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-Ora..ora!
Escuto a voz de meu pai ao descer as escadas.
- Se não é a minha bela filha!, a mais linda de todo esse Brasil.. a minha pequena!.
Continua todo animado.
- Olha só Janet!, minha pequena se tornará uma adulta amanhã!, temos que fazer uma grande festa para ela. Não é mesmo Janet?.
Conclui e abre os braços ao me aproximar dele já corando.

- Ha pai, pare com isso!
Reviro os olhos e entro no seu abraço.
-Já não sou mais criança desde quando matei aula aos meus 15 anos.
Digo rindo.

Ele se afasta um pouco ainda me abraçando, fazendo uma expressão de reprovação.

-Devia ter lhe castigado aquela época.
Seu sorriso faz uma bela curva enquanto mexe nos meus cabelos.
- Mas sempre me rendia ao ver aqueles olhos castanhos enormes e marejados. Meu coração partia a cada bronca!.
Completa e beija a minha testa.

- Ainda  acho que você  deu muita liberdade á ela.
A madrasta que parce ter saído do conto de Cinderela diz ao entrar na sala.

Janet é uma boa mulher, lá no fundo, mas nunca devemos contrária-la, ela se transforma em uma bruxa.

Riu de meus pensamentos maldosos a respeito dela.

- Viu, nunca sabemos o que esse sorrisinho de anjo está aprontando.
Diz ironicamente com as mãos em minha direção.

- Pare Janet!
Meu pai rir e chega nela beijando-a.
- Vocês deviam se dar bem, já se passaram 17 anos, e parecem duas desconhecidas.
Diz e  deposita um beijo na testa de sua mulher.

As vezes acho ruim e outras não, mas gosto de ver meu pai feliz. Erico Martins é o melhor pai e mãe do mundo, achei que ele nunca iria amar outra pessoa na vida, até aparecer Janet Cruz, ela cuidou de mim na maioria do tempo quando criança, sei que ao chegar naquela idade de rebeldia fiz muitas brincadeiras de mal gosto com ela, porém esse não é o motivo de me tratar assim hoje em dia.

Digamos que Janet passou a me tratar com desprezo quando descobriu que não poderia engravidar. Tinha 14 anos quando percebi que ela ficava mais em seu quarto chorando e sem comer por dias. Depois meu pai contou o que havia acontecido, então foi quando parei de chatea-la com minhas brincadeiras.

-Está tudo bem meu pai!
Aviso e me deito no sofá.
-Pai!
Chamo-o.
-Preciso falar uma coisa a você!
Concluo.

-Pode falar meu amor!
Diz ao se aproximar.

Me sento dando espaço à ele.

-Então!.. como amanhã irei completar 18 anos..irei para Londres!.
Lhe dou meu melhor sorriso.

Ele abaixa a cabeça como se tivesse algo errado em Londres!, pois posso falar de outras cidades e ele sempre concorda, mas quando comento sobre minha cidade dos sonhos, meu pai simplesmente muda de humor.

-Por que insiste nessa cidade?!.
Bufa e revira os olhos, cruzando os braços.
-Você..você.. não tem outra que possa conhecer?, tal por exemplo como a França, Chile, ou até mesmo ir a  Disney!.
Fala movimentando as mãos.

-Mas essas cidades não são as que quero ir!
Estalo já chateada.
-Londres sempre foi meu sonho pai!.
Digo inquieta.
-O senhor sabe disso!
Me viro para olha-lo.

-Eu sei meu amor!
Suspira.
-Mas é que..é que.
Se esforça para falar mas o interrompo.

-Mas o que?
Me levanto ficando a sua frente.
-Está me escondendo algo senhor Erico?, nunca foi de esconder as coisas para mim.
Falo indignada.

-Não..não é isso filha!
Explica nervoso.
-Não posso te contar hoje!
Ele se levanta, ajusta sua camisa, passa as mãos nos cabelos, beija minha testa e sai.

Simplesmente sai sem me explicar nada. Espero que seja algo bom, já chega de tantos erros nessa vida, de tantas pessoas me enganarem. O que fiz de errado para que isso aconteça comigo.

- Ei!
Janet se aproxima pela primeira vez em alguns anos.
- É..que..isso é muito difícil para ele te contar assim de uma hora pra outra.
Ela me explica e passa sua mão em meu cabelo.

-Janet, eu nunca te odiei!
Admito e pouso minha mão na sua que se encontra em suas pernas.
-Só odiava o fato de querer tomar o lugar dela!
Suspiro e direciono meu rosto para olha-la.

Seus olhos estão fixados em mim, e por um momento achei que ela fosse ficar irritada, e me insultar como sempre, pois ela não gosta quando tocam no nome de minha mãe. Janet sabe que meu pai nunca deixou de ama-la, que minha mãe sempre será seu verdadeiro amor.

Janet continua a me olhar, mas agora seus olhos brilham, e vejo um sorriso se formar em seu rosto, eu invejo aqueles dentes.

- Também nunca te odiei minha princesa!.
Ela finalmente solta um suspiro que parece ter guardado por anos e me abraça.

Realmente isto está acontecendo?, mas porque?.

-Eu senti tanto sua falta!
Diz ainda me abraçando.
-Eu nunca quis tomar o lugar dela...só queria..ser..ser mãe!
Diz entre meu pescoço.

-Está tudo bem Janet!, sinto muito por você não poder..não poder..você sabe!
Tento conforta-lá.

-Mas sei que criança dar um trabalho!
Fala ao se afastar, e seu sorriso ainda se encontra presente em seu rosto.

Ambos rimos de seu comentário sobre ser mãe. Ela foi uma mãe pra mim, nunca deixou que me faltasse nada.

A campainha toca, e minha madrasta levanta para atender, me deito e começo a observar o teto.

-Ela está sim!, entre, Eliza está no sofá.
Escuto Janet falar com alguém.

-Eliza!, o que aconteceu, por que não me manda mais mensagens?
Me sento rapidamente e logo reconheço aquelas botas cheias de estilo.

-Beatriz!
Me surpreendi com sua presença, levanto para abraça-lá.

-Você quem desapareceu!
Digo ainda abraçando-a.
-Onde esteve?
Pergunto logo em seguida ao sentarmos.

-Por aí!
Dá de ombros.

-Hmmm..que legal!.
Reviro os olhos.

-Vamos dar uma volta?.
Beatriz me pergunta.

-Por aí?.
Riu e olho para ver seus olhos sendo revirados.

-Tá bom!, vamos, deixa só eu trocar de roupa!.
Aviso-a e saio ligeiramente.

-Vai lá gata!,Arrasa!.

Gritou ela.

Preciso me distrair hoje, sinto que amanhã não vai ser nada legal.

Meu Mundo AZULOnde histórias criam vida. Descubra agora