WHAP - Wayne, Holmes and Prince

2 - O Poço

Capítulo dois
O Poço

E estava feito.
As imagens, os boatos, a polêmica... Tudo jogado aos ares como folhas de papel. Mas, de que dinheiro é feito, não é?

— Surpreendente. Os canais de fofoca estão nos enviando e-mails todos os dias, as bancas querem cópias dos jornais e revistas com ofertas sobre nossos direitos autorais. — Lisa cruza as pernas, escutando atentamente as palavras sérias do gestor. — Você conseguiu, Holmes. Estamos ricos.

Ela sorri, umidecendo os lábios enquanto pensava no que dizer. Pottlemore se revira na cadeira — nova, de couro e reclinável, ele sempre acrescenta —, encarando sua jornalista.

— Os direitos estão em setenta por cento para o senhor, mas você tem toda a liberdade para escolher o que fazer com suas informações. — a mulher encara os olhos do homem por um longo tempo. — Está se tornando uma figura pública. Lhe convidaram para um Talk Show, seu Instagram explodiu e te reconhecem nas ruas. O que decidiu?

Estala a língua, se levantando. Cruza os braços enquanto encarava o sol recém nascido pela janela, respirando fundo.

— Vou dar a entrevista. E chega. — o homem de roupa social ergue uma sobrancelha. — Não posso lançar a fofoca e não me pronunciar. Eu seria uma covarde, correto?

Pottlemore ri, também ficando de pé.

— Os direitos também são meus. Vou com você. — um silêncio se instala enquanto o gestor intercalou o olhar entre os dois. O convite havia sido feito única e exclusivamente para Lisa Holmes. Bem, seria a primeira participação na televisão.

— Não me envergonhe, chefe. Por favor. — ela se retira da sala, deixando os dois homens com desconforto no ar.

Elegante, com um rabo de cavalo alto e roupas pretas, Lisa se senta com a postura ereta e um sorriso curto. Pottlemore ao lado — vestido melhor que em dez anos —, tão alegre e entusiasmado quanto uma criança. A moça loira atrás da mesa os cumprimenta com a mão bem feita, seu parceiro de programa em seguida.

— Boa noite, senhoras e senhores, damas e cavalheiros de Gotham City. — sua voz um pouco anasalada irritava a convidada, que havia confessado isso a si mesma durante uma chamada de celular.

— Hoje nossos convidados são Pottlemore, e a polêmica Holmes. — a mencionada solta um risinho, reprovando com a cabeça.

— Só Lisa. E fico lisonjeada por ser polêmica. — uma pausa, e olha para a câmera, como o ponto em seu ouvido ordenou. — Se é que isto pode ser bom.

E a plateia ri, acompanhada dos telespectadores em casa.

— Então, a sua fama pode ter sido bem repentina. Como você tem lidado com tudo isso? — os olhos dela se perdem por um momento, antes de manter a simpatia elegante, e um pouco reservada, no semblante.

— Nunca foi minha intenção ganhar tanta publicidade, mas... Eu lido na melhor forma possível. E sabe, não sou uma celebridade. — ri, dando de ombros.

— Chegou aos setecentos mil seguidores no Instagram, oitocentos no Twitter...

— Seguidores não significam muita coisa. Ainda tem pessoas nas ruas que se perguntam "quem diabos é Lisa Holmes?", e eu ainda consigo tomar um café sem medo de ser abordada por fãs. — mais risos, mesmo que ela estivesse sendo séria e sincera. — Mas não quero fama.