Tempestas ( Initium IIII)

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Fomos caminhando em direção as vozes , a cada passo elas aumentavam grotescamente como se houvesse mil pessoas naquele lugar.Aproximadamente 15 passos naquele corredor, que nos levaria a porta dos fundos , já que seria evidente tentar fugir pela porta da frente, mas lá estavam eles , paramos há um passos das vozes , eram bruxos , encapuzados , e estranhamente calmos , com total certeza do que estavam fazendo e sem temer nenhuma reação minha que os surpreendessem , como se estivessem me controlando, eles estavam de olhos fechados , e concentrados naquele cântico infernal, pareciam não me notar e muito menos se importar que eu passasse por eles .

Um clarão de fogo surgiu diante deles, tínhamos que passar por eles para sair dali .Dei o 1º passo , se o feitiço tivesse falhado seria o suficiente para me ver , passei por eles e fui até a porta temendo do fundo da minha alma que eu estivesse sendo audaciosa , de repente o cântico cessou , as chamas também , antes que eu pudesse saber o que aconteceria corri para fora de olhos fechados , com uma rajada de vento que me saldou ao sair para fora pude perceber quão quente estava lá dentro .Temendo o que eu veria , abri os olhos e tive uma desagradável surpresa , uma espécie de galpão aberto no meio da pequena floresta que havia nos fundos daquela pocilga , com aproximadamente 300 bruxos , todos os clãs do oriente , pude imaginar.

E de olhos bem abertos , eles estavam estáticos , e pareciam me olhar como um predador olhava sua presa antes de dar o bote, meu pavor foi tão grande que mal pude observar os rostos detalhadamente ( talvez alguém familiar pudesse estar entre eles ), eles começaram recitar aquela porcaria novamente .

Era assustador ,já tinha tido aquela sensação antes , e não acabou bem .

Dei um passo a frente , tentando demonstrar não ter medo , mas sinceramente , não passou de um ato desafiador , olhei para Talya , e ela estava em choque , com os olhos espelhados e vermelhos.

Mais uma vez , eu preferi confiar que eu tinha conseguido fazer algo ao meu favor , mas a situação era arrepiante , eu podia jurar que eles estavam me vendo .

- Verena ! - Sussurra Talya em choque , e deixando escorrer uma lágrima.

Com o indicador gesticulei que ela ficasse em silencio , seria leviano pensar que o feitiço impedia que fossemos ouvidas também?

Talvez sim, mas não era bom arriscar , eram mais de 6 clãs fortes contra duas amadoras .

Em quatro passos lentos e cautelosos á nossa direita fomos até um pequeno corredor que dava passagem á porta da frente , e ao portão , que parecia estar tão longe , teríamos que chegar lá , eu não sei como , o medo paralisava a minhas pernas , de forma que eu tentava correr , mas nem se quer levantava o pé do chão.

Nos "escondemos" na parede daquela velharia , que nem sei se poderia ser chamada de casa , uma pontada de alívio me tomou , e olhei para Talya querendo comemorar antecipadamente , e aquela multidão de bruxos ainda estava lá , deveríamos ter corrido até o portão sem perca de tempo , ainda era arriscado achar que não havia mais perigo.

- Está feito ! Tragam-na !

Foi essa frase que interrompeu nosso silencio e nossa sensação de vitória e liberdade .

Talya me olhou,desabando em lágrimas e abafando o choro com a palma das mãos.

- Você tem que ir agora ! - sussurra ela , entre soluços .

- Não ! - respondi , rapidamente , com um nó na garganta e um frio na barriga tremendo.

- Talya , traga-a por favor ! - Ecoou da multidão.

Talya chora descontroladamente , me fazendo sentir um ódio consumidor , e encorajador , minha vontade foi de dar as caras e acabar com eles , se assim eu pudesse , mas eu não tinha acesso a magia , ainda não .

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