Mãe por acaso.

Capítulo -12 Estraga prazeres

Odeio quando confundem um arquiteto com um engenheiro, eu sou formada em arquitetura e urbanismo.
Meu trabalho é um, o trabalho do engenheiro é outro.

Eu planejo, desenho, decido cores, vejo espaços entre outras coisas...
Já o engenheiro acompanha a construção, gerencia custos e mão-de-obra.

Coisas bem diferentes.

Afinal, eu não sei qual a razão de eu estar pensando isso já que tem coisas bem mais importantes para se pensar como por exemplo, sete criaturas para cuidar aliás acho impressionante como mesmo morto, o Jorge ainda continua a pregar peças em mim.

Como assim a empresa ficou para mim!

São coisas demais para que eu possa conciliar, eu já tenho uma empresa para cuidar,eu tenho quase certeza de que terei de abdicar da minha herança, ao menos dessa parte da herança, mas, por outro lado eu não queria, sinto como se eu tivesse negando um presente de Jorge.

Ouço duas batidas silenciosas na porta, não precisa eu perguntar de quem se trata, eu sei muito bem que é Laura.

Digo para que entre.

— Senhorita vim lhe informar de que todas as crianças já estão devidamente matriculadas, fui pessoalmente conhecer as escolas.

— Muito bem Laura, aproveite o momento para que veja esses documentos e revise-os.

— O.k. senhorita.

Eu preciso pensar em algo urgentemente, não posso...

Ah Jorge.

Decido ir na cozinha.

Sento-me um pouco e começo a pensar.

Ponho um pouco de café, puro e amargo, exatamente como gosto.

Tia Norah sempre fazia esses cafés, acabei por me acostumar...

Tia Norah!

Vou falar com ela, quem sabe. Não sei, quem sabe ela me diga algo que possa solucionar meu problema, ao menos um deles.

(...)

— Esses dias ela tem falado muito em você e em uma neta...

A enfermeira loura e baixinha está a me contar, eu havia lhe perguntado como tia Norah estava esses dias.
Acinto a tudo e então saio de encontro a tia Norah, ao qual todas as vezes me espera no mesmo local, o jardim daqui é lindo, e tia Norah sempre gosta de se sentar no banco próximo as rosas brancas, são as suas prediletas.

— Lilly minha querida, pensei que nunca mais iria vê-la outra vez, achei que havia me esquecido.

Ela abre os braços, e então eu lhe dou um abraço apertado, tia Norah é uma das poucas pessoas que eu abraço.

Talvez tenha sido a única ultimamente.

— Não tem como te esquecer tia Norah. —Ela sorri.

— Como vocês estão, diga-me, fale-me de Geórgia...

Não importa quanto tempo passe, falar de Geórgia ainda será um assunto delicado para mim.

Me esforço bastante para responder.

— Está bem, crescendo a cada dia, vive me dando trabalho...

Por um momento eu pensei como seria se minhas palavras fossem verdadeiras, se realmente Geórgia estivesse a crescer, se ela estivesse me dando trabalho.
Seria bom, tão bom, seria muito mais fácil cuidar de meus sobrinhos pois eu já teria experiência com crianças, e eu seria amiga de meus sobrinhos, eu nunca teria me afastado de meu irmão...
Mas afinal isso tudo é uma grande mentira.