Scarlet

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No dia seguinte, acordo às nove da manhã em ponto. O Jake teve pesadelos outra vez hoje. Sinto-me mal por ele ter tantos pesadelos, mas sei que se tentasse sequer falar sobre isso ele atirava-me um candeeiro à cabeça. Com estes dias, descobri que é extremamente fechado em relação à sua vida pessoal.
Desço as escadas e vejo o meu pai na cozinha a comer uma fatia de pão.
-Bom dia filha! - cumprimenta-me, eu sorrio e começo a preparar uma taça de cereais.
-Olá! - Digo com um sorriso e encho a boca de cereais, para não ter de falar muito.
O meu pai abre a boca para falar, mas é interrompido pelo Jake a entrar na cozinha de rompante sem dirigir palavra a ninguém. Bate com a porta do frigorífico com força ao tirar o leite e eu automaticamente reviro os olhos. Acordou mal disposto, como sempre.
O meu pai sai da cozinha e eu fico sozinha lá com o Jake. Hugh... Desde que nos beijamos que a nossa troca de palavras foi quase inexistente. Tenho imensas saudades do Kevin, ele só chega no final da semana e neste momento, com tudo o que se passou com o Jake, só quero voltar a ver o Kevin.

Depois de tomar duche e me vestir, decidi ir até ao centro comercial comprar alguma roupa. Antes de me calçar, ouço a campainha da porta e desço as escadas para atender. Estaco quando vejo o Kevin do outro lado da porta com um sorriso de orelha a orelha.
-Surpresa! - Diz e eu salto para o seu abraço. Vejo que o Jake está na sala a ver tudo, mas não quero mesmo saber. Tinha imensas saudades do Kevin, e vê-lo aqui é ótimo.
-O que é que fazes aqui? - Pergunto, afastando-me dos seus braços.
-Decidi vir mais cedo para aqui para passar o resto das férias contigo. Contudo vou ter de sair no fim de semana para ir à universidade. - Diz e eu conduzo-o a entrar. O Jake segue cada um dos meus movimentos e do Kevin, revirando os olhos inúmeras vezes. Sento-me no sofá e olho para o Jake como quem diz que se pode ir embora e ele desvia o olhar. Quando o Kevin se senta no sofá, ele sai disparado escadas acima. Só espero que ele não conte nada ao Kevin do nosso beijo.
-Então? - Pergunta o Kevin. Estava tão distraída que nem o ouvi.
-Desculpa, não ouvi.
-Já exploraste a cidade? - Repete e eu sorrio.
-Sim, fui com o Noah, é amigo do Jake. - Digo. Não tenho nada a esconder do Kevin e, em relação ao Noah, não tem de ter ciúmes nenhuns.
-Ah, está bem. O Jake, ele parece simpático. - Diz, nada convencido. Vi como ele olhou ora para os piercings ora para as tatuagens dele, e como ficou perplexo quando o Jake se levantou tão bruscamente ainda há dois minutos.
-Não é simpático. É muito mal educado e está sempre a chatear-me. - é verdade, o que acabei de dizer, mas também é verdade que houve momentos, escassos e curtos momentos em que ele foi realmente uma companhia muito divertida.
O Kevin ri e dá-me um beijo na bochecha.

-Ficas para jantar, Kevin? - Pergunta a Leah enquanto está a acabar de fazer o jantar.
-Sim, se não lhe causar transtorno. - Responde o Kevin.
-Oh, claro que não! Se quiseres, podes ficar a dormir cá em casa, enquanto aqui estás. - Oferece-se a Leah.
-Não obrigado, minha senhora, já tenho um quarto de hotel alugado até sábado. - Informa o Kevin e ajuda-me a pôr a mesa.

Sentamo-nos para jantar, incluindo o Jake, para minha surpresa.
O jantar estava a ser extremamente tenso e constrangedor, mas ainda não tinha descambado completamente, até o Jake se levantar bruscamente, deixar o prato com tal brutalidade que se partiu no lava louça e subir para cima irritado. Lindo!

Depois de comermos, o Kevin despede-se é vai para o hotel. Amanhã vamos os dois ver a cidade juntos, acho que Nova Iorque é uma cidade que se vê bem duas vezes.
Subo escadas acima e bato freneticamente a porta do quarto do Jake.
-Que porra é que se passa contigo? - O Jake está sem t-shirt, só de calções de treino pretos que descaem ligeiramente na cintura, mostrando os boxers pretos dele. As linhas de tinta no torso dele são imensas e fico a contemplar involuntariamente até me lembrar o porquê de ter vindo aqui.
-Que raio foi aquilo no jantar? A sério, não podias ser mal educado noutra altura? O Kevin estava aqui, entrou num avião para me fazer uma surpresa e claro, dá de caras contigo a estragares o jantar. - Disparo. Respiro depois de terminar e o seu olhar é de perplexidade.
-Eu só saí, porque o teu namoradinho estava a bulir-me os nervos! - Vocifera.
-Desculpa? Ele tentou ser simpático contigo e com toda a gente, ao contrário de ti, que nem agradável és. Na verdade, és execrável, mal disposto e não tenho mais paciência para as tuas coisas e... - Ele interrompe os meus insultos e beija-me, puxando a minha cintura com as suas mãos. Ai a minha vida! Sinto o frio do piercing na minha boca e a sua língua move-se com a minha. Sinto um fogo dentro de mim e entro para o quarto dele. As mãos dele deslocam-se entre a minha coluna e as minhas ancas e nunca para de me beijar. Não quero que pare, estou completamente hipnotizada por ele e pelo seu beijo.
-O teu namorado, não está aqui ao lado? - Diz para a minha boca num tom sarcástico.
-Não, foi para o hotel. - Explico e ele pára de me beijar para olhar para mim.
-Espera, ele não vai ficar contigo? - Pergunta e recomeça a beijar-me.
-Não.
-Porquê? Já te fodeu, foi? - Pergunta sem mais e eu fico perplexa ante a sua audácia.
-Não! - quase grito e ele parece perceber alguma coisa dentro da sua cabeça.
-Espera, mas, espera, és virgem? - Exclama e puxa-me para o seu colo, andando até à cama.
-Bem, sim. - respondo e ele só me beija com mais intensidade, as mãos percorrendo a minha barriga por baixo da minha t-shirt.
-Namoras com ele há três anos e ele nunca te comeu? - Mais uma vez, completamente perplexo. Sinto-me algo envergonhada pelo tom dele, não de censura ou de gozo, mas está demasiado chocado. - Ele é gay? - Pergunta, que raio?
-Não! - Exclamo e ele ri-se, deitando-se na cama, levando-me  para o seu colo.
-Meu Deus, o gajo é completamente passado dos cornos. - Diz e tira-me a t-shirt azul que vestia. - Porra.

STAY STRONGOnde histórias criam vida. Descubra agora