bestfriends

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Dois dias depois.

A pior parte pra mim sobre despedidas é aquela em que eu me esforço para engolir o choro por odiar chorar na frente das pessoas e depois passar o dia todo com um nó na garganta, que fica me incomodando até o momento que decido me livrar das lagrimas.

O problema é que tenho essa mania desnecessária de esconder as emoções atras de uma barreira que eu mesma crio como uma mecanismo de defesa. Algo que eu aprendi com o passar do tempo, de maneira involuntária ao ver esse lado da vida que não é agradável, e para não correr risco de me magoar com as pessoas ou comigo mesma eu construí essa barreira de emoções na qual eu me escondo.

Os poucos dias que tínhamos na Australia passaram-se voando, parece até que chegamos ontem e não fizemos quase nada, apenas o básico. Na noite passada tive a oportunidade de ver meu pai mais uma vez e me despedir dele novamente. Doeu mais do que a primeira vez, mas aquilo foi apenas o começo de tudo.

Acordar com o cheirinho de café ja me fez chorar no banho. Depois tomar café da manhã com aquela família fez meu coração se apertar conforme os últimos segundos com eles passavam, até que Calum e eu tivemos que ir para não correr risco de nos atrasar.

Foi difícil? Foi.

Engoli o choro? Engoli mas fui embora tendo a certeza que a partir de agora conseguiria voltar com mais frequência, eu não sei exatamente como mas eu sentia isso dentro de mim.

Enfim, em questão de minutos depois que chegamos no aeroporto, fizemos o check-in e tudo que precisávamos fazer para viajar. Liguei para Beatrice e avisei que em poucos minutos iramos pegar o nosso voo e ela me disse que também estava no aeroporto com os meninos, praticamente entrando no avião e que sentia minha falta.

Nossa viagem iria ser mais longa, mas pra ser mais exata quatro horas mais longa que a deles porque temos uma conexão em Dubai para trocar de avião. Eu ja me consigo me sentir exausta e enjoada só de pensar e Calum parecia perceber isso.

Assim que coloco os pés dentro do avião sinto meu estômago embrulhar no mesmo momento. Tento disfarçar e manter o foco e  quando me sento vou logo pegando um remedio para enjoo e tomo. Minha perna não para de balançar, eu estou mais nervosa que a ultima vez por estar mais sensível e sentindo que irei passar mal durante toda a viagem. Sinto Calum observando mas não olho de volta. Fico quieta.

— Mary? Você está bem? — Calum murmura, fazendo-me olhar para ele.

Não consigo dizer nada, apenas balanço a cabeça negativamente deixando o garoto ao meu lado mais preocupado do que ja esta. E antes que ele pudesse dizer ou fazer algo, uma voz nos interrompe dizendo para colocarmos o cinto e nos preparar para decolagem. Apenas respiro fundo e faço tudo que preciso, logo sinto Calum passar seu braço pelo meu ombro e me abraçar de lado, de maneira desajeitada mas que pudesse de alguma forma me acalmar durante aqueles segundos mortais.

Fecho os olhos e espero aquilo passar. Seguro a mão livre do meu melhor amigo e foco apenas nisso. Odeio aviões mais do que tudo e eu sinto que eles me odeiam também.

Quando o voo finalmente se estabiliza, percebo que meus lábios estão trêmulos, então não consigo mais segurar e acabo deixando as lagrimas cairem, enquanto escondo meu rosto em uma das mãos. Não tenho exatamente certeza o porque de estar chorando, não sou de chorar, talvez seja a junção de tudo, as despedidas, o cansaço e o meu medo de aviões me deixaram sensível demais.

Calum percebe e não diz nada, apenas sinto seu abraço me apertar. Enfio meu rosto em seu peito e assim ele me esconde, me permite que eu chore o quanto quiser. Sua mão alisa meu braço e as vezes passa em meus cabelos, me acalmando aos poucos.

Behind The SpotlightOnde histórias criam vida. Descubra agora