Gabriel
O restante do domingo passou rapidamente, durante a noite Zack apareceu em meu apartamento e ingressamos em uma conversa descontraída enquanto eu fazia o jantar.
- Então Gabriel, você deixou alguma namorada no Brasil? – Zack me perguntou puxando um fiapo inexistente de sua camisa.
- Não, não tenho namorada. – Respondo mexendo a panela com molho que iria colocar em minha massa.
- Como assim não, bonito como você é acho impossível que não tenha namorada.
Ele insistia com essa pergunta, estava muito interessado em minha resposta e queria ter a certeza.
- Eu não tenho namorada, porque o homem que amava já amava outro, e eles acabaram juntos, por isso não tenho namorado.
Olhei para Zack e ele estava com os olhos arregalados me encarando, e um sorriso nasceu em seus lábios e seus olhos brilharam.
- Você é gay Gabriel, nem parece, você é tão sério.
- Ser gay não é sinônimo de folia Zack, cada pessoa tem sua personalidade, e respondendo a sua pergunta, sim, eu sou gay, assim como você também é.
- Como sabia que eu era?
- Zack, eu diria que você não esconde o que você é. – Sorri em sua direção.
- Dei na cara assim é....Eu treinei tanto para ser sério e falho miseravelmente em frente ao maior gato que eu já vi.
- As pessoas não deveriam se esconder Zack, devem viver com dignidade e com respeito ao próximo, não negue o seu jeito de ser, isso te faz feliz e traz felicidade ao teu redor.
- Nossa estou me apaixonando, além de lindo é humano, meu Deus, que homem é esse...
Dei risada de Zack, finalizei minha macarronada, coloquei a mesa, peguei a jarra de suco na geladeira e o levei para a mesa também, Zack se serviu enquanto eu tomava um copo de suco de abacaxi.
- Nossa está delicioso, já serve para casar. – Falava me olhando de rabo de olho.
- Não, não quero um relacionamento por enquanto, então minha comida serve para amigos.
Disse jogando a indireta, não queria que Zack pensasse que poderíamos vir a ter algo, além de amizade, meu coração estava ferido ainda.
- Aiii...que banho de água fria agora.
- Desculpe, não tive a intenção de ofende-lo.
- Gabriel lindo, a única forma que você me ofenderia seria se não pudéssemos nem ser amigos.
- Isso com certeza eu posso lhe oferecer.
- Ótimo, eu sei bem como é ter o coração quebrado, demora para passar a dor, mas ela passa meu amigo, ela passa.
Sorri pela sinceridade de Zack, fiquei feliz por ele ter me entendido e ter aceitado apenas minha amizade.
O jantar foi regado a conversas triviais, Zack me contava como era seu trabalho no Hospital, segundo ele, fazia pouco tempo que havia sido efetivado, que devido a isso ele finalmente poderia se ver independente de sua família, que o pressionava para que arrumasse logo um casamento, mesmo ele sendo homossexual assumido, sua família ainda insistia que sua "condição é apenas uma fase tardia de adolescência" e logo ele voltaria ao normal.
Sinto muita pena de pessoas que ainda tenham esse tipo de mentalidade, que insistem em ditar o modo de vida que o sujeito tem que levar, a sociedade tapa os olhos a desmandos imensuráveis de seus governantes e se preocupam com o que um homem ou uma mulher decide fazer com sua vida, precisa de muita coragem para assumir quem você realmente é, é sua escolha, é sua vida, cada um é responsável por seus atos.
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Cura-me
Romance3º Causo do Karma! Eis-me novamente com meus caros acompanhantes, seu fiel narrador retorna, podem me chamar de Karma. Já ouviram aquela famosa frase "Eu vejo gente morta", sim, eu a retirei de um filme, me condenem, mas essa frase cabe perfeitament...