Sinto-me sufocado, tudo está escuro, tenho certeza que eu não escapei, a dor em meu pescoço me ajuda a lembrar o que aconteceu. Estou sendo levado a algum lugar, não posso enxergar, pois tem algo que está cobrindo minha cabeça, um pano ou algo do tipo. Sinto o sol queimar minha pele, forte e imponente como o deserto que nos circunda e vai até o além do horizonte, eu sinto um cheiro asqueroso, que vem acompanhado de uma voz familiar:
— Raio de Sol, você será a alegria da Legião nessa manhã gloriosa. O Grande Otelo espera que você saiba a importância de carregar a marca em seu peito... — eu conhecia Otelo, Nak era peixe pequeno, apenas seu cachorrinho, o grande general por sua vez, conhecido como Otelo, O Leão era assim chamado por seu comportamento sádico, pois estripava suas vítimas covardemente enquanto seus guerreiros se deleitavam com a carnificina de suas técnicas de tortura. Otelo, sorrindo, encontrava-se em uma cadeira de metal, cheia de espinhos, acima dos demais, em um altar feito de ossos e alguns corpos recentemente empilhados em sua homenagem, uma visão visceral do poder e loucura do Soberano da Guerra.
Estávamos em algo que parecia as ruínas de uma Fábrica, rodeados por escombros e portões de metal, a luminosidade do dia ofusca minha visão, pelas minhas contas eu passei 3 dias preso naquele lugar infernal, eu tinha minha chance de tentar escapar dali, mas duvido que possa fazer isso sozinho. A cima de minha cabeça estava o Grande Sol, muito maior e mais forte do que os antigos contam, vaporizando cada gota de suor de minha pele. Eu observo a Legião, homens e mulheres dementes que dedicam suas vidas e corpos as batalhas dos Soberanos da Guerra, seja por prazer ou glória, a fim de subir em uma escalada a um monte imaginário de riquezas. A maioria encontrava-se alucinada pelas drogas feitas nos laboratórios da Estação Leste, algo que Otelo obrigava a todos os Legionários inalar, uma mistura insana de produtos químicos conhecida como Spartacus, que deixava seus subordinados ainda mais forte e violentos, ao pequeno custo de suas mentes, o que era ainda mais vantajoso ao Soberano, visto que mantê-los alienados ao que acontecia a sua volta os tornava ainda mais suscetíveis a suas ordens.
O urro daqueles animais, babando e gritando a minha volta se interrompe subitamente quando Otelo levanta-se de seu trono:
— Legião! — gritou ele, enquanto exibia sua bastilha, uma espingarda calibre 12, de cano serrado, o símbolo de sua força e virilidade — hoje este Rato da Areia, pagará pelo crime de mexer no que é meu! — mais gritos e exaltações em nome de Otelo — Sim, minhas abominações, esse verme pensou que poderia nos roubar, ele queria minhas balas! O idiota queria roubar a mim, o Grande Otelo, Soberano da Guerra! — o frenesi despertou-se de maneira geral na plateia odiosa que agora desejava com afinco ver meu corpo dilacerado fazer parte da pilha de outros tantos — Por isso, hoje teremos uma batalha, como de costume, se o desafiante sobreviver ganhará o direito de ser atirado na Vastidão com a vantagem de 3 dias, para que eu possa caçá-lo e estripá-lo como animal moribundo que é, ele carregará minha marca e será perseguido por todos os legionários — fez uma pausa dramática para acenar a todos — Pela honra de Xavier que comece a Batalha da Arena! - naquele momento fui empurrado para dentro da arena, onde armas improvisadas e pedaços de membros de outros lutadores, ornamentavam o local.
Rapidamente busquei abrigo me arrastando para trás de uma pilha de escombros, uma das portas se abriu vagarosamente com o ranger da ferrugem que encrostava suas paredes, 3 guerreiros legionários armados com lanças e bastões com pregos pisaram na areia fervente da arena.
Eu vou precisar mais do que sorte para sair vivo daqui.
Preciso de uma estratégia. Rápido.
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SANGRANDO POEIRA
Ficção Científica1° LUGAR - No Concurso SELLERS em FICÇÃO CIENTÍFICA 5° LUGAR - No Concurso SAKURA em FICCÃO CIENTÍFICA "Tudo e todos se dirigem para o mesmo fim: Tudo vem do pó e tudo ao pó retorna" - Eclesiastes 3:20 *** Em mundo devastado pela Guerra do Cata...