Aqui jaz um fato incontestável: o abraço de Victor é único. Por mais irritante que ele seja, é algo que não posso deixar de observar. E muito menos de sentir. No entanto, a intimidade por nós dois compartilhada logo é restrita através da chegada abrupta de Elyan, que toca em meu ombro cuidadosamente, provavelmente por saber que havia interrompido algo.
— Alex, preciso de sua ajuda... Montamos essa espada aqui para Beatrice, mas não sei se está adequada. Além do mais, eu e Joseph fizemos alguns testes e concluímos que há uma diferença gritante entre essas e as espadas usadas pelos cavaleiros reais. Veja, sinta o peso.
Ele diz, me entregando a mesma. Ao tocá-la, sinto que é nitidamente pesada.
— Sim, é bem pesada... Mas qual a relação com as espadas de aço?
— As espadas de aço não são tão pesadas. Então ganhamos vantagem nesse quesito. Porém perdemos alguns pontos devido a falta dos demais equipamentos.
— Como por exemplo...?
— Armadura. — ele responde rapidamente. Céus! Ele tem razão. Precisamos de armaduras.
— Bom, já não tenho mais o que fazer aqui. Então, vou indo— Victor diz, se levantando enquanto se espreguiça— Alex... caso precise, sabe onde me encontrar.
Ele diz ao sorrir para mim. Após engolir o seco, me preparo para o corrigir quanto ao meu nome, porém, ao que parece, ele mesmo já se prontifica de o fazer.
— Alexia. Eu já sei. — Ele ri, e enfim se vai.
— Sabe de uma coisa, Alex? Acho que Joseph tem razão, no fim das contas. Não dá para entender o que as divindades da bruxaria viram nele. — Diz Elyan.
— De fato.
Concordo, suspirando fundo enquanto observo o seu caminhar indo em direção contrária ao meu e logo sumindo de minha vista.
(...)
Quando eu e Elyan decidimos voltar até o local onde estávamos antes de termos pausado nosso procedimento de treino, Joseph e Beatrice já estão com suas devidas espadas em mãos. Ambos se olham fixamente e então Beatrice resolve dar seu primeiro golpe, que logo é revidado por parte de Joseph. Ao ouvir o som das duas espadas se cruzando, percebo o quanto os dois se conectam. De uma forma não convencional, é como se um fosse a versão do outro, mudando apenas o gênero. No entanto, mesmo que Joseph seja duro consigo mesmo, é Beatrice quem mais exala perfeccionismo e desejo por estar sempre no topo. Quando os dois finalizam sua luta, observo Beatrice ser questionada por Normani, que junta de sua irmã observava a guerreira, ambas impressionadas com a habilidades da garota.
— Beatrice, tão angelical e ao mesmo tempo tão astuta. Onde aprendeu todos esses golpes?
— Eu a ensinei. — diz Joseph, exalando confiança e orgulho.
—Oh, está explicado então. É por isso que ela é tão boa! — Completa Felicité.
Beatrice não diz nada. Apenas sorri e então entrega a espada para Audrey, que de início treme as pernas, demonstrando um nítido nervosismo. Aimeé, vendo a cena, se candidata a ser sua oponente. Joseph entrega sua espada para ela. Os dois mais experientes então ficam detrás dos menos, os auxiliando em seus movimentos, que de início são lentos, golpeando o nada. Porém, após uma intensa repetição de treinos eles passam a pegar um pouco a manha, não sendo tão profissionais quanto os outros dois, porém suficientemente bons em relação ao que eram antes. E nessa ordem, todos os demais repetem o mesmo processo. Eu e Victor somos os últimos. Uma vez chegado o meu momento de receber a espada é quando finalmente sinto seu peso, sendo extremamente exacerbado, no entanto, não é nada que seja impossível de se manter em mãos. O grande problema, porém, é quando Victor, até então guiado por Beatrice decide virar-se para cochichar algo para ela, que a faz gargalhar.
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Amaldiçoada - A Jornada Maldita VOL. I
FantasiaBeyroux é um vilarejo que está sob a maldição de um poderoso feiticeiro que busca vingar a morte de sua amada resultante de um violento período de inquisição. Condenados, os moradores da aldeia buscam viver dia após dia o aprisionamento imposto a el...