Prologo

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Atrasada. Sonolenta. Faminta e levemente de ressaca.

Pela primeira vez, em passos longos e apressados atravesso uma das mais movimentadas avenidas de Los Angeles, com uma mochila nas costas, enquanto seguro vários livros nos braços e quase sou atropelada pelo menos cinco vezes. Murmuro palavras de desculpas para os motoristas e dou um grande suspiro de alivio ao chegar do outro lado da rua. Ajeito os livros em mãos e respiro fundo antes de entrar no enorme prédio a minha frente.

Era minha segunda semana fazendo estágio em uma das grandes empresas que trabalha com o cinema, direção, televisão e coisas do ramo, já que estou no meu ultimo ano de faculdade de cinema e audiovisual.

Pra quem não sabe esse curso trabalha com a parte de elaboração e produção de filmes e vídeos artísticos, publicitários, documentais, institucionais ou jornalísticos para veiculação em cinema, TV, internet ou circuito fechado. A pessoa pode escolher entre se encarregar do roteiro, do figurino, da cenografia, iluminação, produção, fotografia, animação, edição, direção ou sonorização. Em emissoras de TV, monta a programação, edita e dirige programas, chefia equipes de produção. Pode, ainda, trabalhar na captação de recursos para a produção, cuidar da distribuição e exibição da obra, organizar mostras e gerir cineclubes.

Desde mais nova sempre fui apaixonada por filmes, novelas e teatro. Sempre tive a vontade de ser atriz porém ao mesmo tempo sou apaixonada em saber como os filmes são produzidos. Todo o trabalho de trás das câmeras me deixa fascinada então alguns anos atrás eu tive que tomar a decisão da minha vida, se seria atriz ou se me entregava a profissão de diretora e bom se hoje estou aqui no meu ultimo ano de faculdade já sabem o que eu escolhi, mas eu tive os meus motivos para escolher trabalhar com a direção de filmes.

Desde então eu dei meu suor e meu sangue para estar aqui hoje, porque no começo não foi nada fácil ter que largar tudo na Austrália para vir morar em um país onde eu não conhecia absolutamente nada e  ninguém. Morei sozinha durante quase dois anos até poder confiar em alguém e dividir um apartamento. Hoje moro com uma das minhas melhores amigas perto do campus da American Film Institute, onde estudo.

Nolan Cooper, um homem alto, vinte e seis anos, pele clara e cabelos loiros perfeitamente penteados em um topete que o deixava mais atraente, seu sorriso é uma das coisas que mais chamava atenção nele, não é atoa que as garotas da faculdade caem matando ao seus pés. Um dos caras mais importantes ali dentro, que é encarregado de me orientar e treinar durante meu estágio.

Ele me espera no fim do corredor, visivelmente preocupado e estressado pelo meu atraso, então apenas respiro fundo e acelero meus passos esbarrando em algumas pessoas.

Nolan foi um dos melhores alunos que a AFI ja teve. Hoje ele trabalha produzindo grandes filmes e programas de televisão, mas dedica parte do seu tempo para ensinar pessoas como eu a crescerem profissionalmente como ele fez um dia, e eu posso dizer que em duas semanas ao seu lado aprendi mais coisas do que em um ano de faculdade. Não estou dizendo que seja ruim mas sim o fato de que quando você passa um tempo com pessoas que tem experiencia no ramo, você aprende mais, você escuta suas historias e aprende truques que a faculdade não ensina.

Enfim, hoje estaríamos auxilando na gravação de um vídeo clipe de uma banda que Nolan não quis me dizer antes por sigilo.

Assim que seus olhos encontram os meus sinto meu corpo esquentar, não por ele ser incrivelmente atraente e deixar qualquer mulher sem jeito mas sim por conta do meu atraso.

— Bom dia. — diz antes de sorrir

— Vinte minutos atrasada. — Nolan cruza os braços e faz contato visual comigo.

— Eu sei. Me desculpa, eu acabei me perdendo e enfrentando o maior transito. — me explico. Minhas mãos estão suando então Nolan coça a testa, respira fundo e olha para mim.

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