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Harry Potter sentia flores por Draco Malfoy. Literalmente.
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Eu percebi que algo estava errado comigo depois do seu não.
Era uma sensação totalmente ruim, esmagava meus pulmões.
As pétalas começaram em maio, vinham de dentro de mim, subiam rasgando pela minha traquéia, e eu vomitava sangue junto delas.
Você não ligava, as flores que eu deixava em sua janela eram parte de mim, literalmente.
Os brotos começaram em julho, sangue saia de dentro delas, meu pulmão parecia sufocar com a intensidade da tosse para que os botões de rosas escuros saíssem.
Mione foi quem percebeu primeiro.
Eu tive um acesso de tosse perto dela, alguns botões e algumas pétalas saíram junto ao sangue. Ela soube.
Eu estava morrendo. E ela soube mais ainda.
Eu estava morrendo por você.
Era uma forma mórbida e estranha de ver o mundo. Eu Harry Potter, o menino que sobreviveu duas vezes, estava morrendo de amor não correspondido. Era um fim trágico morrer assim.
Ela disse que Madame Pomfrey poderia me salvar. Poderia tirar as rosas de dentro de mim, tirar a dor angustiante que dilacerava meu peito.
Eu não quis.
Isso significava perder todas as lembranças com você, esquecer que um dia seus olhos cinzas olharam para mim.
Tirar a dor de mim, significava perder você.
Eu viveria com a dor, mas não perderia as lembranças.
O próximo a perceber foi Snape, eu limpava um dos caldeirões enquanto cumpria uma detenção.
O acesso de tosse foi forte demais, as rosas quase 100% formadas saíram, aquela foi a primeira vez que Severo me tratou bem.
Porque ele sabia.
Era você, sempre foi você.
As rosas inteiras começaram a ser expelidas durante uma noite fresca de outono, eu estava morrendo.
E você não ligava.
Até que eu fui para a enfermaria no meio da aula da professora Minerva, eu não consegui conter as rosas que marcaram meu pergaminho de vermelho.
Você foi até mim.
E disse que eu era o Potter mais maldito que você conhecia. Eu ri, eu era o único Potter que você conhecia.
Você disse que estava arrependido, que me amava de volta, eu soube que era verdade, mas agora era tarde.
Eu não era mais Harry Potter, o menino que sobreviveu.
