Ipsis verbis

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"Um amor letal
Uma eternidade sensata e incolor
O que queres ?
O amor não é um mar de soluções
... mas é um mar!
Não é calmaria
Mas trás calma
Nem é certeza de noites tranquilas
Mas transformar as noites em longos dias ensolarados feitos para pensar e não dormir
Mas se tudo isso fosse
Lhe bastaria ?
O amor é confusão
DÚVIDA
INCERTEZA
É questionar-se
Desconhecer-se
Tens os pés no chão ?
Apaixone-se
E verás teu chão se esvair
E escapar ,escapar e escapar
Não é comodismo
É louco; para gente louca
Por que os loucos se arriscam
Se põem ao risco
Mergulham no novo : O desconhecido e profundo
Os normais correm ,se escondem ,se negam
Tem medo se molhar ,se afogar
Acham profundo e fundo demais
E se preocupam demais
Em voltar à superfície
Mas os loucos
Ah... os loucos se atiram
Se lançam nesse mar a dentro
Sua sede é seu guia
E se não houver nada no fundo do mar E se o fundo for raso ,a superfície estará lá
E quem não sabe nadar ?
Não saber é nunca ter precisado
Se for louco como o amor
Mais louco que o medo
Se atira e aprende
No risco ,quando se arrisca
A sede é o guia
A motivação
O empurrão
Quem procura uma joia sabe onde buscar
No oculto
No fundo
Onde pessoas rasas não vão
Por que o raso e o profundo
São como o sol e a lua
Guardado para algum louco está
Que seja louco o suficiente
Para perder o seu medo
E nadar ,nadar e nadar
As mais belas jóias estão no fundo do mar "
- Verena M.Bak
Enquanto eu me recuperava de um dia exaustivo  pude saborear plenos 6 minutos de silêncio absoluto ,podia ouvir minha própria respiração.Até uma gritaria invandir o saguão dos Mikaelson soando numa altura absurda, como se estivesse saindo de caixas de som.
  - ONDE ELA ESTÁ? 
- CADÊ ELA ?
Berra exasperadamente uma voz masculina, nada familiar, mas soava como alguém que me conhecia.
- Se der mais um passo arranco seus pulmões ! - Ameaça Hayley ofegante e convincente .
- VERENAAAAAAA ! - Grita ele novamente .
Aquilo automaticamente me causou um arrepio que percorreu da nuca até o calcanhar ,não havia opções para cogitar quem teria vindo até New Orleans atrás de mim .Ressaltando que me certifiquei que todos os bruxos do Convexus estavam mortos exceto Talya e Filip, para garantir que eu não deveria temer um suposto replay do meu passado assombroso e que ele seria como um fantasma ,me perseguindo e me oprimindo .

Antes que Hayley e esmagasse seu pulmão entre os dedos ,fui vagarosamente indo até o alto da escada , que ficava centralizada no meio do saguão, como num palácio real, lá eu poderia perfeitamente e seguramente ver de quem se tratava .Procurei ir com destreza,e não demonstrar temor.
Era um homem alto, pele branca, parda na verdade ,cabelos castanhos escuros num corte atual moderno ,barba rala, olhos fuminantes e afiados como anzois ,estava machucado ,havia uma gota de sangue fresco que escorria o canto de sua boca, lábios finos e pálidos.
Creio que Hayley não quis saber de interrogatórios,preferiu partir para o contato físico.
O colarinho de sua blusa estava rasgado e havia uma mancha em sua bochecha direita ,na maçã do rosto na verdade .
  Percebi que se ele quisesse confrontos violentos não teria poupado Hayley, pois ela não tinha arranhão.
Os dois me olhavam como se me escondessem algo .Notoriamente estarrecidos. O mesmo olhar que Hayley me lançou quando eu a disse quem eu era.
  - não pode ser ... - sussurra ele pasmo.
Hayley o olhou confusa ,me deixando mais confusa ainda.
Ele me olhava estatico,como quem vira uma assombração , o que me foi mais pavoroso ,decidi descer as escadas e ir ao encontro daquele estranho do qual seu olhar havia me fisgado.
Meu medo me travou de forma que não consegui ultrapassar o quarto degrau ,seis degraus nos separavam .Fiquei imóvel ,como se meus pés estivessem grudados no degrau amadeirado,estava ofegante como nunca estive, e meu olhar ficou fixo no dele como um imã.
Ele veio lentamente a beira do primeiro degrau ,sem desviar seu olhar do meu ,foi assustador, Hayley se mostrou tão pasma quanto eu ,seu olhar alternava entre ele e eu ,como se ela buscasse uma explicação lógica .Pude olha-lo detalhadamente , seus olhos estavam espelhados ,como um lago congelado ,como quem segurava lágrimas com todas as suas forças.
- Verena! - sussurra ele ,como quem dizia para si mesmo, como se me ver ali o fizesse lembrar de algo.
A situação só piorava ,agora minhas mãos estavam trêmulas, por alguma razão o olhar daquele rapaz me estremecia. Ele estendeu a mão me convidando a descer os degraus restantes. Naquele instante meu coração disparou,exasperadamente, minha mente me dizia para não descer nem um só degrau ,mas antes que eu pudesse me decidir ja estava no quinto degrau ,como se minhas pernas tivessem tomado vida própria . E assim o sexto , o sétimo ,o oitavo ,o nono e por fim o décimo e último degrau .Possibilitanto-me ficar cara a cara com aquele homem misterioso . Ainda com a mão estendida ele pega a minha mão, ela estava tão fria quanto a minha , de nervosismo ,espasmo e uma pitada de  felicidade ,quase imperceptível.
- Não pode ser ... - sussurra ele novamente ,mais uma vez tentando se convencer de que o que via era real.
Ele realmente me olhava com um olhar de análise , não acreditando no que via, esperando alguma reação minha.
O olhei profundamente ,buscando lembrar por mais longínquo que fosse alguma lembrança que revelasse de onde nos conhecíamos ,mas infelizmente e frustrantemente nada havia me vindo a memória.
- Quem é você?  - Perguntei , cerrando os olhos ,enfatizando minha confusão .
  Sua expressão se transforma ,seus olhos espalhados brilham como um lago congelado que estava derretendo ,indicando que ali talvez surgiria uma lágrima ,sua expressão era de um espanto absurdo, algo que ele não esperava , pareceu frustrado .
- " Quem sou eu ?" - indaga ele com ironia ,esperando que eu começasse a rir e o dissesse que era tudo brincadeira.
Minha expressão permanece.
- Não lembra quem eu sou ? - insiste ele , parecendo ja esperar aquilo ,mas abafando o impacto.
-   Se eu me lembro ? - indaguei questionando aonde ele estava querendo chegar afirmando que nos conhecíamos.
Ele suspirou fundo frustrado .
   - Eu sou Malachai Parker ! - Se apresenta ele com desdém ,frustrado ,afinal não queria ter de se apresentar ,parecia esperar que eu o reconhecesse pelo timbre de voz.
Aquele olhar invasivo me era familiar ,mas aquele nome jamais.
  Juro que pensei em algo que eu pudesse dizer para conforta-lo ou algum resquício de memória que provasse que eu o conhecia para não ter que dizer isso :
- Desculpe-me ,mas não o conheço ! - aquilo doeu em mim também ,inexplicavelmente.
- Mas eu conheço você ! - Insiste ele ,ignorando sua própria frustração .
-  Acho que está me confundindo com outra pessoa! - Insisti dando um passo para trás.
- Impossível, esses olhos azuis são impossíveis de esquecer ,Verena Mondschel Bak!  - Surpreende-me ele dando um passo a frente ,ficando numa proximidade tentadora.
Realmente quis pergunta-lo "Como sabe? " ,mas não queria dar continuidade aquela loucura ,por mais que me fosse irrecusável ,guardei minha surpresa e engoli minha curiosidade .
  - Desculpe-me, está enganado! - Insisti dando de ombros e subindo as escadas . Sem ao menos olha -lo  nos olhos novamente ,por que se aquilo sucedesse eu não iria seguir a minha razão ; e ele nem sequer contestou , o que significava que com plena certeza o veria de novo , o que me soava pavoroso e aliviador.
   A residência dos mikaelson agora parecia um museu, com apenas memorias do que aquela família ja foi um dia , o silêncio parecia não combinar com o ambiente ,o que soava pertubador para Hayley ,Freya e Hope ,que presenciaram da ascensão à queda dos originais .Não sei como ,mas de alguma forma resolveriamos aquilo .
Minha mente estava tão conturbada que eu nem notei que por horas fiquei deitada no chão , como alguém que tivera um susto psicótico.
  Era inacreditável, mas eu deveria me conformar que não provaria da doçura da paz enquanto eu respirasse , pertubador até eu diria ,eu só queria fingir que aquilo não estava acontecendo.
  Parecia uma daquelas histórias de filme, onde tudo ocorria coincidentemente ,soava até meio forjado ,onde o personagem principal era sempre a vítima, que ao sair de um grande problema se deparava com outro ,sem espaço de tempo ,sem descanso.Era como matar um leão ,enquanto outro me esperava atrás da moita.Mas acredite , eu jamais escolheria isso!
