Reciprocidade

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Acordamos no clima de praia.
Solzão queimando.
Estávamos dispostas a nos aventurar.
O dia foi maravilhoso, mas como alegria de pobre dura pouco...

Tínhamos que voltar a realidade.
E Pegamos a estrada a noite.
Depois de algumas horas...Lar,doce lar! muito cansadas. porém, felizes.

1 MÊS DEPOIS

10:00 horas da manhã.
Estava eu na recepção de uma clínica ginecológica, esperando Rafaella sair de uma consulta.

Folhei revistas, bebi água, mexi no celular a vulso, almejando a hora daquela porta se abrir e ela sair com uma boa notícia.

Ela havia me pedido para acompanhá-la na avaliação para pré-fecundação.

Havia se passado um mês desde a nossa resolução em termos um bebê.
E estávamos empolgadissímas com a possibilidade de uma grávidez.

Nossa vida mudaria.
Minha vida mudaria.
O mundo ao nosso redor mudaria.

Estávamos estudando as possibilidades de mudarmos para casa da praia do futuro.

Era maior, e o bebê poderia ter paz e silêncio.

Tudo era sonhos, planos. Projetos para uma vida a três.

Enfim, a porta da sala da médica se abriu e dela saiu o sorriso radiante de Rafaella.

Automáticamente o meu também se abriu...

-Amor! Tudo começando a dá certo para sermos mamães! (Disse Rafaella me abraçando apertado)

Confesso que fiquei meio atônita.
E ela percebeu no meu olhar o quanto eu estava emocionada.

Minutos depois, entramos no carro e só então eu desabei em lágrimas.
Aquele choro sentido, cheio de emoção, e com direito a soluços... e ela só me abraçava e chorava também.

-Hey! Olha pra mim meu amor!
Vamos ser mamães!
MA-MÃES...
Você já parou pra pensar nisso? (Falou Rafaella rindo enquanto enxugava as minhas lágrimas)

-Eu amo você.
Obrigado por tudo isso.
(Falei)

Naquele momento da minha vida, eu havia encontrado o maior tesouro do mundo.
A reciprocidade.

2 MESES DEPOIS


Os dias passaram-se rápidos demais.

Rafaella era só entusiasmo.
E eu...Bom, eu era uma mistura de alegria e medo.

Alegria por realizar o sonho da minha vida de ser mãe e medo pelo fato de nem saber pegar em um bebezinho direito.

Tinha medo de machucar, de pegar sem jeito, ou de algo acontecer.

Eu me sentia como se estivesse com um copo de bebida cheio nas mãos, e estivesse prestes a derramar tudo.

Mas, na frente das pessoas (e principalmente de Rafaella) eu era só segurança.

Minha vida se resumia a trabalhar, dormir, acompanhar Rafaella em todas as consultas e assistir tutoriais no Youtube sobre recém-nascidos, médicos, fecundações, fraldas, leite materno, etc, etc, e tal.

Por um tempo, me desliguei um pouco da minha vida espiritual.
E já nem sabia mais o que era farra.

Minha casa, estava nas mãos de Jéssica e minha mãe estava contente por não ter que varar madrugadas acordada, preocupada de eu está nas farras das noites Fortalezenses.

Estava numa daquelas fases da vida onde tudo o que mais se  quer, é sossego.

Uma comida quentinha.
Um filme bacana.
Um abraço apertado.
Contas pagas.
Estabilidade financeira, emocional.
E o principal.
Continuidade.

E sim, minha vida estava como eu queria.

Mas já notaram que quando procuramos a paz, a guerra procura a gente?

E foi numa sexta-feira a noite que a guerra me encontrou...

Até depois do fimOnde histórias criam vida. Descubra agora