Fica Comigo

Depressão

Acordo de manhã aos gritos entre meu pai e minha mãe, caminho até eles e por que eles estão brigando? Nunca brigaram assim em toda sua vida, por que isso agora.

-querida, vá se arrumar você tem aula daqui a pouco. – meu pai fala quando eu chego na sala.

-eu sei, já estou indo me arrumar.

Saio meio confusa até porque eu não entendi nada, queria ficar para saber o motivo da  briga, mas eles não queriam, então sem mais delongas me arrumo bem rápido, eu estava realmente atrasada para a aula, nunca havia me arrumado dentro de cinco minutos realmente era um recorde pra mim, enfim apenas saio do quarto quando estava finalmente pronta evitando escutar a briga e dei de cara com o Marcos.

-ei. – ele diz sorrindo.

-você só começa suas frases com "ei"?

-não, é que você me deixa sem jeito.

-eu não fiz nada. – falo com um tom de oferecida que nem eu mesma reconheci.

-você... Aceita namorar comigo?

Fico em silêncio olhando para ele, não queria aquilo, não queria de jeito nenhum, mas o rosto dele era tão fofo que simplesmente me deixei levar, eu sabia que era totalmente errado, tinha acabado de conhecer ele, apenas um dia, uma transa, um tudo praticamente mas eu apenas me deixei levar pelo impulso.

-bem... Eu adoraria.

-então aceita?

-agora eu preciso ir. – deixo a resposta no ar.

-mas irá voltar?

-depende

-do que?

-das circunstâncias.

Falo a mesma coisa que falei na noite passada para ele e sigo meu rumo até a escola.
Assim que entro na escola fico pálida, todos estavam olhando para o celular e rindo de mim, era como naqueles filmes onde tudo dava errado para a garotinha novata da escola.
Por que isso acontece somente comigo?
Estava morrendo de vergonha mas como sempre a Lara vem até mim com seu tom de deboche.

-a noite com o garçom foi ótima?

Abro a boca pronta para dar uma resposta mas apenas corro para o banheiro onde começo a chutar tudo de raiva.
Como o Marcos foi capaz de fazer isso comigo.
Me sento no chão do banheiro e lá vem a Lara novamente com seu salto alto que fazia um barulho enorme.

-como eu tinha dito antes, você é carne nova no pedaço.

E joga um celular em cima de mim.
Ele tinha gravado nossa noite de amor, mas para que?
Só sabia aquela hora que estava com um ódio imenso de todo o mundo.
Pego o celular e jogo na privada.
Em seguida vou para a sala de aula, a professora explicava a matéria em um slide enquanto a maioria dos alunos sorriam mas ela não se importava provavelmente estava cansada de falar.
Depois de uns 4 minutos o vídeo é projetado na lousa, não penso em nada fico calada olhando para o vídeo, pego minhas coisas e corro o mais rápido possível para não voltar.
A professora tenta me chamar mas não olhei para trás a escolha provavelmente já estava longe o bastante e a civilização também, corri muito até chegar em um penhasco, havia muitos rochedos no fim dele, então apenas queria acabar com meu sofrimento tudo doía em mim, era como se tivesse ácido dentro de mim e cada órgão do meu corpo pedisse pela morte.
Peguei os remédios antidepressivos e tomei 5 deles, engoli um a um, já que não tinha água.
Fiquei lá por mais duas horas até que criei coragem para fazer isso.
Estava escurecendo então dou o primeiro passo para frente e em seguida o segundo passo, no terceiro eu cairia, mas isso não aconteceu.
Estava prestes a me jogar quando chega um rapaz e me pega nos braços.