Até depois do fim

Duas vidas não se cruzam a toa

2 meses se passaram desde aquele sábado.
E eu ainda "desmontava" só de lembrar daquele olhar.
De Rafaella nunca mais soube de nada, e as vezes pensava que nunca mais voltaria a vê-la.
Entre esse meio tempo, eu estava igual pinto no lixo, do jeito que o diabo gosta.
Mantive a mesma vidinha de sempre.
Farras, noitadas, mulheres, sexo casual e sem compromisso.
Minha vida se resumia a trabalho das 19:00hs até as 07:00hs da manhã de quinta a domingo. E aproveitar as segundas, terças e quartas-feiras. Onde? Isso mesmo. Na gandaia.
Minha vira era tão bôemia que saía da boate as 07:00hs da manhã direto pro bar do Chico com o pessoal do trabalho, e de lá só Deus sabia qual era o destino.
Até que um dia, acordei no meu horário de sempre e conferindo o celular tinha uma mensagem.
Yá Roberta:
"Filha, preciso falar com você o mais breve possivel
Daremos uma festa na casa de santo e preciso de sua ajuda, tenta me ligar quando acordar, pois sei que deve está cansada.
Amo você.
Mamãe."

Resolvi ligar logo e saber os detalhes.
-Oi Yá, acordei agora já quase atrasada pra ir trabalhar, diga em posso ajudar...
-Oi filha, então: Daremos uma festa de aniversário da casa de santo e estou lhe avisando pra poder lhe dá tempo de trocar seu horário com alguém na empresa, preciso de você lá.
-Tudo bem Yá, tenho muitas horas no banco de horas, me diga só a data e está feito.

    *UMA SEMANA DEPOIS*

Tantas coisas ainda faltavam para a festa de aniversário.
Já estava no dia, e a semana tinha passado tão depressa que mal tive tempo de respirar.

-Clara, você pode me levar a floricultura, para pegar as flores? Esqueci que ainda estão lá, tanta coisa ainda por fazer...(minha Yá aquela altura do campeonato já estava louca) a festa para mais de 100 pessoas ainda não havia começado, mas era muita coisa a organizar.
Decoração do barracão.
Conferir lista de convidados.
Bebidas nos freezers.
Roupas para o Candomblé,
Buffet.
Realmente era de deixar qualquer um maluco.
-Claro Yá, levo sim, mas tem de ser agora antes de darmos de cara com a loja fechada.
-Vamos agora mesmo, deixe tudo que está fazendo e corremos lá. ( ordenou como fosse ela a dirigir)

Meia hora depois.

Estacionei na frente da floricultura e Yá Roberta desceu rápida como o vento, adentrou a loja e eu fiquei no carro.
Estava cansada, porém animada.
Yá Roberta havia deixado uns pápeis em cima do banco do passageiro. E fui bisbilhotar.
Era a lista de convidados que eu ainda não tinha visto.
Fulano... (chato)
Sicrano...(chato também)
Beltranos (esses cantam sambas de roda como ninguém, que bom que vão) pensava comigo mesma antes de minha Yá voltar, quando ví quase no final da lista.

*GRUPOS DE ALUNOS DE ANTROPOLOGIA-UFC-*
Gelei na hora.

Não é possivel! Será que ela vai? Fiquei nervosa no ato, não podia parar de sorrir, tentei disfarçar mas a possibilidade de poder vê-la novamente fez com que bandos e bandos de borboletas explodissem no meu estômago num efeito big-bang. Mesmo se eu não tivesse a chance de conhece-la, mas ela estaria alí...possivelmente.
Nem me dei conta quando minha Yá voltou e entrou depressa no carro com dois buquês enormes de Rosas amarelas, girrasóis e flores do campo. Olhou pra mim e perguntou:
-Que cara é essa? Ta com um sorriso bobo, estranho...ganhou na raspadinha?
-Na raspadinha não, NA LOTERIA!!!!!
-Doida...(resmungou)
-Vamos embora logo, porque daqui a pouco começa a festa e...ta me olhando assim porque?
-Vi a lista de convidados agora (eu estava rindo com um sorriso de orelha a orelha,com cara de quem tinha ganhado um bolo de chocolate) aquela turma de alunos da UFC vão?
-Acho que sim (respondeu) -Já se animou né? Cuidado hein? Carinha de anjo, coração de demonio, já dizia mamãe...Rum!
-Credo Yá, não se pode fazer novos amigos?
-Amigos sim, fôrros pra cama não. Cuidado porque a menina que você  tanto olhava na casa de Paulo é ex-noiva daquele rapaz bonito que estava todo o instante ao lado dela. Pelo tempo devem já ter até feito as pazes...Agora vamos!!!
Ela sabia como me chamar para a realidade.