Desconfortante saber que esse fardo me assombraria pela eternidade, ou até eu cair na garra dos ancestrais.
   Eu estava em New Orleans há apenas cinco dias e nem se quer pisei para fora do Quartel Francês, conhecia tanto aquela casa que poderia andar em diversos cômodos de olhos fechados, tive bastante tempo para isso : 5 noites em claro ,extremamente pasma e incrédula  sobre minha estranha e suspeita liberdade ,a novidade de estar em um novo ambiente ,além de algemas e portas trancadas, a novidade de um sentimento além da fraqueza e do medo ,inferioridade ,ódio ,o ódio mais profundo e intenso, o qual descarreguei resultando um massacre.
- Tem certeza de que não o conhece ?-Interroga a adorável Hope ,como quem me observava e lia meus pensamentos ( até por que não era tão difícil saber no que eu estava pensando) e me dando um enorme susto .
As noticias correram rápido ,considerando que só haviam três pessoas ali.
  Suspirei,na verdade parecia um engasgo,de susto. Meu coração disparou freneticamente ,fazendo minhas bochechas enrubrescerem automaticamente.
   " Você me assustou" .Pensei em dizer ,mas era óbvio.
    - O que você disse?  - Desconversei
   - Tem certeza de que não o conhece ? - repete ela entrando no quarto e se aproximando, aparentemente constrangida por ter me assustado .
  Algo ilario para uma Mikaelson , já que sua família  era conhecida por se regoziijar no pavor alheio. Uma das características mais marcantes de Hope Mikaelson era sua sutileza e humildade, vindo de alguém como ela ,alguém tão forte e temida.
Tentei achar uma forma de não tocar no assunto  " rapaz misterioso ",mas assim como eu  ,era óbvio que ela estava se referindo ao abusado sedutor de olhar afiado.
- A quem se refere ? - Desconversei novamente desviando o olhar .
  - Sabe muito bem de quem estou falando ! O bonitão com cara de mal!  - Insiste ela mostrando estar mais a par dos fatos do que deveria.
  Soltei um riso descontraído, achei graça em sua maneira de se referir ao rapaz. Adolescentes! Olhares curiosos,buscando apenas a superficialidade, rostos bonitos e não almas bonitas .
Lembrando que há 10 anos tenho 19.
E é incrível como meus pensamentos fugiam da linha de raciocínio com tanta facilidade .
- Você o conhece ! - Supõe ela sorrindo ,interpretando de sua maneira meu riso frouxo .
- Não ... É que .... -  suspirei nervosa - não que eu me lembre ! - confessei.
- Só por que não se lembra não significa que não o conheça... - Insinua ela.
- Eu me lembro ....
- " Da sua mãe que não ve há 10 anos ,se o conhecesse lembraria " !-  Interrompe Hope mostrando que alguém estava ouvindo conversa alheia atrás da porta .
Mas a sua ironia na entonação soou como se eu fosse dizer alguma bobagem , a olhei com um olhar espasmo como se estivesse a repreendendo .
  - Perdoe-me! Foi inevitável... -  Lamenta ela de sua indelicadeza típica de adolescente .
   - Lembranças parciais são até consideráveis ,mas , nenhuma lembrança ,nem se quer uma sensação de o conhecer ou ao ouvir seu nome ! - debati, tentando convencê -la a esquecer esse assunto .
Mas sabemos bem como são as crianças, teimosas e com uma memória invejável e uma curiosidade até irritante .
 

- Pessoas normais diriam até que é impossível conhecer alguém que não se lembra ,nem se quer um pouco, mas com nós bruxas tudo é possível ! -  Insinua ela .
  Soltei uma gargalhada desconcertante, como alguém que ria de uma piada ruim .Hope me lançou um olhar fuminante ,reprovando minha risada .
  - Por que alguém me faria esquecer que o conheci?  E quem faria isso ? - Indaguei tentando mostrar aquela teimosa bruxinha que aquilo era extremamente impossível.
  - Me responda você!  - Retruca ela .
   Era tudo que eu precisava ouvir para minha mente não pensar em mais nada nos próximos meses.
  Vi que seria mais difícil do que eu imaginava encerrar aquele assunto.Haveria um motivo para a insistência da doce Hope? Ou não deveria dar créditos a devaneios de uma adolescente?
  Sua expressão  era de satisfação ao me ver sem argumentos e claramente curiosa e involuntariamente disposta a queimar os neurônios tentando desvendar esse mistério .

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