Capítulo 28 (R) *

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Gabriella Narrando/ 18:04

Estava ensinando mirando a fazer a atividade da escola quando ouvi a porta da frente se abrir, levanto a cabeça movida pelo barulho e reconheço Caleb, ele não fala com ninguém, não olha pra ninguém, só sobe pra o segundo andar sem soltar uma palavra, tento chamar por ele mas ele não responde e isso me tira do sério mas eu fico na minha, quero só vê até quando ele vai agir dessa forma.

— Aqui miranda, presta atenção — pego o caderno e o lápis e entrego nas suas mãos — Agora os números que a mãe te falar você passa pra o numeral ouviu?

— Tabom. — diz analisando às perguntas na minha frente.

— Novecento e vinte e um.— repito, ela assente escrevendo o número — Posso falar? — Ela assente — duzentos e doze. — Espero ela responder, assim que ela me olha eu continuo — Trezentos e trinta e três. — Falo, ela escreve e me olha — Qual a próxima pergunta?

— Complete a sequencia abaixo, os números são de 3 em 3. — lê — Essa é fácil. — diz pegando o Lápis e começando a fazer, abro um sorriso porque pra mim na idade dela era difícil.

Sem irmãos, sem mãe e sem pai presente em casa para ajudar era bastante difícil, hoje em dia ela tem a mim e eu vou ensinar tudo que meus pais não puderam me ensinar à ela.

— A próxima é classifique os três números abaixo em ordem decrescente do maior para o menor. — explica — 675 é maior que 690? — ela me pergunta em dúvida.

— Para pra pensar, o sete vem antes do nove?

—Sim — reflete — ah então 675 é menor que 690. — afirma escrevendo, concordo erguendo a cabeça ao sentir o cheiro do perfume do Nem pairando no Ar.

— Tá ensinando matemática agora? — Ele se aproxima da gente, cheio de graça.

—O básico do básico.

— Vem me dar umas aulas também. — Ele chama com um sorriso sacana, apoia os antebraço nas costas do sofá atrás de mim

— Sobe pra o quarto que eu ensino. — Mando uma piscadela pra ele.

— Quero saber quanto tu vai parar com esses fogo no...—Ele reprime a palavra.

— Quando seu irmão...— Olho pra Miranda que estava concentrada na lição, me levanto aproximando a boca da sua na calada— Me levar pra o quarto — sussuro.

Vejo ele abrir um sorriso forçado.

— Não vai ter mais irmão pra você não

— Como assim?

— Eu mando aqui, Rocinha toda é minha. Se eu quiser chegar e falar pra a comunidade pra ninguém ter envolvimento com você, ninguém vai ter. — Ele afirma apoiando as mãos no vão das costas do sofá — Principalmente o Márcio, eu sou o único que tem voz aqui, então faz favor de abaixa tua bola antes que eu te coloque na linha. — A grosseria disfarçada me tira do sério mas não me deixo demostrar.

Engulo minha vontade de mandar ele pra aquele lugar e me acomodo no sofá, só não começava uma discussão com ele porque Miranda estava entre a gente e porque seria uma completa perca de tempo.

Tentação Perigosa (No Telegram)Onde histórias criam vida. Descubra agora