CAPÍTULO 1

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Samantha

- Jess acorda, você vai se atrasar de novo. - Gritei da porta do quarto.
Era assim todo dia, eu tinha que acordar meia hora antes, só pra ter que despertar minha irmã dorminhoca no horário, se tinha uma coisa que a Jess gostava era de dormir.
Nos conhecemos quando tínhamos sete anos e eu mudei de escola. Acontece que eu era muito tímida e como não conhecia ninguém, umas meninas começaram a me xingar e numa dessas acabei caindo quando uma delas me empurrou me chamando de gorda.
Desde criança eu sempre fui gordinha e as meninas gostavam de me chamar por apelidos ofensivos, tem crianças que conseguem ser bem cruéis as vezes. Eu me lembro como se fosse ontem, ela pequenininha vindo com cara de brava na minha direção e dizendo para me deixarem em paz e pararem de me irritar. A Jéssica sempre foi baixinha e conversava pelos cotovelos, nos tornamos inseparáveis a partir daí. Ela era a irmã que eu nunca tive e eu pra ela também era seu porto seguro, já que em sua casa as coisas quase nunca iam bem. Quem via a menina alegre e extrovertida, nem imaginava o que ela passava em sua casa, muitas foram as vezes que tive que abrir a janela escondida quando ela fugia a noite e se deitava na minha cama chorando até conseguir pegar no sono. E foi num desses acontecimentos que meus pais conseguiram a guarda da Jess e nós tornamos ainda mais inseparáveis. Ela tinha a mania de me chamar de meu anjo, para ela eu realmente a salvei, mais acho que ela que era a luz da minha vida. A irmã que Deus tinha escolhido colocar na minha vida e que eu agradecia constantemente.
Eu sempre fui gorda e muitas pessoas me analisavam de cima a baixo e até comentavam coisas desagradáveis pra mim. Nunca entendi muito isso, já que todos nascemos de formas diferentes e ninguém é igual ao outro. Mais a sociedade te julga mesmo por coisas que nem são tão importantes assim, se eu fosse magra não teria diferença nenhuma na vidas delas e mesmo assim falam: você é tão bonita de rosto, se fosse um pouquinho mais magra... Eu detestava tanto essa frase.
Antes eu chorava e me importava muito com isso, hoje apesar de magoar as vezes e ter picos de insegurança como todo mundo tem, me sinto bem comigo mesma e não é o meu peso na balança que define o meu caráter.
Fora que a Jess sempre fala que eu tenho excesso de gostosura, eu dou bastante risada e sigo em frente.
Temos um apartamento que foi presente dos nossos pais quando passamos na faculdade. Tenho uma família que me ama muito, um trabalho e um chefe que ao contrário de muitos posso chamar de amigo. Minha vida é boa e isso é que importa.

Abro a porta do quarto da Jess e não a encontro o que acho estranho já que ela nunca acorda antes de mim, quando pego meu celular pra ligar, ouço a porta da frente batendo com força. Minha amiga entra com cara de poucos amigos e toda descabelada.
A Jess sempre foi muito bonita, tinha olhos verdes, baixinha e atualmente estava com os cabelos vermelhos, já que ela quase todo mês testava uma cor diferente. Eu costumava falar que ela parecia uma boneca , já ela que sempre odiou bonecas , fazia uma cara emburrada e dizia que eu estava zoando com a cara dela. Ela trabalha numa clínica veterinária e estava terminando o último ano de faculdade, pela sua cara ela brigou de novo com seu namorado. Eu não costumava falar isso com ela, mais eu não gostava nem um pouco dele, pra mim ele não merecia alguém tão especial como a Jess.
- Que cara é essa? -Perguntei enquanto ela se jogava no sofá.
- Eu tive a pior noite da minha vida Sam. - Ela diz tirando e arremessando uma camiseta que eu sabia não ser dela.
- O que aconteceu? - Perguntei preocupada, sentando ao seu lado.
- O idiota do Lucas. Lembra que eu te falei que ia beber com uns amigos da faculdade? - Ela pergunta e eu faço que sim com a cabeça. - Quando eu cheguei eu encontrei ele lá, com uma garota no COLO dele, eles tavam praticamente transando na frente do bar interior, o safado nem ao menos teve a decência de se sentir culpado, ele disse que eu não estava mais tendo tempo pra ele e que ele tinha que buscar diversão em outro lugar. - Ela grita exasperada e eu a encaro sem saber o que dizer.
- Eu fiquei com tanta raiva, e o cretino ainda teve coragem de dizer que ela era só uma amiga, vê se pode, que se eu quisesse nós três poderíamos nos divertir juntos. - Ela fala com lágrimas nos olhos e eu a puxo para um abraço.
- Eu sinto muito amiga, ele é um idiota, não fica assim não. Você sabe que merece alguém bem melhor que aquele idiota.
- Eu sei e o pior nem foi isso... - Ela começa a falar e vejo suas bochechas ficarem vermelhas e se tem uma coisa que minha amiga não tem é vergonha de nada.
- Eu fiquei com tanta raiva dele que eu comecei a beber e pra jogar na cara dele que eu tava bem agarrei o primeiro cara que eu vi e perguntei se ele queria transar comigo. - Ela fala cobrindo os olhos e escondendo os rosto no meu colo.
- Você o que? - Perguntei fazendo ela me encarar.
- Eu estava zangada, ele ficou se esfregando naquele garota bem na minha frente e não pensei direito, agarrei o cara, a gente saiu de lá e fomos pra casa dele e eu não lembro de mais nada, só sei que acordei com ele do meu lado e eu estava usando sua camiseta, sai de lá antes que ele acordasse. - Ela aponta pra camiseta jogada no chão.
- Então você não lembra de nada?
- Nao.
- E você fugiu?
- Claro que sim Sam. Sai correndo de lá o mais rápido possível, nem meu sono me impediu de levantar e fugir. O cara também nem vai se lembrar de mim mesmo.
Eu a olho e a abraço de novo, minha amiga é maluca as vezes, mais tem um coração enorme.
- Vai ficar tudo bem. O Lucas é um grande idiota. - Ela me abraça de volta.
- Eu sei. Agora eu vou me arrumar tenho que trabalhar né? Bola pra frente. A partir de hoje aquele cara nunca mais deve ser mencionado. - Ela foi pra porta do quarto sorrindo e levantou 5 dedos. - cinco minutinhos e eu tô pronta.
Eu admirava como ela sempre superava as coisa com um sorriso no rosto e pensamento positivo.
Acabei sorrindo também, sabendo com certeza que ela nunca ficaria pronta em cinco minutinhos.

PERFEITA PRA MIM Onde histórias criam vida. Descubra agora