XVI

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Ao entrarmos, observo Felicité com a sacola em cima da mesa da cozinha, retirando cuidadosamente recipiente por recipiente, os pondo em sequência nas prateleiras.

— Onde está Normani? — pergunto.

— Está tentando criar a primeira espada com Ely... Elo... Desculpe, qual o nome dele mesmo?

— Elyan?

— Isso! Desculpe, é que não esperávamos que houvessem tantas pessoas. — Ela diz, rindo.

— E isso é bom ou ruim? Venha cá, me deixe te ajudar com isso.

Ela me entrega alguns frascos de cores claras.

— Não sei dizer. Acredito que só o tempo irá dizer. E... bem... veja bem, os frascos com cores claras representam porções fracas e benéficas. Os frascos de cores medianas representam porções medianas. Os escuros são aqueles quais nunca se devem mexer.

— O que significa esse? — digo, segurando o frasco que contém a cor mais escura possível.

— Magia negra. Existem duas formas de usá-lo: para matar alguém, ou ressucitar.

— Sério? Com isso, eu posso trazer alguém de volta a vida? — pergunto, entusiasmada.

— Não é tão simples assim. Tem uma razão para isso ser magia negra... Ressucitar alguém é algo que envolve o plano espiritual, e as divindades do submundo não se agradam com isso. Por isso, não se pode trazer alguém sem que outro alguém seja levado. É como elas trabalham.

—E se eu não quiser oferecer ninguém?

— Você não escolhe. Alguém precisa ser oferecido. E se não for... Não se sabe a hora, o lugar... Elas apenas levam. Leve o tempo que precisar. Não necessariamente será imediatamente, pode levar meses e até anos, porém tenha certeza de uma coisa: Elas não irão descansar até levarem alguém.

— Resumindo... Nós nunca devemos usar isso. — digo, o pondo isolado na prateleira e assim pegando um frasco de cor amarelada- e quanto a esse?

— Esse faz parte das porções fracas. São coisas simples. Esse é para recuperar memórias, e o amarelo queimado é para desencantar alguém. O laranja é para detectar mentiras, mas também pode ser utilizado como programador de verdades. É impossível mentir quando se ingere isso. Além deles, temos outros como transmutação, invisibilidade...

— Deixe eu adivinhar... Esse cor de água é o da invisibilidade? — digo, segurando o mesmo em minhas mãos e o observando atentamente.

— Muito esperta. — Ela diz, assentindo com a cabeça— Está certa. Veja, nós bruxas nascemos com um dom especial. Cada uma de nós tem poder sob algo. O meu é clarividência. Eu consigo prever as coisas, consigo senti-la. Eu previa sua chegada em nossa casa, porém não conseguia visualizar seu rosto. Sabia que estaria lá, mas não imaginava quando.

— Eu entendo. Aquela desculpa do Victor foi péssima.

— Acreditaríamos se fossem sinceros desde o início.

— Bom, nós não sabíamos se eram vocês mesmo. Precisávamos ter certeza. E de qualquer forma...

— Eu suspeito que Aimeé tem controle sob o poder mental. Normani também o tem. Sabe, quando duas bruxas com o mesmo poder se cruzam, elas não podem se atingir. A mente de Aimeé é um livro com cadeado para Normani, o que a chateia. Ela gosta de ler as pessoas.

— Ah, mas elas mal se conhecem. Aguarde mais um pouco, logo Normani verá que nem será necessário ler a mente de Aimeé, pois ela é um livro aberto. E uma ótima pessoa, por sinal.

Amaldiçoada - A Jornada Maldita VOL. IWhere stories live. Discover now