Jake

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As duas mulheres cumprimentam-se, mas eu mantenho-me num canto da cozinha. Detesto estar aqui, só me apetece partir a casa toda, não acredito que ela me fez vir a esta porra de jantar.
O meu dador de esperma entra na cozinha e fica obviamente surpreendido por me ver, tenho ignorado as suas chamadas e mensagens desde... sempre.
-Olá, não sabia que vinhas... -  Balbucia o meu pai, meio desconcerto pela minha presença e pela da Scar. -  Acho que não nos conhecemos, sou o Christian. - O idiota estende a mão para a Scar apertar, mas eu ponho-me à sua frente, impedindo-o.
-Sou a Scarlet, prazer. - Sorri, mas mantém-se atrás de mim, felizmente, se ela levantar ondas sei que me vou passar.
Provavelmente porque percebeu o meu estado de espírito, a Scar dá-me a mão para tentar acalmar-me.
-Bem, vamos jantar. - Anuncia a Loris, está a tentar recompor-se por me ver aqui, percebo-o perfeitamente.
Sentamo-nos na mesa impecavelmente posta. Tenho os nervos em franja, só me estou a conter por causa da Scar, mas ao mínimo deslize sei que me vou passar.
Começamos a comer, e claro que  o meu pai tinha que tentar fazer conversa.
-Então, Scarlet, és a filha do George? - Como é que o meu dador de esperma sabe que ela é filha do noivo da minha mãe? Ah pois é, ela decidiu perdoá-lo por todas as merdas que ele já nos fez e agora falam sobre as suas novas famílias. Foda-se.
-Sim, sou. - Responde a Scar, ao mesmo tempo que me dá a mão por baixo da mesa e me tenta acalmar.
-Então, viemos aqui porque tinhas um anunciado muito importante que não podia ser feito por chamada telefónica, qual é? - Disparo grossamente. Não tenho a porra da paciência para estar a fazer conversa de circunstância com o meu pai e a sua nova mulher.
-Tens razão. - O meu pai sorri para a Loris e depois vira-se para mim outra vez. Que merda é esta? - Eu e a Loris vamos ter um bebé. - Anuncia, sem papás na língua. A Scar começa a tossir de espanto e eu cuspo a água para dentro do copo. Foda-se, o quê? Está gente está toda a tentar lixar-me, porra?! Vou até casa da minha mãe, é um casamento, até a casa do meu pai é um bebé meio irmão!
Na aguento mais isto, foda-se! Levanto-me da mesa e vou até ao pátio.
Sento-me na cadeira de madeira e vime, quando ouço a porta de casa a fechar-se e a Scar ao pé de mim.
-Estás bem? - Pergunta, envolvendo as suas mãos com as minhas. Não estou bem, porra, é demasiado ao mesmo tempo.
-Foda-se esta gente está a tentar chatear-me deliberadamente? - Quase grito, ela retrai-se ligeiramente, mas não muda a posição.
-Vai ficar tudo bem, okay? - Sussurra e junta a sua testa à minha. Como é que ela consegue fazer isto, acalmar-e quando estou prestes a rebentar?
-Porra eles vão ter um filho! - Mesmo que ela tente, e esteja a ser sucedida, preciso de estar zangado. Levanto-me de rompante, deixando a Scarlet de cócoras à frente de uma cadeira vazia.
Ando de um lado para o outro no pátio e puxo os cabelos pela raiz com a máxima força. A minha respiração está completamente alterada. Preciso de me abstrair, preciso de beber, tenho a certeza que o meu pai guardou uma garrafa, em recordação dos seus velhos tempos.
Viu até à cozinha e abro as gavetas desesperado pelo ardor familiar do whisky na minha garganta.
Bingo! Encontro uma garrafa já com uma camada de pó por cima na gaveta mais alta da cozinha.
Sinto o olhar do meu pai e da Loris em mim.
-Jake, é melhor não fazeres isso, dá-me a garrafa. - O meu pai estende a mão para lhe passar a garrafa. Acha mesmo que a viu dar?,é que nem pensar foda-se.
Abro a garrafa com um sorriso sarcástico e sigo para a porta do pátio, mas sinto a mão do meu pai no meu braço.
-Vá lá, Jake, dá-me a garrafa. - O meu pai tenta pegar na garrafa, passou-se ou quê?! Dou-lhe um soco na cara antes que ele possa fazer mais alguma coisa. O seu canto da boca começa a sangrar e ele agarra o maxilar com as mãos. Foda-se.
Abro a porta do pátio com um estrondo e vou para o pé da Scar. Dou o primeiro gole e verifico que este é um dos melhores whiskys que já provei. E tenho uma garrafa inteira só para mim.
A Scarlet olha para mim com desapontamento nos olhos, está a irritar-me com'ó caralho.
Ela de repente sai a passo apressado até à porta, mas eh agarro-lhe o braço.
-O que é? Se te queres enfrascar força, mas depois não me venhas pedir desculpa. Eu percebo que estejas chateado, são muitas notícias ao mesmo tempo, mas em vez de te embebedares, que tal falares sobre isso? - Diz num tom um tanto agressivo. Dou mais um gole demorado e vejo-a a revirar os olhos. Quem é que ela pensa que é?
-Não sabes nada, porra! - Grito.
-Não sei nada? Dizes sempre isso, eu percebo que ele vai ser o pai para aquele bebé que tu nunca tiveste, eu percebo Jake. Mas faz um esforço para tentar perceber, não achas que ele merece uma segunda opurtunidade? - Como é que ela consegue pensar assim? Ainda fico na dúvida entre ser um parvalhão ou uma pessoa consciente, mas como cabra o que sou, decido-me por ser um parvalhão.
-Se queres vai embora. - Largo-lhe o braço, que cai ao longo do seu corpo desenhado e observo o olhar dela. Não há censura, há desapontamento e uma pontinha de pena. A Scar fecha os olhos durante uns segundos e depois vida costas, indo-se embora depois de se desculpar ao meu pai. Não queria que ela de fosse embora, nada, mas o meu cérebro não está conectado à minha língua neste momento.
Já que o mal já está feito, começo a beber.

STAY STRONGOnde histórias criam vida. Descubra agora