Um mês se passou desde a Pandemia que ficou conhecida como Praga Hidrofóbica, a doença se espalhou rapidamente, matando uma grande parcela da população mundial "A PRAGA! Mais contagiosa que o Vírus Ebola!" eram o que diziam nos cabeçalhos dos jornais amarelados de abril, quando o surto ainda estava começando. Agora são apenas panfletos e panfletos voando pelas ruas vazias das cidades, quase não há pessoas, as lojas e casas estão desertas, os sobreviventes estão sendo mantidos em áreas diferentes do estado, as pessoas que tiveram contato com enfermos, ficam em uma zona de quarentena durante 48 horas, se estivessem vivas, eram liberadas.
O Exército está no comando de tudo. Eu e Katy estamos em um dos alojamentos, juntos por enquanto, desde o que aconteceu ao nosso pai, eu não consigo olhar direito para minha irmã. Tivemos sorte de sermos encontrados nas primeiras semanas, muitas pessoas morriam a nossa frente, e as pessoas que estavam viva começaram a saquear postos de gasolina, lojas e mercados, foi horrível. Fomos a casa de nossa tia, porém ela já estava... como as outros, completamente "seca" - a doença literalmente secava o infectado, fazendo-o expelir cada gota de líquido em seu corpo por toda via e poro, uma visão desagradável e violenta. Enquanto nos escondíamos no sótão da casa de minha tia, lembrei que fazia muito tempo que nosso pai falava sobre um irmão de mamãe que era major no exército, como espiava pela janela e via o exército passando em pequenos comboios armados e com uma mensagem rodando no megafone dizendo para que todos que estivessem bem se apresentassem a viatura, resolvi pegar minha irmã pelos braços e falar com soldados, por uma coincidência sem tamanho, o pelotão de nosso tio que havia nos encontrado. Nunca havíamos falado com ele, e eu não o conhecia pessoalmente, pois nossa família não possui o hábito de festas ou visitas, mas sabia que ele estava fazendo seu melhor para manter a todos vivos e em bom estado. Lembro-me de dizer ao soldado, um nome, Major Gideon - Laisa Gideon, era o nome de solteira de nossa mãe - lembro de ele falar ao rádio - "Delta Gama, Delta Gama, estamos com a família do General, repetindo, família do General, câmbio."
O lugar em que estávamos era grande, não para comportar o nosso número inicial, antes era uma loja Decathlon, agora barricada e feita de base operacional provisória, há mais de um ano estávamos presos ali dentro, víamos cada vez menos soldados saírem e voltarem com sobreviventes, até que em certo ponto, outras unidades do exército deixaram de vir e fazer check-in para recolher mantimentos ou relatórios. Não tínhamos permissão para sair, éramos "convidados" a ficar onde estávamos e colaborar com as forças armadas. A comida começou a faltar, não tínhamos notícias do lado de fora há um bom tempo, foi então que aconteceu, escutamos um barulho de sirene tocar, ensurdecedor, e os soldados começaram a organizar as pessoas para entrar em caminhões do exército - Eu não soltei as mãos de Katy, e nada me faria soltar.
Não haviam caminhões para todos, era óbvio. Aqueles que conseguiram entrar estavam saindo em comboio, enquanto o caminhão se afastava lentamente estrada adentro, eu pude ver várias pessoas gritando que, o que eles estavam fazendo era assassinato, e que o exército estava deixando eles para morrer naquele lugar. Eu entendi muito tempo depois, que aquilo era verdade.
Dentro do caminhão, eu segurava Katy enquanto ela dormia em meu colo. Haviam umas 10 pessoas, sem contar um pequeno grupo de soldados que estavam na carroceria traseira conosco, os recrutas mal olhavam para nossas caras, semblantes sérios, olhares vazios. Exceto por um, que suava constantemente e a cada lombada ou barulho na estrada ameaçava atirar com o rifle de assalto em suas mãos. Ele olhava para fora do caminhão, para estrada, estava escurecendo, fomos os últimos a sair e por um segundo, pensei em toda aquela gente que havia ficado para trás, o que aconteceria com eles?
— Hey, soldado— disse enquanto tentava puxar assunto com o recruta mais nervoso— O que eram aquelas sirenes tocando? — eu não havia ingressado no exército, em 2010 eu não havia completado a maioridade, e não tinha planos de ser um recruta como eles. O soldado me olhou, parecia que havia visto um fantasma — Vamos sofrer um ataque nuclear! — gritou ele, todos passageiros ficaram atônitos com as palavras que saiam da boca de quem deveria nos tranquilizar. Um dos soldados acerta uma coronhada no recruta desesperado — Soldado! Cale essa boca, ou vou executar você aqui e agora! Essa informação é sigilosa! — continuou a falar— Todos vocês permaneçam calmos, estamos sendo direcionados para outra base, uma que poderá comportar a todos com conforto, por isso peço para ignorarem qualquer informação que não seja dita pela minha pessoa, estamos entendidos? — terminou ele, todos balançamos a cabeça positivamente.
Ataque nuclear, como nossa nação entrou em guerra? O que estava acontecendo? A Doença continuava a matar, por que o governo estava nos deslocando daquela forma?
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SANGRANDO POEIRA
Science Fiction1° LUGAR - No Concurso SELLERS em FICÇÃO CIENTÍFICA 5° LUGAR - No Concurso SAKURA em FICCÃO CIENTÍFICA "Tudo e todos se dirigem para o mesmo fim: Tudo vem do pó e tudo ao pó retorna" - Eclesiastes 3:20 *** Em mundo devastado pela Guerra do Cata...