Tentação Perigosa (No Telegram)

Capítulo 6 (R)*

Gabriella Narrando/ 14:03

— Ficou sabendo? — Luiza pergunta me entregando a chapinha quente, a pego já sabendo que lá vem fofoca.

— Não, o que acontece?

— Tá ligado na Patricia? — Assinto pegando as presilhas dentro da gaveta ao lado do balcão — Tá com AIDS.

Fofoca pesadíssima, não sei quem explana essas coisas por aí, porque eu mesma se tivesse pegado uma doença dessas iria o mais rápido possível me tratar. Não vou vir aqui parar a madre samaritana e falar que não gosto de ouvir uma fofoca, ouço sim, mas não saio por aí espalhando igual.

— Sério? — a mulher que está sentada na poltrona a minha frente pergunta, chocada com a informação.

Tá aí o motivo que não dá pra conversar no salão, fofoca andava que é uma beleza. Me afasto das duas e pego um pente de ponta fina e volto pra separar o cabelo da cliente em partes

— Sério mulher, e tem mais..— Luiza diz concentrada na francesinha que fazia na unha da sua cliente — Soube que levou um pau do marido por ele ter descoberto, tá careca e o macho se recusou a ajudar ela a fazer o tratamento.

— Sério Luiza? — Pergunto sem acreditar — Ela tá bem? Começou os tratamento ou..

— Como mulher? Ela tá falida, sem grana alguma, tá hospedada em uma das pensões aqui da Rocinha porque o nem foi gente boa e fez no precinho pra ela.

— Mas vem cá, — a cliente se intromete — o bofe pegou também?

— Sei não,mas deve né? Se teve relação com ela.

— Ninguém está disposto a ajudar não? Uma vaquinha pra ajudar com os tratamento, sei lá, é do caralho quando cê depende de algum envolvido e ele te largar de mão assim. — Falo mexida com a história, mina foi errada em ter traído o fiel? Claro que foi, mas ninguém merece a morte por causa disso não.

— Até agora ninguém se moveu pra nada, sabe como é o povo daqui né? Gosta de falar, mas ajuda que é bom.

Balanço a cabeça, fazendo uma nota mental de procurar saber isso mais afundo com a Giovanna mais tarde. Luiza da o assunto por encerrado e eu trato de começar a fazer a chapinha no cabelo da Cliente, uma senhora gente fina que veio de Madureira fazer química no cabelo aqui.

(•••) 15:16

Calor no rio tava o inferno, na moral mesmo, nem os três ventiladores aqui dentro tava dando conta com a quantidade de secador que estava ligado. Já tava pegando no pé da Gi pra ela investir em um ar condicionado, ela já mandou eu ir a merda umas três vezes.

Algumas horas mais tarde estou terminando de pranchar o cabelo da Paulinha, uma cliente fixa, enquanto ouço o barraco que Giovanna conduzia com a mulher que que queria sair sem pagar, a tal da Patrícia, ex mulher do Bicudo. Pego uma nova mecha do cabelo da cliente e começo a passar a prancha com cautela.

—Você não vai sair sem Pagar, Patrícia!— Gi deixa bem claro —Fiz tudo que você pediu e agora quer sair correndo?

— Eu ia pegar o dinheiro com meu marido. — mente descaradamente.

— E saiu correndo por que então? Ou você paga ou eu tiro tudo, tiro mega, tiro tudo que coloquei em você, tu tá bem ligada que aqui não tem essa de fiado não.