Às vezes podemos nos sentir perdidos, mas a verdade é que estamos exatamente onde deveríamos estar."
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Quando criança Lilly gostava de tomar banho de chuva, ficar pulando e girando enquanto a chuva descia, sentir as gotas contra sua pele lhe trazia lembranças de uma infância deliciosa, porém naquele dia a chuva não lhe era muito agradável, pois ela vinha raivosa e acompanhada de raios e trovões, isso não era o foco principal de seu desagrado e sim as contrações fortes que ela sentia em seu ventre, é, parece que alguém estava ansioso para vir ao mundo.
- Vai ficar tudo bem, já estamos chegando. - George falou tentando acalmar, mas ele estava muito nervoso, talvez tão nervoso quanto ela, quem sabe mais nervoso do que ela, o extinto protetor de irmão mais velho estava em evidência naquele momento, Lilly olhou pela janela do carro de relance, e tudo o que enxergou foram borrões, visto a velocidade em que o carro ía, e também pelo fato do vidro estar embaraçado por conta da água da chuva.
- Respira, respira! - Sam, que era sua cunhada, também tentava fazer sua parte para ajudar. Entretanto ela mesma precisava de ajuda pois também fora tomada de grande nervosismo.
E então derrepente o carro parou.
- O que houve? - Sam perguntou o que Lilly também gostaria de perguntar, no entanto não o fez porque estava muito ocupada tentando controlar a sua própria respiração e as dores fortes que estavam cada vez mais fortes. George não respondeu, apenas abriu a porta do carro de forma abrupta e saiu, e como se ainda fosse possível, as dores de Lilly se intensificaram ainda mais.
George constatou seus pensamentos.
"Droga!" Pensou.
- O pneu furou, já vou trocar... - Ele falou o pior que poderia dizer.
- Não! George! Eu não vou aguentar! - Lilly soltou alguns gritos, que conseguiram assustar ainda mais tanto Sam quanto George.
- Mas o que vamos fazer? Aqui não é lugar para um bebê nascer.
- Fala isso pra ela...ahhh. - Estava cada vez mais difícil para Lilly suportar as contrações. Ela gemia de dor.
- Terá de ser aqui George. - Sam afirmou fitando Lilly.
"Droga! Droga!" George pensara outra vez, agora duplamente.
E foi então que tudo se iniciou, as roupas de Lilly foram arrancadas e ela abriu as pernas o máximo que pôde.
- Força, Lilly! Força! - Sam lhe pedia enquanto ela fazia força como nunca fez em toda sua vida. George segurou forte sua mão, o nervosismo interno dele era tanto que estava se segurando para não desmaiar. Lilly olhou pro lado e por um momento imaginou como seria se ele estivesse lá ao invés de seu irmão, mas a dor lhe fez voltar a realidade, a dor tem esse poder, o de nos afastar de nossa imaginação de forma abrupta.
- Mais força Lilly! Já estou vendo a cabeça! - Lilly urrou de tanta dor mas deu seu máximo. E então em meio ao barulho de chuva um choro rouco ecoou.
- É uma menina! - Sam afirmou com um grande sorriso no rosto, ela tirou rapidamente umas das mantas que foram compradas no enxoval do bebê, pegou a garotinha nos braços, enrolou-a e então deu-a a Lilly.
A alegria que ela sentiu ao ver aqueles olhos que definitivamente eram os dele, fez valer toda dor que passara, então foi inevitável lágrimas desceram dos olhos de Lilly, nas verdade os olhos de todos os presentes estavam cheios de choro, um choro de alegria.
- Como ela vai se chamar? - Sam perguntou.
Então Lilly olhou para seu irmão que estava miseravelmente tentando se fazer de forte, segurando muitas lágrimas nos olhos, então falou.
- Geórgia, seu nome será Geórgia. - Ele jamais esperaria aquilo, uma sobrinha que carrega seu nome, as lágrimas em seu olhar se intensificaram, não teve como disfarçar. - Na verdade, Samantha Geórgia White,. - Disse olhando para a cunhada e para o irmão. - Ela vai ter o nome daqueles que lhe trouxeram ao mundo.
[...]
3 meses depois...
Geórgia nasceu com muitos problemas de saúde. Ela tinha baixa imunidade, portanto acabou desenvolvendo uma gripe o que para um adulto é algo simples, mas para uma bebê recém-nascida e com baixa imunidade não é nada bom.
Lilly não dormia, todas as noites ficava acordada com os olhos vermelhos de tanto chorar por ver sua menininha com tantos aparelhos ligados a seu corpinho.
E naquele dia ela estava no seu quarto, olhou ao redor para as paredes brancas e desejou grandemente poder estar com ela em casa, no quarto que lhe tinha preparado ao invés de estar em um hospital, após observando ela, pensou em como alguém que sofria tanto, podia ter olhos tão serenos. Ela era tão linda... Pensou em todas as vezes que sua mãe lhe falava que ela era linda, e ela desdenhava, dizendo que só falava isso por ser sua mãe, entretanto agora ela compreendia, havia um belo e maravilhoso mistério por trás dos olhos de uma mãe, para ela aquele era o bebê mais lindo do mundo, pois era seu bebê, seu pequeno bebê... Apesar de sofrer tão nova, ela sorria muito, como naquela momento em que Lilly lhe fazia uma graça. Era sem dúvidas o melhor sorriso do mundo.
Mas de repente ela começou a tossir. Uma tosse compulsiva que fez seu sorriso se transformar em choro de um momento para outro.
- Doutor, doutor! - Ela chamou aos gritos. Desesperada. - George e Samantha tinham naquele momento ido visitar a sobrinha, eles iam todos os dias e tomaram um grande susto com a cena que encontraram.
Os médicos e enfermeiros entraram e puseram Lilly para fora porque era necessário, porém ela não queria, lutou bravamente, só conseguia ouvir o choro de seu bebê, ela sentiu que aquele era um choro de dor, ela sabia que que ela estava sofrendo, entendeu então uma verdade, as mães se pudessem passariam todas as dores de seus filhos para si, internamente ela implorou para que isso acontecesse. Sam e Jorge tentavam inútilmente acalmá-la..
Após um longo período que lhe pareceu uma eternidade, o médico saiu pra lhe falar, mas ela já sabia, só não podia acreditar, não, não podia...não queria!
- Infelizmente tentamos fazer o possi...
O médico proferia termos médicos mas Lilly não escutava, era como se o mundo tivesse parado, ela não ouvia nada, nem via, era tudo uma grande penumbra, sumiu até o branco do hospital...
Lilly iniciou seu próprio choro compulsivo. Sam e Jorge também choravam, e abraçavam Lilly mas ela estava só. Ela só queria sua bebê, sua pequena, não podia ser verdade...
Sem ele e sem ela. Sozinha!
- Meu bebê, eu quero o meu bebê! - Então naquele momento Lilly percebeu que no dia que sua pequena veio ao mundo todos choravam, e na sua partida também, agora Lilly sabia que por dentro morrera também!
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Recado especial: Caso tenha gostado, deixa uma estrela e adicione na biblioteca para que possa conhecer a história da família White, agradeço por ter tirado um pouco de seu tempo para ler, um beijo, até a próxima!
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Mãe por acaso.
ChickLitLilith White é o que podemos chamar de mulher moderna. Bonita, inteligente, bem-sucedida. Porém muito amarga, muito dura. Mas o que diz o provérbio: Água mole pedra dura tanto bate até que fura! Talvez o que falte a Lilly é apenas um pouco de água p...