Sentimentos

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Havia se passado algumas horas desde o ataque daquelas criaturas mágicas, algumas pessoas já se arrumavam para partir da hospedaria, ao ver delas aquele lugar não era seguro, e na realidade, nenhum lugar é totalmente seguro a partir do que havia acontecido ali e em todo o continente.

Monstros como esses que atacaram a Taverna e Hospedaria Pressas do Destino também atacaram várias cidades e vilas, destruindo tudo que estava em seu caminho, como uma tropa de bárbaros enfurecidos.

Mas ninguém ali fazia ideia disso, talvez por isso partiam, em busca de uma falsa segurança que não existiria em nenhum lugar, e muitos ali veriam isso com os próprios olhos.

Ley e Yoko estava sentados na entrada da hospedaria, ambos calados fitando o horizonte em sua frente, algumas pessoas tinham se voluntariado para enterrar os corpos dos mortos, e o cego e a ladra olhavam as pessoas buscarem os corpos e cobrirem-os com um pano antes de os levar para onde ficariam as covas. O cego espadachim tinha uma faixa cobrindo parte de seu braço esquerdo onde havia recebido um poderoso golpe de um daqueles monstros, a ladra com o braço direito totalmente enfaixado e com uma tala de apoio, seu osso havia trincado quando ela teve o braço segurado por uma das aberrações.

Esse momento de observação silenciosa que permaneceria durante muito tempo foi cessado por Yoko.

  - Ley, sobre o que ocorreu antes... – ele tentava consolar a amiga que ainda se culpava pelo incidente com o pai de Elize.

  - Yoko, nós éramos os mais fortes ali deveríamos ter protegido todos. – Ela bateu o punho com força no chão.

  - Não dava para proteger todo mundo, nem sempre da para salvar todos. – o espadachim abaixou a cabeça um pouco e abriu os olhos que nada viam. – O mundo é assim, as vezes algumas coisas estão fora do alcance até mesmo dos mais fortes e mais capazes.

  - É. Eu sei, mas não aceito isso, não aceito fracassar, não aceito que as pessoas paguem pelo meu fracasso com suas vidas. Se alguém tivesse que morrer essa pessoa deveria ser...

Ley sentiu Yoko passar sua mão pela nuca dela, isso deixou a garota sem jeito, ela virou o rosto para ele confusa, e nisso o jovem puxou a cabeça da ladra em direção a dele e bateu a cabeça dela na dele deixando eles bem proximos. O cego disse com agressividade:

  - Com ousa... COMO OUSA DIZER ALGO ASSIM LEY?!

A mulher soltou um gemido de surpresa pela agressividade que aquelas palavras foram proferidas pelo homem, seus olhos castanhos ficaram olhando os olhos roxos e nebulosos de Yoko durante alguns segundos enquanto tentava encontrar o que falar.

  - Você é minha amiga, acha que não me importo com você?! Acha que gostaria que morresse?! Você tem amigos que amam você. Acha que eu, Yime ou Regalus gostaríamos de perder você? I-D-I-O-T-A!

Yoko tirou a mão do pescoço da ladra e virou o rosto ficando com o mesmo um pouco avermelhado.

  - Y-Yoko... Você tem razão, mas, essa sensação, ela não some. – ela falou lentamente movendo seu olhar para o chão. – Eu, eu, – entrelaçou os dedos das mãos e ficou movendo os dedos inquieta. – eu me sinto inútil, mesmo sabendo que não sou, mesmo sabendo que nao foi minha culpa, eu...

Yoko passou os braços pela cabeça da amiga e a puxou para um abraço, fez isso praticamente sem aviso e a ladra não reagiu, ficou ali, abraçada com a cabeça no peitoral do cego.

  - Tudo bem, você deu seu melhor. – sorriu. – E foi mais que o suficiente. Mas... Agora precisa tomar banho, você está fedendo a suor.

Ley cerrou os dentes com violência, fechou os olhos durante alguns instantes com raiva e suspirou profundamente antes de responder levemente envergonhada.

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