Estranhos...

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Os dois continuavam ali, parados naquela posição que poderia ser considerada quase sexual, Yokonami sobre Ley segurando seu braço, o mesmo em que a ladra segurava a adaga, a outra mão sobre o ombro dela o forçando contra a porta, Ley abaixo dele com a bunda tocando na cintura dele e um cenho cheio de raiva – Ela é esquentadinha.

  - Olha, eu não gosto de homens em cima de mim.

  - Eu não gosto de ficar em cima de uma mulher que cheira a suor.

  - Tuche. Que tal, eu ir embora e você ficar aqui nesse quarto sozinho, nós dois fingimos que isso nunca aconteceu? Certo Yoko? – dava um sorriso largo enquanto falava o mais amigavelmente que ela conseguia, preferia ficar na rua e achar outro lugar para se esconder, pelo menos lá não teria que lidar com um tipo de "super cego".

  - Não, não tente fingir esse tom amigável comigo. Eu tenho uma audição muito boa. – Ele dizia com orgulho soltando uma sutil bufarada.

  - Hahahaha. Deveria ter imaginado que você tinha boa audição. – Um sarcasmo exuberante na voz.

Ela cogitava a ideia de gritar "SOCORRO ESTUPRADOR!", mas, se lembrando da sua situação atual como procurada, atirava essa ideia num vulcão mental. Ley tentava se mover um pouco, nisso sua bolsa se mexia fazendo as jóias e metais preciosos soarem um fino e metálico som, nesse momento Yoko a soltou e recuou um pouco surpreso. Ley ficou pasma e colocou as duas mãos a frente do corpo, se virou ficando de frente a Yoko e o olhou.

  -O-O que você tem aí?

  - O que eu tenho?

  - É! Alguma coisa com você fez um barulho! Algo metálico.

  - Seus ouvidos devem ter te enganado! – colocava a mão sobre a bolsa. Sua outra mão ficava com a adaga apontada para ele.

Só falta ele tentar me roubar.

  - Me dá – Ele estendia as mãos para ela. Estava desarmado.

  - Não. Garoto esquisito! – Ela segurava a adaga na outra mão, poderia apunhalar ele e fugir. Não seria difícil, mas sentia um pouco de dó dele por ser cego.

Ele é um super cego... Ele vai ficar bem é só dar um golpe para intimidar ele... Só um golpe fraco.

Moveu um pouco a mão em direção dele, mas depois afastou perguntando nervosa.

  - Por que?

  - Por que nunca senti nenhum metal precioso ou algo que fosse muito caro. – fechou e abriu a palma da mão como se dizesse "Me dá". – Quero saber por que as pessoas se importam tanto com coisas assim.

Ley ficava em silêncio por alguns segundos e logo dizia com um tom agressivo em sua voz.

  - Você me atacou e saltou em cima de mim, me atacou e me apontou uma espada. Por que eu deveria te deixar sentir o que carrego na minha bolsa? A bolsa de uma mulher diz muito sobre ela! Eu estaria praticamente te deixando ver quem sou eu!

  - Isso é uma piada? – Yoko franziu o cenho.

  - Piada? – Ela se tocava do que falou e soltava uma risada. – Foi mal. Desculpe, não tenho prática em falar com cegos.

Yoko bufou e virou o rosto um pouco para o lado, fechou e abriu a mão novamente.

  - Eu apontei uma katana e não uma espada qualquer. E você que invadiu o meu quarto e nem falou nada.

  - Você... Você é doido.  – Ela chegava a essa conclusão como se tentasse explicar o porque dele ser tão estranho, abaixou a adaga.

  - Todo mundo é doido, eu só aceito isso de braços abertos.

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