Celine, desde o momento que ela dirigiu a palavra a mim, minha mente explodiu de exaltação. Os dias na escola se tornaram mais coloridos, coloridos como as pinturas de Celine nas aulas de artes.
Suas obras sempre retratavam o lado mágico da vida, como devemos olhar as coisas simples e ver quão grande é a sua importância no mundo.Sentado de fronte ao espelho circular disposto na mesa, vejo um reflexo mais brilhante, agora cores fracas começam a aparecer.
Meu amigo, e guardião de minhas lamurias esta a frente do espelho, ao lado da pena que por sua vez esta ao lado da tinta. Ele ali parado, trancado e imóvel, me observando desconfiado. Estendo as mãos e o apanho, destranco a fivela, ergo a pena e a mergulho levemente na tinta. Incrível que mesmo rodeado de tecnologia e meios mais atuais de escrever, usar tinta e pena num diário é místico, nostálgico, simbólico e poético.Querido diário.
Celine, porque esse nome não sai de minha cabeça. Há pouco tempo eu a conheço. Mas me parece que nos conhecemos a séculos, ela é diferente, me trata diferente. E esta sendo para mim algo que não tenho a meses, uma amiga...
De repente, a caneta para de escrever. Eu via a gota ali na ponta, pronta para atingir a superfície plana e opaca do papel para deixar suas linhas, no entanto mesmo fazendo a fricção a tinta não riscava o papel, mergulhei a na tinta e tornei a tentar escrever, mas em vão. Fitei o diário por algum tempo, olhando dele para a pena em minha mão.-Escreva...
Essa palavra rompe o silêncio, olho rapidamente para o quarto, um calafrio percorre sorrateiro pela minha nuca. Volto para o diário e, meu coração salta. Onde eu tentava incessantemente escrever e a caneta falhava, apareceu a palavra "escreva", não era minha letra, então certamente deduzi que não fui eu o autor dessa palavra que em algum momento esqueceu de te-la feito.
Era uma caligrafia diferente de todas as que já contemplei, era arredondada, inclinada e sem nenhuma marca trêmula e de letras desproporcionais. Era perfeita, única e estranhamente não me causava a menor sensação de medo, até parecia familiar.Uma sensação estranha me toma por completo, se assemelhava a ter o corpo mergulhado em água morna, a sensação perdurou por segundos, minha mão que segurava a caneta pena esquentou levemente e com isso minha atenção se desviou para a tal. A pequena esfera de tinta se irrompeu e a gota escorregou incansavelmente pela ponteita de metal e no fim se sacrifícou em queda livre, atingindo a superfície do tampo da mesa.
- Fala-me mais sobre a garota...
A mesma voz torna a ecoar pelo quarto, de onde vem essa voz, me pergunto mentalmente, tentando não transparecer a minha surpresa.- Vem de mim é claro, de onde mais?
Meus olhos se arregalam me viro para trás, e nada, o quarto ainda permanecia imovel e silencioso.
- Aqui amigo, bem a sua frente!
Me viro um pouco trêmulo, levo um susto com meu próprio reflexo e caiu da cadeira. Permaneço no chão.
- Sobre a bancada amigo.
Fico de joelhos, e com a cabeça ainda baixa, me levanto lentamente, quando ergui meus olhos para cima da mesa, me assusto novamente, o diário cujo estava aberto, agora se encontrava fechado, e uma pequena protuberância se encontrava em volta da pequena fissura de estava a baixo da fivela, agora ela se assemelhava a uma boca.- Olá amigo!
A boca se move. Me levanto lentamente e a passadas também lentas me distanciava da mesa, meu coração pulava e se retrai-a, era possível ouvi-lo batendo. Era o diário quem falava.- Amigo, você esta ai? O Diário pergunta.
Ainda em choque eu respondo. - Es-estou a-aqui- Respondo gaguejando.
- Ah, que bom ouvir sua voz amigo! Diz naquela voz suave e prazerosa em ouvir.
-Co-como vo-você pode fa-falar? Pergunto me aproximando da mesa.
-Você, meu amigo, me ensinou a falar hora pois.-Não entendo, se eu fizesse algo assim eu lembraria certo? - Retruco me afeiçoando mais e criando confiança. - Como eu fiz isso sem saber? - pergunto.
-Escrevendo, em mim contém palavras, verbetes, citações, orações, conjunções e tudo que preciso, mas você amigo, me deu algo muito valioso, sentimento.
Levanto a cadeira que permanecia atirada ao chão e me sentei, ainda fitando o diário, agora ele parecia mais importante para mim do que sempre foi. O fato dele falar comigo agora não era mais preocupante, dentro de mim eu tinha a certeza de não estar louco. Agora só tinha uma pergunta. Minha vida ira mudar de agora em diante? Talvez.
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Memórias de um ESQUECIDO
Teen FictionQuerido diário, me chamo Gabriel. Vim lhe contar o motivo que me trouxe aqui até você. SINTO que as pessoas não são dignas de palavras de desabafo e ressentimento, não por não serem especiais ao ponto de ouvir tais dizeres, mas pelo motivo de...