Antes, bem antes, eu sonhava em ser escritora, mas logo após a morte de Geórgia acabei por querer ir embora do Texas, por isso, resolvi cursar arquitetura em Nova York e foi uma ótima escolha já que obtive sucesso com a White Incorporation.
A White é uma empresa muito conceituada aqui em Nova York, nossos imóveis são muito bem planejados e as nossas obras depois de finalizadas nunca deixaram a desejar.
Ouço duas batidas na porta e já até imagino quem seja...
A moça de longos cabelos escuros, no rosto carrega um óculos e aparelho nos dentes. Desengonçada que só ela, mas afinal competente.
— Senhorita?
— Sim, Laura?
— Eu encontrei alguns imóveis conforme me pediu, trouxe as imagens para que veja...
Ela fica me encarando.— O que está esperando? — Digo e ela corre apressada para minha mesa.
Liga seu tablet, busca pelas imagens e me mostra. Pouco a pouco vai deslizando para o lado e, eu não consegui me agradar de todo por nenhum.
Caramba, desde que eu deixei de morar com o Jorge a muitos anos atrás, eu sempre morei sozinha desde então.
Eu gosto de estar sozinha, me acostumei a isso, eu em minha própria companhia. Sem ninguém para me encher o saco ou bagunçar minhas coisas já que eu gosto das coisas no lugar, e agora só de pensar que sete crianças vão acabar com a minha paz, eu vou deixar meu apartamento para viver com sete, SETE, crianças. Nunca fui boa com crianças...— Senhorita White...
Escuto Luana me chamar e só então percebi que eu não havia a respondido ainda, a pouco ela me perguntou qual me agradou e eu não respondi vagueando em meus pensamentos.— Nenhum! Todos estão horríveis!
Ela rapidamente se afasta de mim. Ultimamente eu ando muito boazinha, não posso deixar que acabem com minha fama de Malévola.
— Mas...e...essas fo...foram as melhores que...que eu encontrei.
— Então está claro que precisa procurar melhor e não me diga que agora está gaga?!
Ela fica me encarando.
—O que está esperando? Vá logo procurar por mais casas!
Então ela sai às pressas atrás da porta. Quando ela sai, solto uma enorme gargalhada. Ora, eu já estava com saudades de ver as pessoas com medo de mim.
— Você é tão bonita, qual o seu nome? — Observo seu rosto, as rugas já estão se acumulando e os cabelos, mal consigo achar fios do antigo tom natural.
—Tia Norah, não se lembra de mim? Sou eu Lilith.
Ela observa meu rosto com atenção, por um certo momento vejo a indagação lhe encher a expressão. E pouco a pouco ela lhe deixa.
— Lilly! — Ela vem até mim e segura meu rosto entre as mãos analisando-o com atenção. —Como anda minha neta em?
— Ela está...bem...
— Que bom! E meu filho como está?
— Com saudades.
— Ora, também sinto muita saudade dele e de minha Geórgia, pena que nunca dá para eles me visitarem não é?
— Pois é tia, a escola e o trabalho os ocupam muito.
— Eu entendo Lilly, pelo menos você tem tempo pra mim.
Ela inesperadamente me puxa para um abraço.
— É bom te ver. — Ela disse, me apertando em seus braços.
—Também acho. — Devolvo o carinho.
Depois nos separamos e voltamos a nos sentar em nossos devidos lugares.
— Agora me conte querida, as novidades.
Respiro fundo.
— Vamos nos mudar para uma casa maior.
— Não me diga, onde será?
— Eu não sei ainda, estou procurando.
— Querida porque não vai para a casa onde morava com Jorge, a casa é ótima e tem um bom espaço...
— Tem razão tia Norah. — Minto.
E então pelo resto da tarde ela conversou, sobre o de sempre eu e minha "família feliz".
Depois eu fui para minha casa.
Por mais que eu tentasse evitar, não consegui ficar sem pensar no que tia Norah falou.
Ela tem razão, minha antiga casa é perfeita, mas voltar lá seria muito doloroso, lá eu perdi muita gente importante, inclusive minha filha.
Mas eu não pude evitar então logo depois de visitar tia Norah eu fui a minha antiga casa, só de pisar nessa rua meu coração acelerou.
Mas eu continuei, e lá estava, a casa de fachada amarela.E ao lado a casa onde eu conheci ele, entro na casa e foi como se eu vivesse tudo outra vez...
Jorge lutando entre a faculdade e o almoço.Eu andando pela casa com aquele barrigão...
Depois de andar pela casa eu subi as escadas e entrei lá, o quarto cor-de-rosa que eu preparei com tanto carinho, não consegui me conter ao observar a imagem dela em cima de sua cômoda, tão magrinha...
Eu chorei, seria tudo tão diferente se eles estivessem aqui.
Cada detalhe, não consegui me desfazer de nada. Isso tudo é dela... só dela.
Engraçado que eu não queria vir morar em New York mas Jorge praticamente me obrigou, disse que não deixaria sua irmã só, por isso vim, e aqui o conheci e aqui eu fiquei grávida e tive minha menina...
Me levantei e fui pra casa.
A água que caia sobre meu corpo era gelada, água gelada me faz pensar. E eu pensei, e muito.
Saio do banho.— Laura.
— Sim, senhorita White?
— Não precisa mas procurar pela casa, eu mesma já a encontrei.
Mas afinal o que diferencia um White das outras pessoas é o vício por ir em busca dos medos, e mata-los até sangrar.
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Me desculpe pelos erros, infelizmente escrevo pelo celular e é complicado, mas dou o meu melhor, um beijo pra você!
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Mãe por acaso.
ChickLitLilith White é o que podemos chamar de mulher moderna. Bonita, inteligente, bem-sucedida. Porém muito amarga, muito dura. Mas o que diz o provérbio: Água mole pedra dura tanto bate até que fura! Talvez o que falte a Lilly é apenas um pouco de água p...