O Convite

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- Garota elétrica- Ethan me saudou quando eu cheguei à sala.

Acenei com a mão e me sentei.

A professora mais velha do colégio entrou e organizou seus materiais para a aula. Ela ensinava literatura há quase cinquenta anos, mas a sua idade ninguém sabia.

- Bom dia- ela desejou.

- Bom dia- respondemos.

Durante toda a aula, debatemos sobre o livro que leríamos como paradidático. Todos os alunos citavam trechos de histórias que gostavam para que pudéssemos analisar até que uma frase chamou minha atenção:

- O mau sempre tende a repelir o bem- a professora falou.

Aquilo me fez refletir um pouco. Aquilo podia significar que o cara com quem eu teria que me casar deveria ser alguém que costumava me repelir, assim como Grech já havia me dito. Por algum tempo, eu havia esquecido completamente de iniciar minha pesquisa sobre a possível identidade do meu futuro rei. Meus olhos se direcionaram a um cara sentado no meio da sala com uma garota de cada lado, que brincava com sua caneta e parecia um retardado.

James. Quando ele percebeu que eu olhava pra ele, deu de ombros e riu.

A aula acabou e a tarde foi igual sempre era quando não tínhamos laboratórios ou plantões. Todos os alunos livres no pátio, mas eu preferi vagar nos corredores enquanto estava tendo aula nas classes vespertinas. Quando passei no corredor da sala dos professores, percebi que a porta estava novamente entreaberta e uma voz seca e outra jovem conversavam. Eu fingi estar bebendo água no bebedouro da parede para tentar escutar algo. Nunca fui fofoqueira nem gostei de ouvir fofocas, mas aquela conversa eu senti vontade de ouvir, embora estivesse abafada e eu não ouvisse muito.

- Se você acha, deve... - uma das vozes falou.

- Você não pode... para que... mude?- a outra perguntou.

- Não. Isso está fora...

- O que eu devo fazer se eu estiver certo?

- Não temos o tempo ao nosso favor. Já disse. Deve tentar saber.

- Tudo bem. De qualquer forma, obrigado.

De repente a porta se abriu e eu rapidamente levei o copo à boca.

Ethan estava saindo de lá. Ele estava com uma cara séria, seu cabelo estava um pouco bagunçado. Seu olhar fixo e esboçando sono acumulado.

- Oi- ele disse.

- Oi- respondi antes de me dirigir ao fim do corredor.

Ouvi passos apressados se aproximando às minhas costas, e eu já estava nos jardins, abaixo das janelas dos quartos das garotas, quando uma mão pegou meu braço e me virou.

- Ah... Alice, eu acho que nós nunca nos demos a chance de sermos amigos- ele falou meio tímido- Quer passear comigo essa noite?

Fiquei sem entender nada. Ele não podia estar falando sério. Simplesmente me convidara para um passeio.

- Está tudo bem com você?- perguntei achando estranha a sua decisão.

- Sim. É que seria legal a gente se conhecer melhor. E... Você aceita?

- Claro que não!

- Por favor. Sem brigas. Sem ofensas. Por favorzinho- essa foi sua vez de fazer cara de cachorro pidão e fazer biquinho.

Eu estreitei os olhos, ele estaria aprontando alguma coisa. Na sétima série, ele havia feito algo semelhante, mas deixei esses pensamentos e achei uma ótima oportunidade para tentar descobrir os flashes de imagens que eu via quando lhe tocava.

Quartenália- Era Da AscendênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora