Caixa de lembranças

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25 De Dezembro, e eu parado em um sítio onde pensei nunca voltar

Onde pensei nunca mais pisar, onde tudo começou, onde comecei a não me importar

Nada mudou, os mesmos lugares, as mesmas pessoas

Os mesmos sorrisos, nada diferente nem sequer as histórias

O cheiro da cidade era o mesmo

Mais poluído do que antes, mas ainda assim em pleno verão a minha cidade parecia inverno

E essas memórias, sempre comigo, tudo o que eu vivi aqui, tudo o que eu senti, saí da cidade com uma mala de recordações portáteis

A primeira paixão, deceção, a primeira bebida, um monte de sentimentos não renováveis

Andando pelas ruas, olhando para memórias do passado residente no presente

Supostamente eu não devia estar a sentir nada, acho que acordei do meu desmaio emocional

As várias decepções seguidas de noites perdidas em bares, as lutas constantes para me encontrarem

As birras, os dramas ainda em minha mente

Precisava de um cigarro, um bar ou motel, uma garrafa e um copo, me sentia pesado, cansado

O mesmo sitio que me ensinou o que era amor, o que era a dor

O que era ser amado, rejeitado, trocado, o sitio em que em uma outra vida era cheio de cor

Onde tive a primeira noite olhando para as estrelas, o primeiro jantar a luz de velas

O primeiro filme de terror, o primeiro beijo, o primeiro toque, o primeiro cinema

Tudo isso se passou aqui, na cidade em que em tempos foi minha casa

Onde eu tive as minhas primeiras lutas, primeiras traições, onde com um copo de whisky abracei a realidade largando os contos de fada

Onde aprendi a misturar sentimentos com a bebida

Puxo um cigarro, mando o fumo para o ar olhando para a minha antiga casa, onde provavelmente tivera sido a memória mais feliz da minha vida.

As Minhas Notas( A Vida De Daniel Richard)Onde histórias criam vida. Descubra agora