Ventum III

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Não sei por que , mas naquele momento lembrei de minha mãe, Dreya Menullis , tenho poucas lembranças dela , mas lembro vagamente que ela era esbelta , silhuetas marcantes e bem desenhadas , cabelos médios e ondulados num tom de castanho meio loiro , as maçãs do rosto bem definidas como se tivessem sido pintadas a mão , olhos azuis esverdeados e um sorriso galanteador , e foi isso que a tirou de perto de nós.

Ela era bem jovem , aparentava mais ser nossa irmã do que nossa mãe,nos teve muito cedo , resultado do seu jeito inconstante e impulsivo .Anthom não resistiu .

A história que nos foi passada é que ela tinha um romance com um comerciante de classe média de Rudesheim , me lembro bem que ela costumava sair antes do galo cantar , e só retornava depois que o sol se punha .Era bem óbvio , o que uma mulher casada estaria fazendo todos os dias fora de casa , sem explicações piamente justas ?

Ela não parecia querer esconder  só queria um pretexto para sair dali, e nem se quer exitou em nos levar com ela .Simplesmente nos deixou , alegando que com nosso pai teríamos uma vida melhor .Por isso não sinto falta dela , por que ela não sentiu a minha, e nem aparentava que iria sentir.

Parecia frio de minha parte , mas garanto que não , era apenas amor próprio .

Eu nunca tive vontade de procura-la , pelo contrário , tenho receio que um dia posso encontra-la e torço para esse dia não chegar , por pior que está minha vida agora prefiro ela assim , sem Dreya.

Minha mãe era uma mera humana .Uma mulher com alma de adolescente , descompromissada , aventureira, impulsiva , uma péssima mãe. Houve um momento que papai a tratava como uma de suas filhas , e não mais como sua mulher , até o dia em que ela se foi.

Fugiu com seu amante ! ELA FUGIU !

Papai nobremente sabendo de tudo ainda a perdoou, não por ainda ama-la , mas por nós , por achar que a presença dela faria alguma diferença em nossa vida, mas ela mesmo assim decidiu ir embora , nos abandonar . Por isso não culparia papai se ele a tivesse expulsado de casa , ele aturou muito mais do que aguentava , e com destreza nos criou , nos educou para sermos mulheres e guerreiras , sem que a falta de Dreya interferisse em nossa criação.

 Esse não era o momento de relembrar tais coisas , o pior momento eu diria , era meu subconsciente me lembrando o quanto eu estava sozinha , e não teria ninguém com quem contar.

Eu precisava me focar em outras coisas , como descobrir o que significava aquele feitiço , era um feitiço de canalização , mas não era um simples feitiço de canalização, estava em Húngaro , eu não fazia ideia do que se tratava, Verena estava apagada a semanas , eu não poderia desperdiçar um segundo sequer.

Senti como se estivesse sendo observada , olhei pela janela , pela porta e não tinha ninguém, olhei ao redor  , ninguém, e um silencio aterrorizante tomou aquele lugar , até meus pensamentos turbulentos que eram o que estavam me fazendo esquecer que eu estava sozinha cessaram.

 Chequei novamente a janela , e quando me virei...

 - Olá senhorita ! - Sauda Audra fazendo meu coração entalar na garganta.

Como ela entrou ali ? Como eu não pude ver ?

Parecia ter sido de propósito , como se estivesse ali me observando a horas .

- Da próxima vez bata na porta ! - Foi a unica coisa que eu consegui dizer , tão automático.

- Desculpe-me senhorita !- lamenta ela , na verdade fingindo se lamentar , era nítido o prazer em seu sorriso em me ver desconcertada.

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