Curvando a rua, de longe eu a via. Seus cabelos claros reluziam naquela luz. De longe era perceptível o seu olhar atento, o olhar que me procura.
Minhas passadas que eram rápidas agora ficam mais calmas, sinto um elevar nas batidas do peito, algo aqui dentro quer sair!
Estávamos tão, mas meu medo que crescia dentro, me mantinha longe. Nesse momento uma brisa rotineira sopra. Celine se vira, nossos olhares se cruzam, a brisa se intensifica. Um pequeno papel azul na qual Celine segurava solta de sua mão e voa em minha direção, ela corre atrás. Eu acelero o passo para apanha-lo.
Quando chegamos a menos de um metro de distância um do outro, nos abaixamos e juntos pegamos o papel. Nossas mãos se tocam, e por um instante se mantem paradas uma coloca a outra.
A brisa cessa. Seus cabelos claros cobrem seu rosto, mas eles não me ocultaram algo, que pude ver tão bem, um sorriso. Nos erguemos, soltei o papel, deixando - o com Celine.Ela guarda o papel dentro de seu bolso, por um momento eu fiquei curioso para saber o que seria aquele papel que nos ocasionou tão vislumbre toque que foi remunerado com formoso e encantador sorriso vindo dela.
-Então vamos?- Ela pergunta quebrando meus pensamentos vagarosos.
-Onde pretende ir?- Respondo jogando outra pergunta.
-Uma surpresa! - Ela sorri e me puxa pelo braço.
Entramos na rua de baixo da escola, seguimos por mais três ruas e depois viramos á uma direita. Eu estava reconhecendo este caminho, e consequentemente soube onde ela pretende me levar. Ao parque de diversões a poucas quadras dali.
Me recordo de já ter ido la algumas vezes no passado , num passado sem dor. Costumava ir ao castelo do medo, a atração mais famosa do parque. A sensação de ver monstros de filme a minha frente era surreal. Talvez Celine e eu vamos lá. Pensando bem, não faz mais sentido ver monstros de ficção logo agora de que sei o que realmente é um monstro. A verdadeira face e atitude do mal.
Entramos em uma descida, já posso ver as tendas e portões do parque. Uma sensação estranha passa por mim, talvez esse dia seja bom.
-Chegamos! - Disse ela erguendo os braços e girando o corpo. Não consigo segurar e espontaneamente um sorriso se mostra em meus lábios. Ela retribui o sorriso.
Olho novamente ao parque e uma lembrança me vem. Meses atrás, eu andava por esses brinquedos, dando gargalhadas como meus colegas, estes que hoje já não posso nemea-los assim, não mais. Nos divertíamos muito, mas agore sei que foram falsas diversões, coisas momentâneas. Lembrando mais do passado chego a aquela noite e os dias que vieram posteriormente. Aqueles que diziam ser meus amigos, disseram coisas, insinuaram coisas, nas quais não pude me defender. Ou dizer a verdade.
Essa é a única verdade! Em alguns momentos, somos descolados, amigos de todos, aqueles que sempre estão dispostos a ajudar, mas quando o pior acontece conosco, esses "amigos" mostram sua verdadeira face.
-Algum problema? - Retorno de meus péssimos devaneios. Celine me lançava um olhar de curiosidade e preocupação.- Ah. Não, não... Me distrai por um momento! - Soltei um sorriso, agora forçado.
-Ai, vamos logo. - Ela pega pega minha mão e me puxa, não havia percebido que eu permaneci parado na rua.
Seguimos alguns metros, até adentrarmos o parque. Não havia nada diferente, exceto eu. Os mesmo brinquedos, os mesmos cercados de proteção, o mesmo pipoqueiro que sorria ao entregar o saquinho as crianças, o mesmo vendedor de maçãs do amor que as carregava em um suporte suspenso por uma alça presa ao pescoço.
Celine parecia encantada, como se fosse sua primeira vez em um parque, o que não era meia verdade, é sim sua primeira vez, mas neste parque.
Há algumas semanas em que ela se mudou, não me disse o porquê, sempre fazia um olhar triste ao lembrar de sua antiga morada, mesmo sendo pouco tempo, nós agimos como se nos conhecemos à anos.
Me traz uma sensação harmoniosa ve-la feliz, ela contempla cada pedaço do parque como se fosse um lugar onde todos os seus problemas ficassem do lado de fora. Queria pensar assim, ou ir para um lugar assim.- Anda vêm! - Ela me puxa. Seguimos para uma fila curta que levava para uma barraca de tiro ao alvo. Apenas três pessoas a nossa frente.
É simples, você pega a espingarda de brinquedo, aponta para um alvo à alguns metros a sua frente e atira, dependendo do seu local de perfuração você ganha um prêmio, que vai desde balas sortidas, até um enorme e macio urso de pelúcia. Os olhos de Celine perdurava no tão pomposo urso. "Preciso ganhar esse urso" um breve desejo me possui. Enfim nossa vez.-Dois tiros por favor! - Eu peço ao senhor de avental que cuida da barraca. Ele prepara a arma e engatilha, entregando logo em seguida para Celine.
- Uou, me sinto poderosa, sou como a Bony agora. - Ela diz levando a arma a altura dos olhos e fingindo atirar.
Ela se apronta, fecha um olho e deixa o outro semicerrado, para poder ter uma pontaria mais exata. E pahh, ela dispara.
O alvo depois de receber o impacto, se locomove automaticamente para a frente, deixando claro ao atirador a sua pontuação.
- Ai droga, faltava pouco. - Diz depositando a espingarda na mão do senhor. Ela atirará pouco a baixo do centro do alvo.- Um pacote de balas! - Disse ela um tanto desapontada. - Ainda bem que gosto de doces. - E como sempre ela me fez sorrir.
- Sua vez. - o senhor me entrega a arma.
Sem pensar eu coloco-a em minha frente, tentando mirar no centro. Mas de repente, Celine esbarra em mim, o saquinho de balas havia se rasgado e ela abaixou para pega-las, seu esbarrão ocasionou meu disparo despreparado.
O alvo se move a frente.- Não acredito! - Celine fica boquiaberta. - Você acertou? Que incrível!
Quando o alvo se aproximou, pude ver com clareza, meu disparo acidental acertou o centro do alvo. Meus lábios tremem trazendo à tona um sorriso desbravador. Que no qual foi meu verdadeiro prêmio.- Meus parabéns! - Disse o senhor. Este então subiu numa pequena escada de madeira e pegou o grande urso.
Sem hesitar, entreguei-o no mesmo instante para Celine, que com euforia a mais de mil, me retribui com um caloroso, apertado, quente e inesperado Abraço.
Dentro de mim, sinto a densa névoa tênue se dissipar, dando lugar à um caloroso dia de sol.
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Memórias de um ESQUECIDO
Teen FictionQuerido diário, me chamo Gabriel. Vim lhe contar o motivo que me trouxe aqui até você. SINTO que as pessoas não são dignas de palavras de desabafo e ressentimento, não por não serem especiais ao ponto de ouvir tais dizeres, mas pelo motivo de...