Black Danger
Tudo parece muito luxuoso para minha realidade. O piso é de mármore, ilustrado com formas geométricas negras. Os móveis são antigos, de madeira cara e escura. As paredes, que na maioria estavam forradas por um papel de parede em tom bordo, continham alguns quadros. Flores brancas estão espalhadas por corredores e salas, lustres exagerados estão pendurados por toda a grande casa.
Minhas, se é que posso chamar de expectativas, para esse lugar foram frustradas. Todo esse luxo de elite não tem nada em comum com o que eu estava imaginando em minha mente. Não vi drogas, prostituição, nem nada do gênero. Continuo acompanhando os passos de Hyunwoo em silêncio, constrangida com algo que não sei explicar. As paredes já ecoavam um ritmo constante. Era reconhecível a batida eletrônica. Saímos em um salão moderno, com luzes brancas, azuis e arroxeadas se alternando hora ou outra. O DJ era um jovem alto, magro, de cabelos castanhos, usava uma jaqueta de couro escura e parecia alegre ao ver seus espectadores irem à loucura com a música.
Assenti para Kimmy e ela foi em direção à pista de dança como combinado. Hyunwoo continuou em frente e saímos em outro corredor, voltamos para a parte vitoriana agora. Ao seu final ele subiu uma escada. Aqui parecia realmente uma casa, porém com tantos corredores, creio que é quase um labirinto e ao invés de encontrar o Libélula encontrarei o Minotauro em algum deles. Hyunwoo parou e deu dois toques em uma porta. O chão era forrado por um tapete, provavelmente árabe, com arabescos dourados. Ele abriu a mesma e disse algo que não pude compreender, o som chegou abafado aos meus ouvidos, abriu um pouco mais me dando passagem para o ambiente.
Adentrei duvidosa. Um jovem com rosto cheio como uma criança sorria para mim, seu rosto continha covinhas simpáticas, mas afeição não é meu objetivo aqui. O jovem de cabelo azulado sorriu se levantando do divã onde estava confortavelmente sentado e saiu da sala. O ambiente era escuro como uma noite sem lua. O de cabelos platinados e sorriso convidativo se levantou e indicou para que eu sentasse. Em cima de uma lareira, no canto esquerdo da sala, uma libélula estava perfeitamente pintada, como em um quadro antigo, emoldurada e fixada à parede. Escutei a porta ser encostada e Hyunwoo se sentou na outra poltrona ao meu lado.
— Como vai Jooheon?
— Bem, e você men? Pensei que não fosse mais me visitar irmão. — Eles deram um toque com as mãos como velhos conhecidos de gueto fazem. — Sua casa sente falta de você. — Hyunwoo riu despreocupado me causando curiosidade. Casa?
— O trabalho. Você sabe... — Ele pareceu casual.
— Você não precisa disso. — Jooheon disse em tom esbanjador.
— Nem você — Hyunwoo agora não parecia só sombrio, ele transbordava luxúria. — Mas voltando ao assunto, essa é Madeleine Jones de quem lhe falei. — Ele falou de mim?
— Oh, sim — Ele voltou um sorriso sincero para mim. Ele é sempre alegre dessa forma?
— Madeleine — Meu nome era suave em sua pronúncia. — Esse é o Libélula. — Hyunwoo apontou para Jooheon. — Vou... — Ele parecia confuso agora — Vou deixar vocês a sós. — Ele se levantou perdido em seus pensamentos e saiu.
O jovem simpático, de aparência juvenil e gracioso como uma criança não poderia ser a quem eu procurava. Por meros instantes minhas indagações sumiram e me faltaram palavras para começar uma conversa. Ele não era o que eu esperava um homem com cara de mal, talvez, mas alguém tão adorável assim era totalmente fora das minhas expectativas. Limpei a garganta e estendi minha mão esperando um aperto.
— Prazer em conhecê-lo.
— O prazer é meu. — Ao invés de aperta-la, Jooheon virou minha palma para baixo e tocou os lábios como os cavalheiros antigos faziam. Não imaginava tal ato e senti minhas orelhas aquecidas pela vergonha, por sorte estão bem escondidas atrás dos fios de cabelo. Puxei minha mão delicadamente juntando ambas sobre o meu colo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Butterfly - Monsta X
FanfictionSinuoso, ele é como uma nuvem negra. Uma fumaça que se dizima antes mesmo que eu o toque. Arredio e cheio de mistérios somente ele é capaz de trazer tantos desencontros a minha vida. Desde pequena um único medo me assola. Não do escuro, ou do bicho...