Trágico acidente - Lucas

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Meu coração se apertou quando Amara tombou no chão, fraca. Me abaixei de uma vez, tomando-a pelos braços, tendo muito cuidado com as muitas queimaduras que tinham em seu corpo. Ela se foi, parte de mim sussurrou, mas a outra era teimosa demais para deixa-la partir. 

  -Am, por favor, por favor, não faz isso. -Murmurei, chamando-a. -Mas que droga! Amara, por favor, abre os olhos.

Ethan se abaixou, desesperado, assim como Mia, colocando o dedo no pescoço, procurando por pulso. 

  -Está muito fraca. Precisamos ir, agora! -Ele disse, urgente. 

Comecei a pega-la no colo, sabendo que ela me odiaria mais ainda quando descobrisse. Se ela sobrevivesse pra me odiar. Ethan pegou Mia no colo, que também estava bem fraca, e todos nós seguimos rápido em direção ao carro, que estava a pelo menos três esquinas dali. Era uma eternidade. A garota em meus braços parecia uma boneca de pano em meu colo e meu medo era grande. Minhas pernas praguejavam com o peso extra, juntamente com os passos largos e apressados.

  -Aguenta firme, Am. Por favor, aguenta firme.

Quando finalmente chegamos no carro e eu me sentei no banco de trás, com Amara em meu colo. Sua mãe a olhava, com os olhos marejados e preocupados, mas quando ela me encarava, possuía um "que" de desconfiança. Ethan enfiou o pé no acelerador e nós voamos pelas ruas de Roma, a caminho do hotel.

No curto tempo que passamos no carro, Ethan foi praguejando em todas as línguas possíveis, Mia ficava olhando para trás, para a filha quase morta e eu, egoísta, pensava em como me odiaria pelo resto da vida se Amara morresse nos meus braços, achando que eu era apenas um mentiroso. Eu era um mentiroso, mas não queria que ela morresse achando que eu não passava disso.

Ethan começou a correr pelo quarto, puxando lençóis, pedindo para Mia procurar o kit de primeiros socorros na mochila. Coloquei Amara sobre a cama e seu tio começou a agir, tirando com muito cuidado a blusa de frio do corpo dela. Assim que ele começou a avaliar o situação, meu estômago embrulhou.

Algumas partes da roupa tinham queimado e grudado na pele, como nas costas e no ombro, seus braços estavam cheios de bolhas, das quais muitas tinham estourado, suas mãos estavam na carne viva, sangrando.

  -Droga, droga, droga. -Ouvi Ethan murmurando. -Eu vou precisar de muito soro, tem vasilina na minha bolsa e seringas com morfina. Lucas, tem uma farmácia aqui na frente, compre dois soros grandes. Vamos precisar.

Depois que Ethan tinha tudo nas mãos, começou a jogar soro fisiológico nas partes onde a roupa havia colado, puxando devagar e eu sentia aflição suficiente para desviar o olhar. Ele ia limpando aos poucos, passando gaze e limpando em volta com iodo, para não haver infecção, mas teve medo de aplicar a morfina, como estava fraca demais, ele tinha medo de ela não voltar.

Numa queimadura especialmente feia, na parte de trás da costela, Am começou a se mexer, seu rosto se contorcendo. Me abaixei, tentando segura-la, mas tinha muito medo de piorar as coisas. Ethan despejou um pouco de soro na queimadura, tentando retirar um pouco do tecido e ela soltou um grito estridente e perturbador. Seus olhos se abriram um pouco, as lágrimas descendo pelo seu rosto. Era horrível.

  -Ela está sentindo muita dor, Ethan. -Falei, exasperado. 

  -Eu sei. -Ele bufou, olhando para seringa e pra sobrinha, receoso. -Pode aplicar a morfina.

Mia me encarou quando fui pegar a seringa, receosa, segurando a caixa de primeiros socorros. Seu rosto estava sujo e as lágrimas já secas tinham marcado o rosto. Seus olhos eram pura preocupação e desespero. Ela olhou para minhas mãos, que tremiam um pouco de ansiedade, e seus olhos ficaram meio duros, sérios. Mia pegou uma das seringas, colocando uma quantidade pequena de morfina, mas não entregou a mim.

As Crônicas dos Daren - Livro II Da Brisa à TempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora