Scarlet

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Primeiro dia de aulas. Julliard.
Oh meu deus! Eu vou mesmo concretizar o meu sonho.

Visto umas calças de faro de treino largas por cima do uniforme do ballet e uma camisola grossa.
-Então, estás preparada? - Pergunta o Jake quando estamos na cozinha.
-Nem por isso...
-Vai correr tudo bem, não te preocupes. - Conforta o Jake. - De certeza que tens tudo? - Pergunta com sarcasmo, apontando para o enorme saco aos pés da cadeira.
Reviro os olhos e verifico as horas. Sete e meia, tenho de sair. A minha primeira aula começa às nove da manhã, mas ainda tenho de aquecer.

-Amo-te, boa sorte. - O Jake dá-me um beijinho nos lábios antes de seguir para o seu carro.

Quando chego a Julliard respiro fundo antes de entrar e depois sigo para a minha sala. Graças a Deus que tenho a primeira aula como Ballet Clássico.
Entro na sala e já há seis raparigas a aquecer nas barras aparafusadas aos espelhos a todo o comprimento. Tiro as minhas calças de fato de treino e a minha camisola larga. Calço as sabrinas de ballet e sigo para a barra entre duas raparigas.
-Olá, é o teu primeiro ano? - Pergunta uma rapariga alta e magra com um sorriso.
-Sim, e o teu?
-Segundo. Vais adorar, mas vais ficar também esgotada. - Ri e eu rio com ela. - Desculpa, sou a Sophia.
-Scarlet, prazer. - Respondo, devolvendo o sorriso. Parece uma rapariga extremamente simpática, ainda bem que a conheci.
-Estás no curso de ballet ou noutro de dança? - Pergunta a Sophia erguendo as sobrancelhas. - Eu diria que estás em ballet.
-Acertaste. - Rimos, mas somos interrompidas pela entrada de um homem com uns sessenta anos a entrar na sala com uma carranca.
-É o professor Dizic. - Informa a rapariga com quem tenho estado a falar.
-De certeza que ele vai aguentar? Quer dizer ele parece um bocado velho... - Murmuro e ela ri e abana a cabeça.
-Espera para veres.

Quando a aula acaba estou exausta. O professor Dizic é muito mais exigente e enérgico do que pensei, subestimei-o.
-Já cansada? - Ri a Sophia e eu abano a cabeça.

Depois de dança contemporânea, fui almoçar e tive mais algumas aulas. Quando do chego a casa, estou exausta.

Vou há festa hoje há noite com o Jake. O que vou usar? Não faço a mínima ideia. Estou um bocado nervosa, para dizer a verdade, mas não quero que ele deixe de se divertir por minha culpa.
Fico a olhar para o meu armário aberto e mordo o lábio inferior a pensar no que vou usar. Vou até aos confins do meu guarda vestidos e retiro de lá um vestido que a Ali me comprou para ocasiões especiais. Acho que está é uma delas...
Retiro o vestido do cabide e observo-o. Curto, um pouco acima dos joelhos, todo preto e justo, bastante justo.

Depois de tomar banho e passar uma maquilhagem apropriada, um smokey eye e um batom vermelho vivo, ondulo o meu cabelo. Vou buscar o vestido, agora passado a ferro, e visto-o. O tecido fino encaixa no meu corpo como uma luva.

Saio do quarto e desço as escadas, encontrando um Jake embasbacado à porta de casa.
-Estou bem? - Pergunto, apesar da sua expressão dizer tudo.
-Estás linda. - Diz apenas, com a boca ainda semi aberta.
Dirigimos até uma casa de República enorme, completamente cheia. Quando saímos do carro o Jake segura na minha mão com força ao passarmos pelo monte de pessoas bêbadas que ali estão.
Uma rapariga com o cabelo loiro descolorado e uns olhos castanhos enormes puxa-nos para um sofá com o que julgo serem amigos do Jake, pelo seu aspecto. Há mais de mil tatuagens e piercings entre eles. A única pessoa que dali conheço é o Noah... e a Lillian. A rapariga que nos conduziu até lá senta-se no colo de um rapaz de olhos negros e cabelo castanho muito escuro. Quando a vê sorri e noto um piercing na língua. Onde é que eu me fui meter?
-Olá sou a Lisa! - Cumprimenta com um sorriso a rapariga que nos puxou. - Este é o meu namorado, o Tyler. - O rapaz sorri, mas eu percebi a mensagem. Não me meter o com ele. Nem era a minha intenção, por isso olho para ela para a tranquilizar e a sua postura muda logo para muito mais descontraída.
-Scarlet. - Apresento-me e ouço um a um os nomes.
-Sou o Justin, prazer. - Cumprimenta-me um rapaz coberto de tatuagens, o cabelo castanho claro e olhos azuis. Tem uma rapariga no colo bêbada que se esfrega nele sem vergonha. Ele descarta-a com um puxão suave para o lado e ela atira-se para um rapaz na multidão.
-Olá, já nos conhecemos, mas na mesma, Lillian. - Cumprimenta a rapariga que já esteve na minha casa, com o Jake. Só de pensar nisso dá-me arrepios. O Jake puxa-me mais para ele no sofá, envolvendo a sua mão à volta da minha cintura.
-Adam, é bom conhecer-te. - Diz um rapaz com os olhos infectados de sangue, tem o cabelo castanho quase rapado e os olhos castanhos só têm visão para a rapariga sentada no seu colo. Não a regista como o Justin fez.
-Sou a Emily. - Diz uma rapariga de cabelo loiro com madeixas azuis e olhos verdes. É lindíssima.
-Olá. - O Noah levanta-se para me abraçar, mas o Jake prende-me pá cintura com os braços. Olho para ele com um olhar fulminante e ele solta-me, apenas o suficiente para dar um abraço rápido ao Noah.
Todos eles, raparigas, rapazes, têm tantos furos e impressos na pele que é assustador.
A Lillian divertiu-se a mostrar os seus inúmeros piercings. Tem as orelhas completamente furadas, um no umbigo, um no lábio e um na sobrancelha.
Decidi agora que não gosto da Emily. Não me queria dar mal com ninguém, mas ela é uma cabra. A Lillian, mesmo tendo a sua maneira estranha de ser, é simpática.

-Vou buscar qualquer coisa para beber, também queres? - Pergunto ao Jake. Estou sentada no seu colo e tudo o que tem feito na última meia hora é brincar com o meu cabelo.
-Não vais lá sozinha. - Diz de chofre. - Eu vou lá, não saias daqui. É a sério. - Diz é levanta-se. Quando se vai embora tenho pares de olhos postos em mim.

Quinze minutos se passaram, meia hora, quarenta e cinco minutos.
Vou até à cozinha ver se o Jake lá está, dou a volta ao andar de baixo da casa e nada.
Vou até à rua para apanhar uma lufada de ar fresco, sento-me no muro de pedra meio partido e respiro fundo. Não faço a mínima ideia de onde está o Jake. Quando viro a cabeça para o lado vejo o Noah sentado no muro a uns metros de distância a fumar um cigarro. Não o tinha visto ali.
Ele vira-se para mim e sorri, chegando-se um pouco mais perto.
-Estas festas tornam-se uma chatice, não é? - Pergunta, dirigindo o seu olhar para a casa de onde ribomba música e saem inúmeras pessoas.
-Sim. - Respondo. Ele leva mais uma vez o cigarro à boca e expele o fumo de seguida.
-É sempre a mesma merda, já estou um bocado farto. - Suspira, é parece sincero.
-Então porque vens? - Pergunto. Ele encolhe os ombros e não responde.
A noite está abafada, está muito calor, cá fora ou lá dentro. O Noah abana a t-shirt para cima e para baixo, consigo depois decifrar que tem a barriga coberta de ligaduras.
-O que é que aconteceu?
-Tatuagem. - Responde. - Queres ver? - Aceno que sim com a cabeça e ele começa a tirar as ligas adesivas. Fica à mostra uma marioneta de tamanho médio do seu estômago.
-Porquê uma marioneta? - Questiono. Ele encolhe os ombros.
-Somos comandados.
-Por quem?
-Pela sociedade acho eu. Somos marionetas da sociedade. - Responde e fico surpreendida, não estava à espera de uma resposta tão complexa.
-Percebo... - Murmuro, observando a mancha de tinta na pele.
-A sério? Foste a primeira até agora. - Rimos os dois.
-O que porra é que fazem aqui? - Vocifera o Jake. Com o susto, quase que caio do muro, mas consigo segurar-me a uma pedra.
-Estamos a apanhar ar. - Respondo.
-Porque é que não apanham ar separados? - Rosna, lançando um olhar fulminante ao Noah.
-Posso perguntar onde tu estavas? - Ergo as sobrancelhas e ele desvia o olhar.
-Depois conto-te. A sós. - Enfatiza as últimas palavras e o Noah limita-se a sair do muro em direcção à casa. - O que é que fazias com ele?
-Nada. Vim cá fora porque estava à tua espera e tua não aparecias e ele estava aqui. - Encolhido os ombros. - Coincidência.
-Podemos ir embora, esta festa está a ser uma merda. - Pede e eu aquiesço.

