Segui em direção à ala pediatra. Alguns enfermeiros passaram por mim sorrindo. Respirei fundo tentando ao máximo manter um sorriso no rosto. Caminhei em direção a recepção daquela parte. Havia uma jovem moça sentada atrás do balcão, com o telefone espendurado ao seu ouvido. Escorei-me, observando o que ela falava. Ela enfiou a mão em uma das gavetas, pegando uma prancheta.
- Esses pacientes são os mais importantes de hoje – ela indicou com a caneta. Ela colocou outra prancheta em cima daquela – esses são para dar alto.
- Certo. Obrigado – sorri e recolhi-as.
Folheie os papeis que havia preso ali, observando quais eram os acasos de hoje. Muitas vezes era horrível ficar perto de tantas crianças, algumas estavam mais doentes do que os pais poderiam imaginar, mas era difícil dar a noticia. Parei de frente a uma porta. Levei a mão ao trinco, abrindo-a. Havia uma menina lá dentro, com lindos cabelos castanhos e olhos verdes, assistindo algum desenho animado que passava na televisão.
- Bom dia minha princesa – sorri e coloquei as pranchetas ao lado.
- Me diz que eu já posso ir embora – ela juntou suas mãozinhas, suplicando para mim.
- Adivinha – sorri – vim assinar sua alta.
- Finalmente – ela saiu de sua cama, abraçando-me.
- Agora que você vai sair daqui, nós podemos nos casar – fiquei da sua altura.
- Não podemos não – ela empinou o nariz.
- Por que não Beth? – ela se sentou novamente na sua cama.
- Porque eu escutei as enfermeiras falando que a sua namorada estava internada aqui, e que você estava chorando ao lado da cama dela. Você não pode me trocar por ela, seria feio – Beth fez cara de brava.
- Seria mesmo – sorri e me aproximei dela – venha me visitar, vou adorar passar o dia todo tomando chá com você – dei um beijo na sua testa.
- Venho sim – ela sorriu.
Sai do quarto, observando o sorriso que havia no rosto de sua mãe. Voltei meus olhos para as pranchetas, vendo qual era o próximo. Senti alguém trombar em mim, fazendo-me derrubar as pranchetas no chão.
- Matt, estava te procurando – escutei a voz de Taylor.
- Acabou de me achar – ri – fala – recolhi as pranchetas do chão.
- Eu passei na escola da Hanna, para avisar sobre ela.
- Que bom que você pensou nisso – dei um toque em seu ombro.
- Passei para ver casa – parei no corredor, olhando-o.
- Como assim? Já temos o apartamento – olhei confuso para ele.
- Eu sei mano, porém a Hanna está grávida. Precisamos de uma casa maior, com mais espaço, mais bonita também. Você não acha?
- Passei em vários condomínios para ver se eu achava alguma legal – ele abriu sua pasta, pegando algumas fotos – porém esse condomínio me chamou atenção. Tem até um parquinho nele, um lago. São quatro casas disponíveis. A gente escolhe uma e se muda.
- Tudo bem, à noite te ajudo a escolher então.
- Certo. Vou ir ver a Hanna.
- Uhum – resmunguei e voltei a olhar as fotos.
Guarde-as no meio dos papeis, para depois olhar melhor nelas. Segui em direção ao próximo quarto, porém parei no caminho quando avistei uma pessoa parada na recepção. Caminhei até lá, encontrando Lara, tentando conversar com a recepcionista.
- O que faz aqui? – encare-a.
- Não está vendo, machuquei o pescoço – ela falou com certa dificuldade.
- Aqui é a pediatria, tenho quase certeza que o seu lugar é do outro lado do hospital. No necrotério.
- Credo – ela falou com certo nojo – eu ainda estou viva, e você sabe do que eu sou capaz.
- E você sabe do que eu sou capaz Lara – resmunguei – vá embora.
- Certo – ela deu de ombros – mas eu volto.
- Nem pense nessa ideia.
- Vou ficar na sala de jogos das crianças. Peça pra outro médico assinar isso e dar uma olhada – coloquei a prancheta em cima do balcão – essa filha da puta, acabou com meu dia.
Fui em direção aonde as crianças ficavam. Muitas delas amavam quando eu passava o dia todo ali com elas. Abri a porta, sorrindo para elas. Reparei que faltava pelo menos duas crianças. Respirei fundo, lembrando que elas estavam com câncer, era difícil elas permanecerem ali por muito tempo.
- Tio Matt – um menino veio correndo até mim, pulando em meu colo – olha o desenho que eu fiz – ele indicou uma folha que havia bonequinhos desenhados.
- Eu vou colocar essa obra de arte no meu consultório, para que eu sempre se lembre de você – baguncei seu cabelo.
Coloquei ele no chão novamente e sentei-me ao seu lado. As meninas que estavam ali, veio todas em minha direção, indicando algo que estava na mão delas. Olhando para elas negando com a cabeça.
- Deixa sim – a mais novinha sorriu e indicou um batom.
- Não, não, vocês vão fazer iguais a ultima vez – sorri e fiz cócegas nela – vamos brincar com o lego – indiquei com a cabeça um grande baú atrás delas.
Deixei as crianças brincando lá e sai do quarto. Taylor estava parado do lado de fora do quarto, mexendo em algo em seu celular. Parei do seu lado, estralando os dedos na sua frente.
- Por que está vegetando aqui?
- Estava te esperando.
- Se podia simplesmente entrar – revirei os olhos.
- Eu sei, mas acabei de vir de uma cirurgia, estou cansando.
- Quero essa casa – peguei uma foto e entreguei para ele.
- Também gostei mais dessa – ele sorriu e pegou na sua mão – vou lá fechar o contrato.
- Certo, vou ficar com a Hanna. Até mais tarde.
- Me dê noticias depois.
- Dou sim – sorri e caminhei em direção à ala que ela estava.
Abri a porta calmamente e o silencio ainda reinava naquele quarto. Bufei de raiva. Peguei a poltrona e posicionei ao lado de sua cama. Acariciei sua mão, levando aos meus lábios. Malditas lágrimas, não desçam. Tarde demais, já estavam descendo. Deitei minha cabeça em cima de sua barriga, acariciando seus lindos cabelos loiros.
- Eu te amo – sussurrei – volta pra mim, por favor – resmunguei.
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O melhor amigo do meu irmão.
Fiksi RemajaEla era mimada. Ela gostava de diversão. Ela odiava metade das pessoas a sua volta, Seu mundo desmoronou. Ele tinha um sorriso encantador. Não ficava por ficar. Odiava gente fútil e mimada. Mas se apaixonou por uma. O futuro...