15. Se todos fossem iguais a você

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Sei que eu é quem estou escrevendo essa história, mas ainda assim eu fico bege com a sensibilidade de Newt ao falar com Memê em termos que ela entende.

*

*

Mas dessa vez ele não simplesmente colou os lábios aos meus e permaneceu imóvel como nas duas primeiras vezes, apenas respirando, mas sim estalava os lábios, dando pequenos beijos nos meus, repetidamente, de forma meio apressada e desajeitada, e sem pensar levei as duas mãos que eu tinha sobre minha barriga até seu rosto quente, tocando-no e segurando-o entre elas, ainda assim sem mover-me para retribuir-lhe o beijo, apenas prestando atenção ao que ele fazia e como fazia. Mas, mais importante do que aprender o que ele fazia, era entender que aquele gesto, para ele, demonstrava afeto, e alegrava-me que ele tivesse afeto por mim e o demonstrasse, então eu simplesmente senti que era o momento de demonstrar-lhe o afeto que eu nutria também por ele, e o fiz da maneira como fazem os animais: Simplesmente lambi-lhe a boca, ao que ele estacou de repente, encarando-me com os olhos muito abertos. Sorri para ele e lambi-lhe de novo sobre a boca e então sobre o rosto, e olhando-me no meu ele também subitamente sorriu e fez o mesmo, lambendo-me também, ao que havia compreendido porque eu o tinha feito.

Rimos e ele beijou-me novamente, ao que dessa vez comecei a imitá-lo no que fazia, e logo sua mão estava em meu rosto também, e seus lábios ansiosos moviam-se de encontro aos meus sem perder o contato com eles, de forma cada vez mais firme e mais calorosa, e aos poucos os beijos e as lambidas fundiram-se magicamente numa só coisa, de forma que um explorava com a sua à boca do outro por inteiro. Um respirando a pele do outro, os olhos fechados, os corações sobressaltados, os pulsos acelerados, as salivas e as línguas misturadas, e aos poucos Newt começou a deitar-se sobre mim apertando-me de leve entre suas pernas enquanto suas mãos abraçavam-me, e logo ele tinha minhas quatro mãos sobre ele, acariciando-no e envolvendo o rosto, aos cabelos, aos braços e às costas, e o longo beijo molhado e sem fim estendia-se entre nós de forma ansiosa.

E não demorou para que eu sentisse que algo diferente estava acontecendo. Com movimentos entrecortados ele movia-se ao corpo sobre mim enquanto de seus lábios escapavam gemidos entre os beijos e aos poucos ele rolou levemente de lado e, curiosa, desci uma das mãos até sua calça e, aproveitando-me do fato de que nesse instante ele interrompeu o beijo, eu perguntei-lhe, sorrindo para ele:

- O que é isso? O que aconteceu?

Subitamente, ao que abriu os olhos e olhou-me, ele tornou-se terrivelmente vermelho, as faces num rubor de fogo, e gaguejou, nervoso:

- Ahn... Eu... Parece que... parece que eu fiquei subitamente no cio, Memê. Foi isso.

- E isso acontece assim, do nada? Fora de hora dessa forma?

Encarando-me com os olhos bem abertos e piscando repetidamente, ele respondeu, de forma tímida, baixando o olhar para o meu peito:

- Bem... Na verdade não... Só quando estamos com alguém de quem gostamos muito... ou quando estamos sozinhos e pensamos nesse alguém... E... bem... Minha raça, ao contrário da sua, não tem época certa pra isso acontecer... Simplesmente acontece - ele interrompeu-se para engolir, e levou uma mão ao rosto, coçando o nariz - E, bem... Eu achava melhor você tirar a mão daí ou as coisas vão ficar ainda mais complicadas porque... Bem... Você tem... Você tem uma cauda de tubarão, então não será possível.

- E além do mais eu não sou da sua espécie.

- Não... Não é - ele respondeu triste, de olhar baixo.

Presa na Mala de Newt ScamanderOnde histórias criam vida. Descubra agora