14 - Sobrevivência

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Capítulo catorze
Sobrevivência

Assim que a imprensa se ocupou com os helicópteros e carros e barcos que iam na direção das ruínas da ilha Arkham, Diana arranjou uma forma de despistar os policiais que a seguiam. Não demorou muito até estar no terraço do edifício mais alto da Wayne Enterprises, seu jato invisível já a postos — convenientemente equipado com armas pesadas.

Logo estava acima das outras aeronaves, quase na mesma altura das nuvens.
Gotham era alguns pontos cintilantes que tremeluziam, os prédios amontoados pareciam sem vida, mesmo que as janelas estivessem ocupadas por celulares curiosos. Não demorou até aquela paisagem dar lugar a um mar calmo, apenas os barcos da GCPD agitando as águas escuras.

Bruce, em uma aeronave da Inteligência, sentiu um arrepio percorrer a espinha. Em sua frente, eram apenas escombros. Mas as memórias das muralhas colossais, as mesmas que o prenderam lá dentro por um mês, podiam ser tão vívidas quanto as dos momentos mais felizes da sua vida. Déjà vú o acertou como o vento frio da noite, e outra vez, o arrepio na espinha. Poderia estremecer, mas isso, conseguiu conter. Comandos o acordaram de seu pequeno devaneio repleto de fantasmas, e se lembrou do motivo de estar ali.
Os colegas de missão começaram a descer até um prédio de rapel, cada um com uma maleta ou mochila, os já embaixo montando suas coisas. Seria um pequeno ponto de controle, bem posicionado e administrado. Receberiam e passariam informações, tanto para dentro, quanto para fora da ilha. Drones, armamento pesado e radares ocupavam a sala com homens trajados de preto até o enchimento do colete à prova de balas. 

Por mais que fosse uma celebridade, ali, nenhuma fortuna, reputação ou fofoca existiam. E logo Wayne havia desaparecido do local, e não tomariam tempo o procurando.
Vestir o traje de morcego sempre lhe trazia muitas emoções, mas em Arkham nenhuma delas era boa, ou ao menos nostálgica.
E saltar nos prédios, observar as ruas, a lua sempre brilhante banhando o justiceiro... Tudo aquilo era uma tortura. Uma memória levava a outra. Uma flecha após outra, mais e mais fundo em sua carne.

— Batman? Está me ouvindo? — e como um feixe de luz na escuridão, a voz de Damian irrompeu em seus comunicadores. — A GCPD está posicionada no suposto covil dos vilões. Mas eu estou à postos no verdadeiro.

Como Barbara Gordon relatou mais cedo, o plano era reunir a polícia em um lugar e soltar capangas irrelevantes. Vários deles. Enquanto Harley e o Duas Caras observavam de uma catedral destruída, a mulher sentada em um trono improvisado, e ele, em um canto qualquer. Ambos encarando o holograma das câmeras que instalaram na praça onde a Força Tarefa estaria, procurando qualquer sinal de morcego, passarinho ou Amazona.

Mas os três sabiam que não seria simples assim.

— Também estou aqui. — Diana comunicou. E o peito de Bruce ficou um pouco mais leve. Suspirou, não estava sozinho. Tinha sua família com ele, e não havia fantasma que conseguisse o assustar enquanto eles estivessem ali.

Parou sobre uma das gargulas que ainda persistiram nos prédios que muito provavelmente cairiam em breve,  e seus olhos percorreram a igreja. A visão de calor mostrava a dupla de vilões, e mais dezenas de homens armados sob a estrutura de pedras e concreto e vitrais coloridos.
Não podiam esperar por reforços. Teriam de dar conta sozinhos.

Pai e filho desceram de seus esconderijos, caindo silenciosamente em frente a entrada de portas há muito quebradas. Um trovão resoou ao longe, o clarão preencheu o céu, e os dois heróis poderiam ser facilmente confundidos com o contrário.
Alerquina se levantou do trono, Duas-Caras saiu de seu canto nas sombras, ambos estavam surpresos. Mas logo um sorriso de puro deboche surgiu em lábios com um batom preto.

WHAP - Wayne, Holmes and PrinceOnde histórias criam vida. Descubra agora