Nova Era

Sem Opção

Yoko saiu do beco, andou rumo a multidão indo contra a maioria das pessoas que invadiam as ruas desse bairro – um bairro altamente comercial – por apenas um motivo, Ley ia a favor da multidão, se ela não queria ele por perto tudo bem, não havia muito o que Yoko falar ou pensar sobre isso, ele precisava passar o tempo no momento.

Enquanto isso Ley seguia a multidão na rua de pedra, as pedras moldadas num formato hexagonal eram de certa forma bonitas, Ley havia passado em frente a uma loja de tecidos e roubado um pedaço de seda vermelho que usou para cobrir a cabeça num turbante, pois no meio da multidão conseguiu ver alguns cartazes com um desenho  que ela achou demasiadamente errados – o nariz dela estava muito grande, o rosto parecia muito seco, o olhar parecia assassino. – mas já causava um efeito sobre ela, sair da cidade era uma necessidade extremamente importante, caso contrário não teria nenhuma outra forma de sair impune de seu crime.

A jovem andava pelas ruas olhando para frente e uma vez ou outra olhando de relance para os lados, seria indefinitivamente péssimo algum guarda se aproximar muito dela, sua mão estava sobre a bolsa onde estava todos os frutos de seu árduo trabalho, sabia que essa rua daria num dos portões da cidade, fora dela bastava encontrar seus parceiros, não queria admitir a si própria mas a conversa com Yoko havia mexido um pouco com ela, tanto que ela nem mesmo percebia a ingenuidade desse plano.

Ley passava por lojas de roupas, mercados, açougues, tavernas, joalherias, até mesmo algumas lojas que vendiam armas e armaduras, aquela cidade além de capital de um dos dois reinos era o maior ponto comercial da região e também um ponto onde ladrões eram facilmente atraídos, aquela cidade era literalmente um imã para pessoas de todas as classes sociais, tipos e gostos.

Ley percebeu o ritmo das pessoas diminuir, tinha poucas pessoas seguindo na direção oposta, olhou para frente, não conseguiu ver nada, tinha um homem de cerca de dois metros a frente dela.

"Péssima hora pra alguém assim ficar na minha frente."

Suspirou, tentou se inclinar para o lado e olhar, viu de relance algo óbvio mas que mesmo assim a pegou de surpresa tirando seu ar e a fazendo se perguntar.

"Como não pensei nisso antes?!"

Os guardas faziam uma revista completa em todos que tentavam sair ou entrar na cidade, Ley tentou recuar mas para sua infelicidade estava presa numa "fila", olhou para a mulher atrás dela, ela não podia simplesmente ir contra a multidão assim, isso chamaria a atenção dos guardas e teria uma continuação do que havia acontecido ontem, só que bem pior, com pessoas para ajudar os guardas.

"Eu to lascada."

Olhou ao redor, procurou qualquer coisa que pudesse ajudar ela, que pudesse retirar ela daquela situação terrível, para sua infelicidade não haviam muitas opções, não haviam lojas tão próximas da saída, haviam apenas tendas abertas que vendiam roupas de péssima qualidade ou comida. Tendas não iriam servir para ela se esconder, muito menos para sair discretamente dali.

Ley começou a suar, a fila andava de pouco em pouco e com o passar dos minutos ela estava mais e mais próxima dos guardas, sua mente a xingava de dezenas de nomes impróprios. Alguns metros atrás dela uma pessoa cega e muito idiota ou persistente – depende da interpretação – abria espaço entre as pessoas dizendo que tinha prioridade por ser cego. Algumas pessoas queriam esmurrar ele mas sua katana as intimidava um pouco, por fim não resolviam brigar com ele. O jovem foi abrindo espaço pelas pessoas continuando a falar. Ley estava tão fixa em se ofender que não percebia a presença do Yoko que se aproximou logo dela, quase passou por ela se não fosse o cheiro de suor que ainda estava impregnado na jovem, parou e ficou ali atrás dela, moveu uma mão em direção dela e acertar a bunda da garota, de tantos lugares por que a bunda? Simples, Yoko tinha tido uma ideia de como tirar ela da cidade e com sorte como tirar ele da cidade também.