Introdução

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  -Quer dizer que os diurnos a pegaram antes de vocês? -Intonat perguntou para o jovem serviçal a sua frente. 

  -S... Sim, senhor. 

 Ele estava sentado num trono acolchoado negro, no fundo da sala. Seus serviçais o acomodaram numa cobertura extremamente luxuosa em Berlim, espaçosa, com lustres e piscina. Mas aquilo pra ele não importava, os humanos eram muito superficiais. Intonat estralou o pescoço, sentindo repulsa e sua contínua irritação. 

  -Onde, exatamente, eles estão? -Perguntou, sentindo os olhos começarem a queimar. 

  -Em Roma, senhor. Mas já enviei um grupo inteiro pra invadir o lugar. 

  Intonat refletiu, olhando para a vista lá fora, o dia ensolarado, ouvindo o barulho dos carros. Ele sentia nojo da humanidade. Homens matando os seus, mães abandonando seus filhos, pessoas destruindo a natureza, o próprio lar. Mas isso também era algo admirado por ele, o caos que os seres humanos causavam, o sangue que derramavam por um pouco de papel que se diz ter valor. Se eles gostavam de caos, ele traria o caos. 

  -Você sabe onde estão as adagas? 

  -Senhor, a localização das adagas aparecem apenas uma por vez. Ma... mas já descobrimos onde esta a próxima e estamos enviando um pessoal para a busca. 

  -Ótimo. -Ele respirou fundo. -Eu quero cada uma daquelas armas na minha mão, e eu também quero a garota. Ela não pode encontrá-las, entendeu? -O servo fez que sim com a cabeça. -Agora saia. 

 O homem fez uma reverência e saiu da sala, seus passos ecoando pelo comodo levemente vazio. A sala ampla, clara e bem iluminada, continha apenas um sofá cor de escarlate e o trono, duas peças que chamavam atenção em todo o lugar. As paredes que davam pra área da piscina era nada mais do que feita inteira de vidro temperado do chão ao teto. O chão de piso de cerâmica branca tornava tudo ainda mais límpido.

Intonat se levantou de seu trono, vestindo um terno marrom escuro, ajeitando a grava e caminhando até o centro da sala. Com apenas um movimento de sua mão, um altar de mármore se ergueu do chão, quebrando o piso. Sobre o altar, uma bacia de cobre, cheia até a metade de sangue e petróleo. O líquido jazia, imóvel, lançando para Intonat seu próprio reflexo, mas com apenas algumas palavras, seu reflexo se transformou em outra coisa. Na cena, dentro de uma gaiola, uma menina andava de uma lado para o outro, como uma fera enjaulada, segurando a adaga d'água na mão. 

  -Ah, a criança da profecia. -Ele murmurou para si e sorriu. -Você não sabe o que te aguarda. 

As Crônicas dos Daren - Livro II Da Brisa à TempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora