? — Olhei para mesma e acho que meus olhos me denunciaram. — Oh, não.
— Lia... Pelo amor de Deus se eu te contar você vai se afastar dele?
— Eu não sei! Antes eu preciso saber. Eu não posso simplesmente enxotá-lo da nossa casa. Eu sei que ela é sua e da Ariah também, mas... Ele me parece inofensivo.
— O Tom...
— O que tem ele?
— Ele era o amante da mulher que foi assassinada. — Seu rosto ficou levemente pálido e seu corpo ficou quase estático. Senti um cheiro de queimado e de imediato olhei para a panela, corri para desligar o fogo, mas já era tarde. A pobre omelete está queimada.
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Butterfly - Monsta X
FanfictionSinuoso, ele é como uma nuvem negra. Uma fumaça que se dizima antes mesmo que eu o toque. Arredio e cheio de mistérios somente ele é capaz de trazer tantos desencontros a minha vida. Desde pequena um único medo me assola. Não do escuro, ou do bicho...