Quando estamos quase a sair de casa, uma rapariga baixa morena chega-se ao pé do Jake.
-Ei, não digas nada o que eu falei contigo. - Avisa o Jake descontraidamente.
-Não te preocupes, não sou do tipo que beija e espalha. - Responde a rapariga e aí passo-me. Quer dizer, em vez de estar comigo, foi beijar uma rapariga durante uma hora e meia?
Avanço mais depressa e, ao chegar aí carro pasos-me.
-A sério? Andaste a curtir com aquela rapariga? - Ele franze o sobrolho. - Oh, não te faças desentendido. '' Não sou do tipo beija e espalha''. A sério, Jake?
-Que merda? Eu não estive com aquela rapariga! - Grita.
-A sério, não é o que parece. - Protesto.
-A primeira coisa que te ocorre é mesmo essa? - Rosna o Jake.
-Considerando o que ela disse, sim. - Digo convicta, porém as lágrimas ameaçam cair a qualquer momento.
-Se me tens assim em tanta consideração, acho que o teu amigo Noah te pode levar a casa. - Responde e sai no carro, deixando-me sozinha no meio da estrada. Vou até ao muro e encosto-me lá, deixando as lágrimas correr. Ele traiu-me.

Passada meia hora o Jake ainda não voltou e o Noah veio ter comigo.
-Queres que te leve a casa? - Pergunta preocupado.
-Não é preciso, obrigada. - Agradeço. O Jake vai voltar, tem de voltar.
-A sério, não me custa nada. Se não quiseres ir para casa posso deixar-te em algum lado.
-Só não quero estar com o Jake. - Respondo. Estou muito magoada com ele, ele traiu-me.
-Podes vir para minha casa e do Justin. Ele hoje não dorme lá de certeza, podes dormir ou no sofá ou no quarto dele. - Oferece-se, não ostentando qualquer segundas intenções. - Se quiseres podemos só dar uma volta para esclareceres as ideias. Não estou bêbado.
-Sim? - Ele acena com a cabeça afirmativamente e ajuda-me a levantar.

Depois de darmos uma volta pela cidade de carro que durou quase duas horas, ele deixou-me em casa.
Quando entro, vejo da sala para o pátio o Jake sentado numa das cadeiras exteriores com uma garrafa de whisky na mão.
Oh não...

Olá amores! ❤️Desculpem não estar a postar tão constantemente. Não gosto disso, mas posto quando posso. Amanhã prometo que vem mais um.
Este casal está sempre a andar para a frente e para atrás não é? O pior é que nem começaram as avenças deles, porém o amor vai sobrepor-se. Não se preocupem, sou uma romântica incurável e quero que a história tenha um final feliz.
Beijos amores, votem e comentem, vocês motivam-me!
😍😘❤️❤️

STAY STRONGOnde histórias criam vida. Descubra agora