Eclipsim

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 O cenário que ela se depara era totalmente diferente do que imaginava , ainda se lembrava de cemitérios como lugares horripilantes , nebulosos com portões  enferrujados e barulhentos , gárgulas de pedra e anjos por todos os lados , dando a quem visitasse a sensação de estarem sendo vigiados fazendo assim com que fosse o ultimo dos lugares a estar sempre cheio .

Mas aquele era diferente ,parecia mais um palácio grego , num tom pastel neutro , sinceramente não parecia um cemitério nem de longe , grama verde viva , bem aparada , rodeado por arvores , aparentando mais ser um parque ecológico .

Verena pode perceber a evolução gritante de tudo que ela conhecia , aquele cemitério era tão lindo que a dava a impressão que todos ali haviam ido para o céu .

Ao entrar  se depara com uma espécie de recepção que aparentemente estava vazia , para sua sorte , já que ela não poderia falar o que realmente havia ido fazer ali.

Logo após , havia um "sala"  com 7 pilares de pedra acobreadas , três na esquerda , três na direita e um em um dos extremos acompanhado de uma fonte com uma estátua branca , um pentágono branco com bordas  largas e alaranjadas desenhado no chão , algumas cadeiras frente uma para outra, parecia ser aonde reuniam-se familiares dos defuntos , para fazerem discursos e preces e blá blá blá .

Por uns instante ela pensou que a alguns minutos , horas ou dias atrás alguem havia sido sepultado ali , que a familia de alguem havia chorado ali aonde estava ela.

Algo bem melancólico .

A "sala" dava a vista de um jardim esverdeante , uma trilha que a levaria aonde ela queria .

Ela seguiu a trilha , ela a levou as muitas sepulturas   de pedras esculpidas , algumas mofadas , outras tão alvas , algumas gárgulas e anjos de pedra que não fugiam do que ela imaginava .

Algumas sepulturas tinha fotos , flores , outras apenas resquícios do que um dia foi uma rosa .

Grandes dedicatórias a simplesmente o ano de nascimento e o ano de morte .Dois extremos que ela nunca havia observado. Ela seguiu pela trilha de cimento até o final , onde findaram as sepulturas  e restava só um terreno enlameado com algumas flores de lis avermelhadas , era ali .

Verena olhou ao redor rapidamente para garantir que não estaria sendo assistida , já que se fosse pega por alguem poderia ser presa por fazer "magia negra "  em um local publico .

Mas ninguem havia , era só ela e o vento , que a cada minuto soprava mais forte .

Era ali , o ar gélido a  confirmava , suas rajadas fortes assobiavam e se Verena tivesse a mente fértil poderia jurar que havia ouvido no meio das rajadas :"aqui ".

Então ela se ajoelha na terra úmida , pega o pequeno pote de dentro da bolsa , um pote de porcelana rosê , parecido com aqueles dos chás ingleses , ela larga a bolsa no chão para dar liberdade aos seus movimentos .

 Ergue o rosto ao céu de modo que era possível ver as veias de seu pescoço , fecha os olhos e deixa-se ser banhada pelo vento cortante , que ao tocar suas bochechas ardia e queimava .

Ela buscava e se conectava  com Annia pelas suas ultimas memorias .

Annia trançando seu cabelo , a ajudando a entrar  num vestido justíssimo , acariciando seu rosto enquanto a aconselhava sobre a vida , todo aquele papo de gente mais velha .

A ultima e não menos importante : A unica vez em que ela pediu que ela fosse caçar .

Annia sempre havia sido cuidadosa com Verena e suas filhas , não deixava que saíssem dos arredores do vilarejo ,  sempre saía para caçar , mas numa certa noite e numa inquietude pediu a Verena que fosse caçar no lugar dela mas quando ela retornou entendeu o por que .Ela nunca esqueceria aquilo .

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