Interlunium

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O sol estava se esgueirando num lento processo , os resquícios de sua luz ainda eram visíveis mas o seu mormaço não mais , o ar estava gélido e condensado , sua massa branca parecia ter peso . O carro parou .

пристигаме! (Chegamos !) - Diz o motorista .

O ancião estava tão focado em sua missão de levar um turista estranho de sotaque e diccão perfeitamente nativos á uma localização curiosa e bizarra que nem sequer notou que ele havia adormecido .Parecia assustado o bastante para ter pressa em leva-lo ao seu destino.

джентълмен? (Cavalheiro ?)- Chamou novamente o motorista , se virando para trás .

E ele permaneceu imóvel , sem mover um músculo do rosto , nem mesmo a pálpebra, um sono profundo e imperturbável.

 - Господин!(Senhor !)  - Insiste ele , levando devagar a mão ao braço de Kai ,para tentar desperta-lo.

Antes que ele chegasse a toca-lo ,num movimento célere Kai abre seus olhos arraigados , num olhar de ultraje , era nítido o abalo do ancião , seu corpo se lançou para trás num movimento involuntário , fazendo-o quase cair por cima do volante .

-На север от Марица е тук ... (Norte do Maritsa , é aqui...)! Diz ele , com a voz  falha e ofegante , os olhos fixos nos olhos de Kai como se houvesse visto algo anormal.

A expressão de escárnio no rosto dele era desafiante , não parecia ter dormido o trajeto quase todo , e não parecia estar preocupado por estar numa estrada de terra cinzenta , pedras , galhos secos e placas (Stop !) margeando o Rio e nada mais que aquilo  .

Desceu com total confiança de que estava no lugar certo por mais que fosse dificil ao motorista entender o mesmo .

- Благодаря ви! (Obrigado !)- Agradece ele batendo a porta do carro e fitando os olhos cansados do ancião.

O chiado dos grilos foi o unico som que restou até o cantar de pneus desaparecer , o motorista teve pressa de sair  , não queria saber que diabos ele faria ali.

O ar cortante estava inerte , parecia não se mover para direção alguma , nada comum para um lugar tão comum como margens de rio.Não aparentava ser um local bem frequentado , não havias casas nas proximidades , apenas um síncrono de cinza e marrom que percorria as extremidades .

Mas ele se lembrava nitidamente de uma vivenda feita de pedras , acompanhada do que parecia ser um porão  ou um celeiro .

Ele se lembrava que era ali , mas não conseguia vê-la.

Então foi caminhando , lentamente , como se esperasse que a cada passo alguma lembrança surpresa surgisse .

Chutando a areia soturna , respirando aquele ar frígido , ouvindo os proprios passos .

Até que parou em uma parte mais alta da margem , onde uma vala separava a margem do rio , um pequeno penhasco de areia .

Era ali , pensou ele .Kai fechou os olhos , largando um sorriso mordaz , talvez de uma pitada de nervosia  e auto-sucesso .

Lentamente ele ergueu sua mão esquerda  para um ponto mediano no ar , onde humanamente não havia nada , a forma lenta como sua mão se erguia o fazia pensar mil vezes por segundo se ele realmente queria fazer aquilo , se Verena ainda valia tal afoiteza .

Em um certo ponto sua mão não se ergueu mais , parou . Como se houvesse encontrado algo , uma barreira invisível ?

Seu sorriso sumiu , e deu lugar a seriedade , ele se concentrou , havia algo que ali que alguem não queria que fosse visto .

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