O pra sempre, sempre acaba

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UM ANO DEPOIS

Sentada dentro do meu carro, esperando Rafaella sair do trabalho, eu pensei em quanto minha vida havia mudado.

Demorei um pouco a me acostumar com a condição de "namoro oficial".

E aquilo era engraçado, porque desde que a vÍ, era o que eu mais queria.

Porém, Rafaella preencheu todos os espaços e já iamos completar 1 ano de namoro. E como passou rápido...

-Oi Cabeção, que carinha é essa?
Tá com soninho?
(Rafa entrou no carro, me tirando daquele estado pensativo)

-Eu tô. Tô tão cansada. Só quero dormir, vamos pra minha casa?
(Falei)

-Tá tudo bem? Você tá meio estranha...quer que eu dirija amor?
(Perguntou, tocando minha testa para ver se eu estava com febre. Coisa de enfermeira, que tudo pensa que é doença)

-Hey, não tô doente passarinho!
Só tô cansada!
Sonhando com minha cama!(falei rindo)

-Vamos logo então, quando chegarmos em casa, vou cuidar de você cabeça da minha vida! (Falou rindo)

Naquele um ano de namoro, nunca havíamos brigado.
No máximo havíamos divergido opiniões, mas em menos de meia hora depois, estávamos de novo agarradas, abraçadas e eu acabava cedendo.

Só que neste mesmo trajeto para minha casa, eu passei por uma avenida e ví vários barzinhos.

Cheios de pessoas animadas, rodinhas de amigos, anúncios de baladas e festas.

Longe da minha atual realidade, que agora se resumia a trabalho, casa, e namorada.

Não me orgulho disso.
Mas naquele momento e apesar de ama-la.
Eu desejei estar solteira e voltar a curtir.

Rafaella sentada do meu lado no banco de passageiros, alheia ao que passava na minha cabeça, falou:
-Engraçado, vejo esses bares lotados de gente de copo cheio e coração vazio, e agradeço a Deus por não ser uma delas.
Não sinto a menor falta de ser solteira.

Até me espantei com a sua observação.
Mas me mantive calada.

Entenda, eu não queria ficar solteira, eu queria curtir um pouco.

E meus amigos, se existe uma coisa que não dá certo nunca é ter compromisso sério e querer uma coisa que seu parceiro não curte.

Tem de haver muita, muita conversa e um dos lados ceder.
Coisa que Rafaella nao fazia.

Ela cedia sempre, e fazia quase sempre o que eu queria.
Mas ela nunca foi de gostar de festas, baladas, noitadas, farras e eu? Ahh, eu era mestrada em farras, festas, baladas e afins.

E naquele momento, confesso sim, eu estava sentindo falta disso.
É tipo aquela velha máxima:
"Nunca estamos satisfeitos com o que temos"

Ela sentiu isso naquela noite.
Sentiu a minha vontade de beber, de sair, de farrear.
E falou baixinho deitada do meu lado na minha cama:

-Você ainda sente né?
Você sente falta da vida que  levava?
Clara eu entendo você.
Eu sei que nossa vida social anda meio estagnada, mas se você quiser a gente pode sair mais, sei lá.
A gente anda trabalhando tanto.
Mal temos tempo de nos ver.
Eu não gosto, mas se você quiser, pode sair com seus amigos.
Beber, curtir. Eu confio em você.
Só não quero que nos afastemos.
Eu amo você.
(Falou com aquele sorriso bobo de quem manda ir mais segura a mão)

-Amor, eu não quero nada.
Mas as vezes sinto falta dos amigos, das conversas.
Mas relaxa, quando eu quiser tomar umas com eles eu te aviso tá?
A gente faz alguma coisa aqui mesmo e já era.
Não fica preocupada.
Vem cá, vamos assistir um filminho?
(Tentei disfarçar, mas a vontade era de aceitar a proposta dela e sair pra beber todas)

Até depois do fimOnde histórias criam vida. Descubra agora